Papa celebra a missa na Casa Santa Marta
(Vatican Media)
Marta e Maria são
as protagonistas do Evangelho de hoje: "Elas nos ensinam como deve ser a
vida do cristão, apaixonados pelo Senhor", disse o Papa Francisco em
sua homilia.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa, nesta terça-feira (09/10), na Casa
Santa Marta e na sua homilia destacou que a palavra-chave para não
errar na nossa vida de cristãos é ser “apaixonados” pelo Senhor e Dele
obter inspiração para as nossas ações.
Assim era Paulo, o Apóstolo que hoje descreve a própria vida na
Primeira Leitura extraída da Carta aos Gálatas. Um equilíbrio entre
“contemplação e serviço”, duas qualidades ilustradas no Evangelho de
Lucas da liturgia de hoje, centrado nas figuras de Marta e Maria, irmãs
de Lázaro de Betânia, que receberam Jesus em sua casa.
Cristãos atarefados e sem a paz do Senhor
“São duas irmãs que, com a sua maneira de agir, nos ensinam como deve
caminhar a vida do cristão”, explicou Francisco. “Maria escutava o
Senhor, enquanto Marta era perturbada porque estava ocupada nos
serviços”. Marta é uma daquelas mulheres “fortes, ressaltou o Papa, é
capaz também de repreender o Senhor por não estar presente na morte de
seu irmão Lázaro. Sabe como “avançar”, é corajosa, mas não possui a
“contemplação”, incapaz de “perder tempo a olhar para o Senhor”:
Existem muitos cristãos que vão, sim, à missa aos domingos, mas
depois estão sempre atarefados. Não têm tempo nem para os filhos, nem
para brincar com os filhos. É feio isso! “Tenho muita coisa para fazer,
estou ocupado...” No final de contas tornam-se cultores da religião dos
atarefados: um grupo de atarefados que está sempre a fazer... mas pare,
olhe para o Senhor, tome o Evangelho, ouça a Palavra do Senhor, abra o
seu coração ... Não: sempre a linguagem das mãos, sempre ... Faz o bem,
mas não o bem cristão: um bem humano. Falta a contemplação. A Marta
faltava isso. Corajosa, ela sempre prosseguiu, carregava as coisas nas
mãos, mas faltava-lhe a paz: perder tempo a olhar para o Senhor.
Apaixonado pelo Senhor
Ao contrário, Maria: a sua atitude não é um “estar ali passiva”. Ela
“olhava para o Senhor porque o Senhor tocava-lhe o coração e dali, da
inspiração do Senhor, é de onde vem o trabalho que tem que ser feito
depois”. É a regra de São Bento, “Ora et labora”, que encarnam os monges
e monjas de clausura, que certamente não “ficam o dia todo olhar para
o céu. Rezam e trabalham”, disse Francisco. E acima de tudo é o que o
Apóstolo Paulo encarnou, como está escrito na Primeira Leitura de hoje:
“quando Deus o escolheu”, ressaltou o Papa, “ele não foi pregar”
imediatamente, mas “foi rezar”, “contemplar o mistério de Jesus Cristo
que lhe foi revelado”:
Tudo o que Paulo fazia tinha este espírito de contemplação, de
olhar o Senhor. Era o Senhor que falava do seu coração, porque Paulo era
um apaixonado pelo Senhor. E esta é a palavra-chave para não errar:
apaixonados. Nós, para sabermos de que parte estamos, se exageramos porque
fazemos uma contemplação demasiada abstrata, inclusive gnóstica, ou se
muito atarefados, devemos questionar-nos: “Sou apaixonado pelo Senhor?
Estou certo, estou certa de que Ele me escolheu? Ou vivo o meu
cristianismo assim, fazendo coisas… sim, faço isto, isto, faço mas e o
coração? Contempla?”.
Contemplação e serviço, o caminho da nossa vida
É como quando um marido volta para casa vindo do trabalho e encontra a sua
mulher a acolhê-lo: quem está realmente apaixonado não se deixa acomodar e
depois continua a fazer os deveres domésticos, mas “dedica tempo para
estar com ele". Eis então, também nós tomamos tempo para o Senhor ao
serviço dos outros:
Contemplação e serviço: este é o nosso caminho da vida. Cada um de
nós pense: quanto tempo por dia dedico a contemplar o mistério de
Jesus? E depois: como trabalho? Trabalho tanto que parece uma alienação,
ou trabalho coerente com a minha fé, trabalho como um serviço que vem
do Evangelho? Fár-nos-á bem pensar nisto.
VATICAN NEWS
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