No final da segunda parte dos trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre ‘Os
jovens, a fé e o discernimento vocacional’, um dos representantes da
Conferência Episcopal Portuguesa, D. Joaquim Mendes, fala, em entrevista
ao Jornal VOZ DA VERDADE, sobre o ambiente “fraterno” e “em família”
que se vive entre os participantes. O presidente da Comissão Episcopal
do Laicado e Família congratula-se ainda pelo facto de a língua
portuguesa ser uma das línguas oficiais do Sínodo.
Como tem sentido o ambiente que se vive entre todos os padres sinodais e os leigos, durante os trabalhos do Sínodo dos Bispos?
O ambiente é de grande fraternidade eclesial, respeito, atenção e estima por parte de todos os participantes, desde o Santo Padre, Cardeais, Bispos, Padres, Leigos, Delegados Fraternos, Assistentes.
É uma experiência de sentir-se em “casa”, em “família”. Este é um aspeto muito sentido pelos jovens, que se sentem à vontade, manifestando-se, por vezes, espontaneamente nas congregações gerais, perante algumas intervenções que tocam mais a sua sensibilidade.
O ambiente é de grande proximidade, cordialidade, simplicidade, abertura e diálogo, quer nas congregações gerais, quer nos círculos menores, quer nos momentos de pausa, como a meio da manhã para o café, ou nos momentos que precedem as sessões, em que o Santo Padre está no hall de entrada, conversando, fazendo fotos, misturando-se com os Padres Sinodais, como um deles.
Neste Sínodo, vários participantes têm sublinhado a “abertura” para falar com “frontalidade” sobre todos os assuntos. Esse é um dos princípios que tem guiado os trabalhos?
Quer nas intervenções dos que se inscreveram previamente, quer nas “intervenções livres” dos que pedem a palavra, quer nos círculos menores, o ambiente é de escuta aberta ao diálogo, onde cada um escuta e fala, sem restrições, como o Papa recomendou na sua intervenção inicial – falar com “parresia”, com coragem, abertamente.
Este é, na verdade, um princípio que tem guiado os trabalhos do Sínodo, e não poderia ser de outra maneira, porque o Sínodo é sinal da Igreja que se coloca em escuta, em diálogo, aberta ao Espírito, às surpresas de Deus, buscando a Sua vontade.
Foi nomeado redator do grupo de trabalho lusófono. Como acolheu esta nomeação e que importância tem o facto de, pela primeira vez, a língua portuguesa ser uma das línguas oficiais do Sínodo dos Bispos?
Acolhi a nomeação como um serviço, porque a minha forma de estar na Igreja e de exercer o ministério é estar para servir, seguindo o exemplo e as palavras de Jesus: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22, 27), que é o lema que me acompanha desde o início do sacerdócio.
A introdução da língua portuguesa como a sexta língua do Sínodo corresponde a uma aspiração que vem de há muito, manifestada ao Vaticano por vários Presidentes da Conferência Episcopal Portuguesa – Senhor Cardeal D. António Ribeiro, Senhor Cardeal D. José Policarpo, Senhor Cardeal D. Manuel Clemente – porta-vozes do sentir, não só da Igreja Portuguesa, mas também das Igrejas dos países de expressão portuguesa.
Estamos agradecidos ao Papa Francisco e à Secretaria Geral do Sínodo por terem acolhido esta aspiração e por terem introduzido o português como língua oficial do Sínodo, que é falada por 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Para alguns Padres Sinodais, constituiu uma novidade; para nós, uma alegria, e de certo modo uma honra.
Como tem sido a experiência de trabalho no grupo de língua portuguesa?
O grupo de trabalho de língua portuguesa chama-se Circulus Lusitanus, é o número onze de catorze círculos, composto por Padres Sinodais oriundos de três continentes: América Latina (Brasil), África (Angola, Moçambique e Cabo Verde) e Europa (Portugal).
No grupo temos também um jovem do Brasil, representante do Movimento Internacional de Schoenstatt e membro do Comité Coordenador nacional para a pastoral juvenil da Conferência Episcopal do Brasil, e ainda dois Peritos e dois Assistentes.
O ambiente é de grande cordialidade, abertura, escuta e diálogo. Cada Padre Sinodal traz consigo a realidade juvenil da sua Igreja particular e local e a sua experiência, que partilha no debate sobre os temas propostos no Instrumentum laboris, que é o texto base da reflexão. Todos intervêm, há uma escuta atenta e respeitosa, e uma grande sintonia e comunhão, expressa na votação sobre os módulos propostos por cada um, que tem sido unânime.
