Coletiva de imprensa sobre o Sínodo dos Jovens, na terça-feira
"Precisamos de ouvir
os jovens, amá-los e ter interesse pelas suas vidas. Só assim começarão a
confiar na Igreja”, disse o cardeal Désiré Tsarahazana, arcebispo de
Toamasina, Madagascar.
Cidade do Vaticano
“A barca do Sínodo partiu. Estamos todos a bordo e a procurar o caminho juntos.”
São palavras da irmã Nathalie Becquart, auditora no Sínodo dos Bispos
dedicado aos jovens, ex-diretora do serviço nacional para a
Evangelização dos jovens e para as Vocações da Conferência Episcopal
Francesa.
A Irmã Nathalie participou em todos os trabalhos preparatórios da XV
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo e falou aos jornalistas, na
conferência de imprensa desta terça-feira (09/10), convocada no final dos
trabalhos sobre a primeira parte do Instrumentum laboris, dedicada à
escuta da realidade dos jovens.
Irmã Becquart: uma Igreja masculina e feminina
“Os jovens querem uma Igreja coerente, forte, relacional e fraterna”,
sublinhou a irmã Nathalie. Com um rosto masculino e feminino, “plural e
inclusiva”. A sinodalidade, feita de escuta e discernimento, é a chave
da evangelização de hoje.
Falando sobre o andamento da primeira semana de trabalhos, a
religiosa francesa disse sentir o “desejo de fazer as coisas
moverem-se”, e falou sobre “a grande fraternidade que existe no Sínodo”.
Liturgias mais bonitas que valorizem a Palavra
O arcebispo de Mumbai, cardeal Oswald Gracias, presidente da
Conferência Episcopal Indiana, relator do grupo Anglicus A, ficou
impressionado com os pedidos comuns que vêm de jovens que vivem em
condições tão diferentes, relatados pelos Padres Sinodais ou expressos
no questionário on-line que teve 100 mil respostas.
“Ouça-nos, leve-nos a sério e deixe-nos também cometer erros.
Assumimos a responsabilidade dos erros cometidos. Dê-nos liturgias
melhores e mais bonitas que valorizem a Palavra de Deus”, dizem os
jovens através do cardeal Gracias.
Gracias: um novo apostolado para os jovens
Segundo o cardeal Gracias, que faz parte do Conselho de Cardeais
(C9), que ajuda o Papa Francisco no seu pontificado, “eles
desafiaram-nos a trabalhar juntos, querem ser acompanhados por nós idosos,
mas nós somos mais cautelosos. Dizemos aos jovens que eles têm ainda
muito que aprender”. O purpurado espera que “deste Sínodo saia uma
nova linha para o apostolado dos jovens no mundo”.
Tsarahazana: devemos ouvi-los, confiarão em nós
“Precisamos de ouvir os jovens, amá-los e ter interesse pelas suas vidas.
Só assim começarão a confiar na Igreja”, disse o cardeal Désiré
Tsarahazana, arcebispo de Toamasina, Madagascar, presidente delegado do
Sínodo.
“Nós adultos, devemos ser testemunhas críveis. Só assim, os jovens
nos seguirão. Certamente não pelas nossas palavras”, disse o purpurado.
“Mas, sobretudo”, prosseguiu o cardeal africano, “não devemos separar a
fé e a vida. Se todos os cristãos de Madagascar fossem consistentes com
a sua fé, o país não estaria nessas condições dramáticas. Isto vale
sobretudo para os jovens que ocupam cargos de responsabilidade. É por
isso que os bispos lançaram um apelo à conversão”.
Madagascar: dramas do desemprego e da corrupção
Em Madagascar, explicou o cardeal Tsarahazana, a Igreja é vista ainda
como confiável pela maioria da população e a maior parte dos jovens
participa na vida da comunidade cristã. Trinta mil jovens foram
protagonistas da JMJ local.
“Como Igreja, estamos próximos dos problemas dos jovens.
Primeiramente, o desemprego que desencoraja os jovens, e a corrupção o que os deprime ainda mais”. “Não é com o estudo que se encontra trabalho, mas
com a corrupção. Compra-se o diploma, compra-se o trabalho. Assim, os
jovens não sentem vontade de estudar”.
“O Papa poderia ir a Madagascar em 2019”
O cardeal disse que convidou o Papa para visitar Madagascar.
“Francisco disse sim e virá para incentivar os jovens e a todos nós a
enfrentar a vida, que ali é muito difícil”. “A viagem”, ressaltou o
diretor da Sala de Imprensa, Greg Bruke, “está a ser estudada para
2019”.
Lacroix: quando explode a alegria dos jovens
Por fim, o cardeal canadense Gérald Cyprien Lacroix, arcebispo de
Québec, membro da Comissão de Informação do Sínodo, disse que ficou
impressionado com “o clima fraterno e de interesse para entender a
realidade dos jovens que participam do Sínodo”.
“Iniciamos a discernir pistas para construir um novo futuro com os
jovens”. “Os jovens auditores no Sínodo são pouco mais de trinta”,
contou o purpurado Lacroix aos jornalistas, mas “expressam-se com uma
explosão de alegria que não esperávamos”. “Toda a Igreja sairá vencedora
deste Sínodo, não somente um grupo”, concluiu.
Ruffini: os cardeais falarão aos jovens através de vídeos
No início da conferência de imprensa, o prefeito do Dicastério para a
Comunicação, Paolo Ruffini, presidente da Comissão de Informação do
Sínodo, explicou que “para responder à exigência manifestada por mais de
um padre sinodal, de uma Igreja que fale as linguagens dos jovens”, a
Secretária do Sínodo está a preparar uma série de vídeos em que alguns
cardeais e bispos falam diretamente aos jovens.
VATICAN NEWS
Sem comentários:
Enviar um comentário