Capela da Casa Santa Marta
(Vatican Media)
"A salvação é um dom do Senhor", Ele nos dá "o espírito da liberdade", disse o Papa na manhã desta terça-feira na sua homilia na Missa na Casa de Santa Marta. Francisco recomenda guardar-mo-nos dos hipócritas, cujo coração não está aberto à graça.
Adriana Masotti – Cidade do Vaticano
“A salvação é um dom do Senhor”, Ele nos dá “o espírito da liberdade”, disse o Papa na missa celebrada na manhã desta terça-feira na Capela da Casa Santa Marta.
Francisco comenta a passagem do Evangelho de Lucas, que narra o
episódio em que Jesus dá uma dura resposta ao fariseu que fica admirado
com o facto de que Jesus se põe à mesa sem ter lavado as mãos antes da
refeição, como prescrito pela Lei.
O Papa enfatiza a diferença existente entre o amor do povo por Jesus –
porque chega aos seus corações, e também um pouco por interesse – e o
ódio dos doutores da Lei, Escribas, Saduceus, Fariseus que o seguiam
para pegar-lhe em alguma falta. Eram os “puros”:
“Eram realmente um exemplo de formalidade. Mas faltava-lhes vida. Eram, por assim dizer - “engomados”. Eram os rígidos. E Jesus
conhecia as almas. Isto escandaliza-nos, porque eles se
escandalizavam das coisas que Jesus fazia quando perdoava os pecados,
quando curava no sábado. Rasgavam as suas vestes: “Oh! Que escândalo!
Isto não é de Deus, porque se deve fazer assim”. Eles não se importavam
com as pessoas: importava a Lei, as prescrições, os preceitos”.
Mas Jesus aceita o convite do fariseu para o almoço, porque é livre, e
vai ter com ele. Ao fariseu, escandalizado pelo seu comportamento,
Jesus diz: “'Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o
vosso interior está cheio de roubos e maldades”:
“Não são palavras bonitas, hein! Jesus falava claro, não era
hipócrita. Falava claro. E disse-lhes: “Vocês
são sepulcros caiados”. Belo elogio, hein! Belos por fora, todos
perfeitos...todos perfeitos... Mas por dentro, cheios de podridão, ou seja,
roubos e maldades, diz. Jesus faz a distinção entre a aparência e a
realidade interior. Estes senhores são “os doutores das aparências”:
sempre perfeitos, mas dentro, o que há?”.
Francisco recorda outras passagens do Evangelho em que Jesus condena
estas pessoas, como a parábola do Bom Samaritano ou onde fala do seu
modo de jejuar e dar esmolas com ostentação.
Porque – afirma o Papa – a eles o que importava era “a aparência”.
“Jesus qualifica estas pessoas com uma palavra: ‘hipócritas!’”. Pessoas
com uma alma gananciosa, capazes de matar. “E capazes de pagar para
matar ou caluniar, como se faz hoje. Também hoje se faz assim: paga-se
para dar más notícias, notícias que sujam os outros”.
Numa palavra – continua Francisco – eram pessoas “rígidas”, que não
estavam dispostas a mudar. “Mas sempre, por trás de uma rigidez,
existem problemas, problemas graves - observa. Por trás das aparências
de bom cristão - aparências, hein!, que sempre procuram aparecer, de
maquilhar a alma - existem problemas. Ali não está Jesus. Ali está o
espírito do mundo”.
Jesus chama-os de “insensatos”, aconselhando-os a abrirem a sua alma ao
amor para que a graça entre. Porque a salvação “é um dom gratuito de
Deus. Ninguém se salva a si mesmo, ninguém. Ninguém se salva a si mesmo, nem
com as práticas destas pessoas”:
“Tenham cuidado com os rígidos. Tenham cuidado com os cristãos –
sejam eles leigos, padres, bispos – que se apresentam como “perfeitos”,
rígidos. Tenham cuidado. Não há o Espírito de Deus ali. Falta o espírito
da liberdade. E tenhamos cuidado com nós mesmos, porque isto deve
levar-nos a pensar na nossa vida. Eu procuro olhar somente para as
aparências? E não mudo o coração? Não abro o meu coração à oração, à
liberdade da oração, à liberdade da esmola, à liberdade das obras de
misericórdia?”
VATICAN NEWS
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