05 outubro, 2018

Papa: Ai dos cristãos hipócritas, que deixam Jesus na Igreja

 
 Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
Na homilia da missa na Casa Santa Marta, o Papa convida a refletir sobre a hipocrisia dos justos, que vivem o cristianismo “como um costume social”.
 
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

Nós que nascemos numa sociedade cristã, corremos o risco de viver o cristianismo “como um costume social”, formalmente, com a “hipocrisia dos justos”, que têm “medo de se deixarem amar”. Na homilia da missa celebrada na Casa de Santa Marta, o Papa convida todos a um exame de consciência, comentando o Evangelho de São Lucas e a advertência de Jesus aos habitantes de Betsaida, Corazim e Cafarnaum, que não acreditaram nele não obstante os milagres.

Jesus “está triste por ter sido rejeitado”, explicou Francisco, enquanto cidades pagãs como Tiro e Sidónia, vendo os seus milagres “com certeza teriam acreditado”. E chora, “porque essas pessoas não foram capazes de amar”, enquanto Ele “queria chegar a todos os corações com uma mensagem que não era ditatorial, mas sim, uma mensagem de amor”.

Cristianismo formal

Vamo-nos colocar no lugar dos habitantes das três cidades, prosseguiu o Papa. “Eu que recebi muito do Senhor, nasci numa sociedade cristã, conheci Jesus Cristo, conheci a salvação”, fui educado na fé. E com muita facilidade esqueço-me de Jesus. Depois, ao invés, “ouvimos notícias de outras pessoas que escutaram o anúncio de Jesus, converteram-se e seguem-no”. Mas nós, comentou o Pontífice, estamos “acostumados”.

E esta é uma atitude que nos faz mal, porque reduzimos o Evangelho a uma facto social, sociológico, e não a uma relação pessoal com Jesus. Jesus fala a mim, fala a ti, fala a cada um de nós. A pregação de Jesus é para cada um de nós. Como é possível que aqueles pagãos, que ao ouvirem a pregação de Jesus o seguem, e eu, que nasci aqui, numa sociedade cristã, acostumo-me, e o cristianismo é como se fosse um costume social, uma veste que visto e depois deixo-a? E Jesus chora sobre cada um de nós quando nós vivemos o cristianismo formalmente, não realmente. 

Hipocrisia dos justos

Se agimos assim, esclareceu Francisco, somos um pouco hipócritas, com a hipocrisia dos justos.

Há a hipocrisia dos pecadores, mas a hipocrisia dos justos é o medo ao amor de Jesus, o medo de deixar-se amar. E, na realidade, quando nós fazemos isso, tentamos administrar a relação com Jesus. “Sim, eu vou à Missa, mas Tu ficas na Igreja porque eu depois vou para casa”. E Jesus não volta conosco para casa: na família, na educação dos filhos, na escola, no bairro…
 
Exame de consciência

E assim Jesus permanece lá na Igreja, comentou Francisco amargurado, “ou permanece no crucifixo ou na imagem”.

Hoje pode ser para nós um dia de exame de consciência, com este refrão: “Ai de ti, ai de ti”, porque eu dei muito, dei a mim mesmo, escolhi-te para seres cristão, sees cristã, e  preferes uma vida pela metade, uma vida superficial: um pouco sim de cristianismo e água benta, mas nada mais. Na realidade, quando se vive esta hipocrisia cristã, o que nós fazemos é expulsar Jesus do nosso coração. Fazemos de conta tê-lo connosco, mas o expulsamos. “Somos cristãos, orgulhosos de sermos cristãos”, mas vivemos como pagãos.

Cada um de nós, concluiu o Papa, deve pensar: “Sou Corazim? Sou Betsaida? Sou Cafarnaum?”. E se Jesus chora, pedir a graça de chorarmos também. Com esta oração: “O Senhor deu-me muito. O meu coração é tão duro que não o deixa entrar. Pequei de ingratidão, sou um ingrato, sou uma ingrata”. “E peçamos ao Espírito Santo que nos escancare as portas do coração, de modo que Jesus possa entrar e não só ouçamos Jesus, mas ouçamos a sua mensagem de salvação e “assim dar graças por tantas coisas boas que ele fez por cada um de nós”.

VATICAN NEWS

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