Assinatura da declaração na Sala Marconi da Rádio Vaticano-Vatican News
Numa declaração
assinada por seis presidentes das Conferências Episcopais, líderes da
Igreja Católica pedem aos governantes para tomarem medidas audaciosas e
imediatas para combater e superar os efeitos devastadores da crise
climática.
Cidade do Vaticano
A Igreja pede aos políticos para que trabalhem por uma implementação ambiciosa do Acordo de Paris em prol das pessoas e do planeta.
A intenção é que a próxima conferência da ONU sobre mudanças
climáticas, a COP24, em Katowice, Polónia, em dezembro deste ano, prove
ser um marco no caminho estabelecido em Paris, em 2015.
A declaração foi assinada em Roma, nesta sexta-feira (26/10), na Sala Marconi da Rádio Vaticano-Vatican News,
pelo cardeal Angelo Bagnasco, presidente do Conselho das Conferências
Episcopais da Europa (CCEE), arcebispo de Gênova; pelo cardeal Oswald
Gracias, presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas
(FABC), arcebispo de Mumbai; pelo arcebispo Peter Loy Chong, Presidente,
FCBCO, Arcebispo de Suva; pelo arcebispo de Luxemburgo, dom Jean-Claude
Hollerich, presidente da COMECE, pelo arcebispo de Lubango, dom Gabriel
Mbilingi, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e
Madagascar (SECAM), e pelo arcebispo de Bogotá, cardeal Rubén Salazar
Gómez, presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM).
Mudanças rápidas e radicais
A inspiração veio do trabalho de campo realizado por muitos agentes
corajosos, dentro e fora das comunidades católicas, que divulgam as
mensagens do Papa na Laudato Si’. No apelo, são exigidas mudanças
rápidas e radicais ao mesmo tempo em que se resiste à tentação de
procurar soluções tecnológicas paliativas. Líderes religiosos da América
Latina, Ásia, África, Oceania e Europa uniram-se para pedir que os seus
governos tomem medidas concretas por uma distribuição justa de recursos e
responsabilidades em que os “grande emissores de gases de efeito estufa
assumam responsabilidade política e atendam aos compromissos de
financiamento climático”.
O chamamento baseia-se nos princípios de urgência, justiça
intergeracional, dignidade humana e direitos humanos. Ele gira em torno
de alguns pontos centrais: limitação do aquecimento global a 1.5°C,
adoção de estilos de vida sustentáveis, respeito do conhecimento das
comunidades indígenas, implementação de uma mudança de paradigma
financeiro em consonância com os acordos climáticos, transformação do
setor energético mediante o fim da era dos combustíveis fósseis e a
transição para formas renováveis de energia, e um repensar do setor
agrícola a fim de garantir o fornecimento saudável e acessível de
alimentos para todos, com especial ênfase na agroecologia.
Estilos de vida sustentáveis
Através desta declaração, os líderes da Igreja também reafirmam o
compromisso de dar passos ousados visando a sustentabilidade, uma
contribuição primordial para a justiça climática. Em todo o mundo, a
Igreja está envolvida em iniciativas concretas que visam comunidades e
estilos de vida mais sustentáveis, incluindo um movimento global de
desinvestimento em combustíveis fósseis e um crescente envolvimento com o
Tempo da Criação.
A declaração tem o apoio das redes católicas CIDSE, Caritas Internationalis e Movimento Católico Global pelo Clima.
“Nós somos inspirados por este apelo da Igreja, que reconhece muitos
dos esforços que as organizações católicas estão a implementar para
alcançar a justiça climática, a justiça energética e o acesso aos
alimentos. Também sentimos o apoio ao nosso apelo por mudanças no
sistema social e estamos contentes de fazer parte de um movimento global
que pede por isso”, disse Josianne Gauthier, Secretária Geral do CIDSE.
Acelerar as ações por justiça climática
“Esta declaração é uma forte indicação de que a Igreja Católica
global está comprometida em acelerar as ações pela justiça climática. Os
líderes da Igreja estão repercutindo o ênfase do Papa Francisco sobre a
urgência da crise climática. Cada grau no termómetro global é uma
tragédia para os mais vulneráveis, e não podemos perder sequer um instante
na busca de soluções para eles e as gerações futuras. A pergunta é
quando o líderes políticos aceitarão o desafio”, disse Tomás Insua,
Diretor Executivo do Movimento Católico Global pelo Clima.
“Precisamos de uma mudança de direção profunda e urgente em relação
às mudanças climáticas. Precisamos ver uma transformação nas negociações
climáticas de Katowice. Nós podemos salvar o planeta e aqueles que
sofrem o maior risco de impacto das condições climáticas extremas, mas
precisamos da disposição política para tornar isso realidade”, disse
Michel Roy, Secretário Geral da Caritas Internationalis.
VATICAN NEWS
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