O facto de falar a mesma língua permite expressar melhor o próprio pensamento, ser compreendido e compreender, e facilita o diálogo.
Passados dois terços da reunião sinodal, qual é o primeiro balanço que faz e o que os jovens podem esperar deste Sínodo?
O balanço é francamente positivo. A primeira semana, dedicada ao debate e reflexão sobre a I Parte do Instrumentum laboris, foi marcada pela “escuta” da realidade dos jovens descrita nas respostas ao Questionário das Conferência Episcopais e pelos próprios jovens: dos 100.500 que responderam a todas as perguntas do questionário online; dos 300 que participaram presencialmente no Pré-Sínodo; mais os 15.000 que participaram através do Facebook. A juntar, ainda, o contributo de um Seminário Internacional sobre a condição juvenil, composto por 50 peritos e vinte jovens provenientes de todos os continentes, e outros contributos institucionais e particulares.
Esta “escuta” permitiu “reconhecer” a realidade dos jovens, agora ampliada e refletida na voz dos 267 Padres Sinodais e dos 34 jovens presentes.
A segunda semana foi dedicada à II Parte e marcada pela leitura e interpretação desta realidade à luz da fé, com o olhar de Jesus, e a tomar consciência dos desafios que ela coloca à Igreja. A palavra mais referida nesta II Parte é “acompanhamento”, em ordem à maturidade da fé.
Considero que esta II Parte é o “núcleo” do Sínodo e, nela, a fé. Como conduzir os jovens à maturidade da fé? Como acompanhá-los no seu caminho de “discernimento vocacional”? Como acompanhá-los à experiência da alegria do amor, da vida boa do Evangelho, à santidade?
Nesta segunda-feira, dia 15, concluímos esta II Parte com as relações dos 14 grupos e prosseguiremos a reflexão sobre a III Parte, que incidirá sobre os percursos de conversão pastoral e missionária a realizar, para que a Igreja cumpra a sua missão para com os jovens.
Creio que na conclusão do Sínodo, a Igreja dirá aos jovens o que podem esperar dela, o que ela tem para lhes oferecer e o que eles também têm para oferecer à Igreja. Do caminho percorrido, os jovens podem estar certos de que a Igreja os ama, é a sua “casa”, nela todos têm lugar, todos nela podem encontrar abrigo, acolhimento, conforto, compreensão e amor.
A Igreja quer ser “mãe” que os acolhe como filhos, escuta, caminha com eles, ajudando-os a encontrar Jesus, a sentir-se amados por Ele e a responder à sua chamada à alegria do amor.
O ambiente é de grande fraternidade eclesial, respeito, atenção e estima por parte de todos os participantes, desde o Santo Padre, Cardeais, Bispos, Padres, Leigos, Delegados Fraternos, Assistentes.
É uma experiência de sentir-se em “casa”, em “família”. Este é um aspeto muito sentido pelos jovens, que se sentem à vontade, manifestando-se, por vezes, espontaneamente nas congregações gerais, perante algumas intervenções que tocam mais a sua sensibilidade.
O ambiente é de grande proximidade, cordialidade, simplicidade, abertura e diálogo, quer nas congregações gerais, quer nos círculos menores, quer nos momentos de pausa, como a meio da manhã para o café, ou nos momentos que precedem as sessões, em que o Santo Padre está no hall de entrada, conversando, fazendo fotos, misturando-se com os Padres Sinodais, como um deles.
Neste Sínodo, vários participantes têm sublinhado a “abertura” para falar com “frontalidade” sobre todos os assuntos. Esse é um dos princípios que tem guiado os trabalhos?
Quer nas intervenções dos que se inscreveram previamente, quer nas “intervenções livres” dos que pedem a palavra, quer nos círculos menores, o ambiente é de escuta aberta ao diálogo, onde cada um escuta e fala, sem restrições, como o Papa recomendou na sua intervenção inicial – falar com “parresia”, com coragem, abertamente.
Este é, na verdade, um princípio que tem guiado os trabalhos do Sínodo, e não poderia ser de outra maneira, porque o Sínodo é sinal da Igreja que se coloca em escuta, em diálogo, aberta ao Espírito, às surpresas de Deus, buscando a Sua vontade.
Foi nomeado redator do grupo de trabalho lusófono. Como acolheu esta nomeação e que importância tem o facto de, pela primeira vez, a língua portuguesa ser uma das línguas oficiais do Sínodo dos Bispos?
