25 setembro, 2018

Papa aos estonianos: vocês conhecem as lutas pela liberdade



"A ética coloca-nos em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente", disse Francisco na homilia. 

Cidade do Vaticano

O Papa Francisco celebrou a missa, na tarde desta terça-feira (25/09), na Praça da Liberdade, em Tallinn, na Estónia.

Na sua homilia, Francisco ressaltou que “pensando na chegada ao Monte Sinai do povo judeu, já livre da escravidão do Egipto, é impossível não pensar” na Estónia “como povo; é impossível não pensar na nação inteira da Estónia e em todos os países bálticos. Vocês conhecem as lutas pela liberdade, podem identificar-se com aquele povo. Fará bem escutar aquilo que Deus diz a Moisés, para compreender o que Ele nos diz como povo”, frisou o Pontífice.

Segundo o Papa, “o povo, que chega ao Sinai, é um povo que já viu o amor do seu Deus manifestar-se em milagres e prodígios; é um povo que decide estabelecer um pacto de amor, porque Deus já o amou primeiro e manifestou-lhe este amor. Quando dizemos que somos cristãos, quando abraçamos um estilo de vida, o fazemos sem pressões, sem que isso seja uma troca na qual nós fazemos algo se Deus nos fizer qualquer coisa”. 

A proposta de Deus não nos tira nada

“Mas sobretudo sabemos que a proposta de Deus não nos tira nada; pelo contrário, leva à plenitude, potencializa todas as aspirações do ser humano. Alguns consideram-se livres, quando vivem sem Deus ou separados d’Ele. Não se dão conta de que, assim, percorrem esta vida como órfãos, sem um lar para onde voltar. «Deixam de ser peregrinos para se transformarem em errantes, que giram indefinidamente ao redor de si mesmos, sem chegar a lugar nenhum».”

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O Papa sublinhou que “cabe a nós, como ao povo que saiu do Egipto, ouvir e buscar. Às vezes, alguns pensam que hoje a força dum povo se mede por outros parâmetros. Há quem fale com um tom mais alto e, quando fala, parece mais seguro, sem cedências nem hesitações; há quem junte, aos gritos, ameaças de armas, envio de tropas, estratégias... Esta é a pessoa que parece mais «firme». Mas isto não é «buscar» a vontade de Deus, mas um acumular para se impor com base no ter."
“ Esta atitude esconde em si uma rejeição da ética e, com ela, de Deus; porque a ética coloca-nos em relação com Deus que espera de nós uma resposta livre e comprometida com os outros e com o nosso meio ambiente; uma resposta que está fora das categorias do mercado. ”
"Vocês não conquistaram a vossa liberdade para terminar escravos do consumo, do individualismo ou da sede de poder e domínio”.

A fé leva-nos a ver que Deus “está vivo e nos ama; que não nos abandona e, por isso, é capaz de intervir misteriosamente na nossa história; tira o bem do mal com o seu poder e a sua infinita criatividade”. 

Orgulho de ser estoniano

No deserto, o povo de Israel caiu na tentação de procucar outros deuses, adorando o bezerro de ouro e confiando nas suas próprias forças. “Mas Deus não cessa de o atrair sempre de novo; e ele se lembrará do que escutou e viu na montanha. Como aquele povo, também nós sabemos que somos um povo eleito, sacerdotal e santo. É o Espírito que nos recorda todas estas coisas.”

O Papa exortou os estonianos a deixarem transparecer na sua história, “o orgulho de ser estoniano. «Sou estoniano, permanecerei estoniano, estoniano é uma realidade bonita, somos estonianos».”

“Como é bom sentir-se parte de um povo! Como é bom serem independentes e livres! Subamos à montanha sagrada e peçamos ao Senhor, como diz o lema desta visita, que desperte os nossos corações e nos conceda o dom do Espírito para discernirmos, em cada momento da história, o modo como ser livres, como abraçar o bem e sentir-se eleitos, como deixar que Deus faça crescer, aqui na Estónia e no mundo inteiro, a sua nação santa, o seu povo sacerdotal”, concluiu Francisco. 

Palavras de agradecimento do Papa Francisco

No final da missa celebrada na Praça da Liberdade, em Tallinn, na Estónia, última etapa da sua viagem apostólica aos Países Bálticos, o Papa Francisco agradeceu o acolhimento dos fiéis, “pequeno rebanho com um grande coração”, e das autoridades do país.

O Pontífice recordou também “todos os irmãos cristãos, de modo especial os Luteranos”, que “acolheram os encontros ecuménicos” na Estónia e na Letónia.

A seguir, o Papa dirigiu-se para o aeroporto internacional de Tallinn de onde partiu de volta para Roma.

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