19 outubro, 2018

Briefing Sínodo: Igreja precisa de aprender urgentemente a ocupar a rede

 
 Briefing desta sexta-feira (19) na Sala de Imprensa da Santa Sé
 
O Pe. Valdir José de Castro, Superior Geral dos Paulinos, ao comentar a proposta de se criar um espaço especial no Vaticano para a pastoral digital, afirmou que “é urgente aprender a ocupar o mundo digital". Essa presença cristã na rede, porém, exige que se adote um ‘estilo cristão’, com os valores da "liberdade, prudência, responsabilidade”.
 
Alessandro Di Bussolo e Andressa Collet – Cidade do Vaticano

No briefing do Sínodo dos Bispos desta sexta-feira (19), na Sala de Imprensa da Santa Sé, destaque para a proposta do bispo auxiliar de Joubbé, Sarba e Jounieh dei Maroniti, no Líbano, Dom Joseph Naffah: “é preciso colocar na rede todas as experiências ativadas no mundo para alcançar os jovens do ambiente digital” e, para isso, pode servir a criação de um escritório especial no Vaticano. Como inspiração, o bispo falou sobre o projeto que nasceu há 5 anos para poder entrar em contacto “on line” com os jovens libaneses “espalhados pelos quatro cantos do mundo, porque foram obrigados a deixar o seu país para encontrar um lugar tranquilo para viver”. 

Mais de 500 estudantes em todo o mundo

No Médio Oriente, contou Dom Naffah, estamos “num período muito difícil, mas também de graça, no qual os jovens testemunham a sua fé nas situações críticas, chegando até ao martírio”. O projeto ajudou a criar um instituto de ciências religiosas “on line”: “começamos com pouquíssimos estudantes e, agora, somos 550, espalhados em todo o mundo”, disse ele. A língua escolhida é o árabe e, entre os participantes da iniciativa, há inclusive jovens presos que “quiseram percorrer um novo caminho na sua vida”, utilizando as próprias potencialidades da rede. 

Um escritório no Vaticano para criar a rede

Entre os estudantes há também um jovem paralítico que, utilizando somente dois dedos, consegue comunicar com o mundo. “Inicialmente a minha vida era em cima de uma cama, agora eu encontro-me no espaço do mundo”, conta Dom Naffah, usando as próprias palavras do jovem.

O bispo explicou ainda que: “propus ao Papa criar um escritório especial no Vaticano que reúna as diversas experiências de pastoral digital já presentes em diversos países, como na França, na Itália e nos Estados Unidos”. “A pastoral digital é uma nova agorà do Terceiro Milénio e é preciso dar um reconhecimento oficial desses sites que levam uma verdadeira posição da Igreja católica”, complementou o prelado. 

Os jovens podem inculturar o Evangelho na web

O Pe. Valdir José de Castro, Superior Geral da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos, abraçou a proposta e afirmou que “é urgente aprender a ocupar o mundo digital”. O brasileiro explicou que “o ambiente digital é um campo imprescindível da evangelização e é necessário adotar um ‘estilo cristão’, que não termina ao inserir conteúdos declaradamente católicos na web”. “Liberdade, prudência, responsabilidade”: são os três valores aos quais a Igreja deve educar os jovens para uma presença cristã na rede. Mas os jovens devem “ser os verdadeiros protagonistas e não somente os destinatários” do mundo digital, porque “são aqueles que conhecem melhor a linguagem e a gramática das redes e das mídias sociais, aqueles que podem melhor inculturar o Evangelho utilizando esses meios”.

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 Jovens e Bíblia, encontro em rede

Dom Emmanuel Kofi Fianu, bispo de Ho, em Gana, também trouxe a sua experiência, em especial, de apostolado bíblico com os jovens, que conseguiu manter-se graças à rede e à ligação entre o mundo digital e a pastoral bíblica. “Os jovens de hoje vivem no mundo digital, ler livros não está muito na moda”, comentou o bispo africano. “Se quisermos estabelecer um contacto entre os jovens e a Bíblia, devemos levar a Palavra de Deus também para o mundo digital, inclusive através dos telemóveis”. 

Jovens LGBT, Deus ama-os

A pesquisadora, assistente de famílias imigrantes e participante do Sínodo como ouvinte, Yadira Vieyra dos Estados Unidos, falou das dificuldades de viver, dos jovens migrantes, sobretudo dos mexicanos e latino-americanos, que se depara também com problemas de saúde mental.

A Igreja, explicou ela, deve estar ao lado dos jovens e das famílias para ajudá-los a demonstrar a sua capacidade de serem líderes. Respondendo à uma pergunta, a jovem sublinhou que é difícil trabalhar com quem faz parte da comunidade LGBT, porque “sentem-se sob ataque” e pensam “que a Igreja não os quer, mas não é verdade”: “devemos mostrar-lhes que Deus ama-os, que a Igreja existe para eles”. E propõe “considerar a possibilidade de dar às religiosas presentes no Sínodo o direito de votar”, como já acontece para os religiosos: “é importante reconhecer o trabalho que as mulheres desenvolvem para os mais pobres e os mais vulneráveis”, acrescentou. 

Sábado de relatórios dos círculos menores

O prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, Paolo Ruffini, lembrou que, neste sábado (20), os relatórios dos 14 círculos menores sobre a terça parte do documento serão lidas, enquanto a Comissão para a redação do documento final e a Comissão para a “carta breve” dirigida aos jovens estã a trabalhar nos respetivos textos.

VATICAN NEWS

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