Acolhi a nomeação como um serviço, porque a minha forma de estar na Igreja e de exercer o ministério é estar para servir, seguindo o exemplo e as palavras de Jesus: “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22, 27), que é o lema que me acompanha desde o início do sacerdócio.
A introdução da língua portuguesa como a sexta língua do Sínodo corresponde a uma aspiração que vem de há muito, manifestada ao Vaticano por vários Presidentes da Conferência Episcopal Portuguesa – Senhor Cardeal D. António Ribeiro, Senhor Cardeal D. José Policarpo, Senhor Cardeal D. Manuel Clemente – porta-vozes do sentir, não só da Igreja Portuguesa, mas também das Igrejas dos países de expressão portuguesa.
Estamos agradecidos ao Papa Francisco e à Secretaria Geral do Sínodo por terem acolhido esta aspiração e por terem introduzido o português como língua oficial do Sínodo, que é falada por 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Para alguns Padres Sinodais, constituiu uma novidade; para nós, uma alegria, e de certo modo uma honra.
Como tem sido a experiência de trabalho no grupo de língua portuguesa?
O grupo de trabalho de língua portuguesa chama-se Circulus Lusitanus, é o número onze de catorze círculos, composto por Padres Sinodais oriundos de três continentes: América Latina (Brasil), África (Angola, Moçambique e Cabo Verde) e Europa (Portugal).
No grupo temos também um jovem do Brasil, representante do Movimento Internacional de Schoenstatt e membro do Comité Coordenador nacional para a pastoral juvenil da Conferência Episcopal do Brasil, e ainda dois Peritos e dois Assistentes.
O ambiente é de grande cordialidade, abertura, escuta e diálogo. Cada Padre Sinodal traz consigo a realidade juvenil da sua Igreja particular e local e a sua experiência, que partilha no debate sobre os temas propostos no Instrumentum laboris, que é o texto base da reflexão. Todos intervêm, há uma escuta atenta e respeitosa, e uma grande sintonia e comunhão, expressa na votação sobre os módulos propostos por cada um, que tem sido unânime.
O facto de falar a mesma língua permite expressar melhor o próprio pensamento, ser compreendido e compreender, e facilita o diálogo.
Passados dois terços da reunião sinodal, qual é o primeiro balanço que faz e o que os jovens podem esperar deste Sínodo?
O balanço é francamente positivo. A primeira semana, dedicada ao debate e reflexão sobre a I Parte do Instrumentum laboris, foi marcada pela “escuta” da realidade dos jovens descrita nas respostas ao Questionário das Conferência Episcopais e pelos próprios jovens: dos 100.500 que responderam a todas as perguntas do questionário online; dos 300 que participaram presencialmente no Pré-Sínodo; mais os 15.000 que participaram através do Facebook. A juntar, ainda, o contributo de um Seminário Internacional sobre a condição juvenil, composto por 50 peritos e vinte jovens provenientes de todos os continentes, e outros contributos institucionais e particulares.
Esta “escuta” permitiu “reconhecer” a realidade dos jovens, agora ampliada e refletida na voz dos 267 Padres Sinodais e dos 34 jovens presentes.
A segunda semana foi dedicada à II Parte e marcada pela leitura e interpretação desta realidade à luz da fé, com o olhar de Jesus, e a tomar consciência dos desafios que ela coloca à Igreja. A palavra mais referida nesta II Parte é “acompanhamento”, em ordem à maturidade da fé.
Considero que esta II Parte é o “núcleo” do Sínodo e, nela, a fé. Como conduzir os jovens à maturidade da fé? Como acompanhá-los no seu caminho de “discernimento vocacional”? Como acompanhá-los à experiência da alegria do amor, da vida boa do Evangelho, à santidade?
Nesta segunda-feira, dia 15, concluímos esta II Parte com as relações dos 14 grupos e prosseguiremos a reflexão sobre a III Parte, que incidirá sobre os percursos de conversão pastoral e missionária a realizar, para que a Igreja cumpra a sua missão para com os jovens.
Creio que na conclusão do Sínodo, a Igreja dirá aos jovens o que podem esperar dela, o que ela tem para lhes oferecer e o que eles também têm para oferecer à Igreja. Do caminho percorrido, os jovens podem estar certos de que a Igreja os ama, é a sua “casa”, nela todos têm lugar, todos nela podem encontrar abrigo, acolhimento, conforto, compreensão e amor.
A Igreja quer ser “mãe” que os acolhe como filhos, escuta, caminha com eles, ajudando-os a encontrar Jesus, a sentir-se amados por Ele e a responder à sua chamada à alegria do amor.
Patriarcado de Lisboa
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