Vatican News publica o texto integral divulgado este sábado (06/10) pela Sala de Imprensa da Santa Sé acerca do caso envolvendo o estadunidense Theodore McCarrick.
Cidade do Vaticano
Depois da publicação das acusações acerca da conduta do Arcebispo Theodore Edgar McCarrick, o Papa Francisco, consciente e preocupado com o turbamento que as mesmas estão a causar na consciência dos fiéis, pediu que fosse comunicado o seguinte:
Em setembro de 2017, a Arquidiocese de Nova Iorque sinalizou à Santa
Sé que um homem acusava o então Cardeal McCarrick de ter abusado dele
nos anos 70. O Santo Padre dispôs a respeito uma investigação prévia
aprofundada, que foi realizada pela Arquidiocese de Nova Iorque e na
conclusão da qual a relativa documentação foi transmitida à Congregação
para a Doutrina da Fé. Enquanto isso, diante do facto que no decorrer da
investigação emergiram graves indícios, o Santo Padre aceitou a renúncia
do Arcebispo McCarrick do Colégio cardinalício, ordenando-lhe a
proibição do exercício do ministério público e a obrigação de conduzir
uma vida de oração e penitência. A Santa Sé não deixará, no tempo
devido, de divulgar as conclusões do caso que envolve o Arcebispo
McCarrick. Também em referência a outras acusações feitas contra o
eclesiástico, o Santo Padre dispôs integrar as informações levantadas
através da investigação prévia com um ulterior estudo detalhado de toda a
documentação presente nos Arquivos dos Dicastérios e Escritórios da
Santa Sé acerca do então Cardeal McCarrick, com a finalidade de apurar
todos os factos relevantes, situando-os no seu contexto histórico e
avaliando-os com objetividade. A Santa Sé está consciente de que do
exame dos factos e das circunstâncias poderiam emergir escolhas que não
seriam coerentes com a linha atual para tais questões. Todavia, como
disse o Papa Francisco, «seguiremos o caminho da verdade, onde quer que
nos possa levar» (Filadélfia, 27 de setembro de 2015). Sejam os abusos,
sejam o seu acobertamento, não podem mais ser tolerados e um tratamento
diferenciado para os Bispos que os cometeram ou os acobertaram
representa, de facto, uma forma de clericalismo não mais aceitável. O
Santo Padre Francisco renova o premente convite a unir as forças para
combater a grave chaga dos abusos dentro e fora da Igreja e para
prevenir que esses crimes sejam novamente perpetrados contra os mais
inocentes e os mais vulneráveis da sociedade. Ele, como anunciado,
convocou os presentes nas Conferências Episcopais de todo o mundo para o
próximo mês de fevereiro, enquanto ressoam ainda as palavras da sua
recente Carta ao Povo de Deus: « a única maneira de respondermos a esse
mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos
envolve e corresponde a todos como Povo de Deus. Essa consciência de nos
sentirmos parte de um povo e de uma história comum permitir-nos-á
reconhecer os nossos pecados e erros do passado com uma abertura
penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro» (20 agosto
2018).
VATICAN NEWS
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