11 outubro, 2018

Papa: aprender a rezar com coragem e insistência

 
Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
"A oração é um trabalho: um trabalho que requer de nós vontade, exige constância, pede que sejamos determinados, sem vergonha", disse o Papa na homilia.
 
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

O Evangelho de hoje esteve no centro da homilia do Papa Francisco na missa celebrada esta manhã (11/10) na Casa de Santa Marta.

O tema é a oração, de como nós devemos rezar. De facto, Jesus conta aos seus discípulos sobre um homem que, à meia-noite, bate à porta da casa do seu amigo para pedir-lhe algo para comer. O Papa destacou três elementos: um homem necessitado, um amigo e um pouco de pão. 

Rezar com insistência

A visita do amigo é inesperada, ele reza com insistência e deste modo, disse o Papa, o Senhor quer ensinar-nos como rezar:

Mas reza-se com coragem, porque quando rezamos normalmente precisamos de algo. Um amigo é Deus: é um amigo rico que tem pão, tem aquilo de que necessitamos. É como se Jesus disse-se: “Na oração sejam invasivos. Não se cansem”. Mas não se cansem do quê? De pedir. “Peçam e vos será dado”. 

A oração é um trabalho

O Papa continuou afirmando que “a oração não é como uma varinha mágica”, não obtemos assim que pedimos. Não se trata de rezar duas vezes o “Pai-Nosso” e depois ir embora, assim não se tem a vontade de obter o que foi pedido:

A oração é um trabalho: um trabalho que requer de nós vontade, exige constância, pede que sejamos determinados, sem vergonha. Porquê? Porque estou a bater à porta do meu amigo. Deus é amigo, e com um amigo eu posso fazer isto. Uma oração constante, invasiva. Pensemos em Santa Mónica, por exemplo, quantos anos rezou assim, com lágrimas, pela conversão do seu filho. O Senhor, no final, abriu-lhe a porta.

Francisco deu outro exemplo, contando um facto que ele mesmo testemunhou em Buenos Aires: um homem, um operário, tinha uma filha no fim de vida, os médicos não tinham dado qualquer esperança.

Ele então percorreu 70 quilómetros até ao Santuário de Nossa Senhora de Luján. Chegou, já era noite e o Santuário estava fechado, mas ele rezou do lado de fora toda a noite, “implorando a Nossa Senhora: eu quero a minha filha. Eu quero minha filha. O Senhor pode me dar”. E quando na manhã sucessiva voltou ao hospital, encontrou a mulher que lhe disse: “Então, os médicos levaram-na para fazer outro exame, não sabem explicar porque acordou e pediu para comer, e não tem nada, está bem, não corre mais perigo”. Aquele homem, disse o Papa, sabia como rezar. 

Deus é um amigo

O Pontífice nos convidou-nos a pensar também nas crianças manhosas quando querem algo, e gritam e choram dizendo: “Eu quero! Eu quero!” E no final os pais cedem. Alguém, porém, pode questionar-se: mas Deus não fica bravo se fizermos assim? O próprio Jesus, prevendo isso, disse-nos: “E vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”.

É um amigo: dá sempre o bem. Dá mais: eu peço para resolver este problema e ele  resolve-o e dá também o Espírito Santo. Dá mais. Pensemos um pouco: como rezo? Como um papagaio? Rezo propriamente com a necessidade no coração? Luto com Deus na oração para que me dê aquilo de que necessito se é justo? Aprendamos deste trecho do Evangelho como rezar.

VATICAN NEWS

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