Briefing desta sexta-feira (19) na Sala de Imprensa da Santa Sé
O Pe. Valdir José
de Castro, Superior Geral dos Paulinos, ao comentar a proposta de se
criar um espaço especial no Vaticano para a pastoral digital, afirmou
que “é urgente aprender a ocupar o mundo digital". Essa presença cristã
na rede, porém, exige que se adote um ‘estilo cristão’, com os valores
da "liberdade, prudência, responsabilidade”.
Alessandro Di Bussolo e Andressa Collet – Cidade do Vaticano
No briefing do Sínodo dos Bispos desta sexta-feira (19), na Sala de
Imprensa da Santa Sé, destaque para a proposta do bispo auxiliar de
Joubbé, Sarba e Jounieh dei Maroniti, no Líbano, Dom Joseph Naffah: “é
preciso colocar na rede todas as experiências ativadas no mundo para
alcançar os jovens do ambiente digital” e, para isso, pode servir a
criação de um escritório especial no Vaticano. Como inspiração, o bispo falou sobre o projeto que nasceu há 5 anos para poder entrar em contacto
“on line” com os jovens libaneses “espalhados pelos quatro cantos do
mundo, porque foram obrigados a deixar o seu país para encontrar um
lugar tranquilo para viver”.
Mais de 500 estudantes em todo o mundo
No Médio Oriente, contou Dom Naffah, estamos “num período muito difícil, mas também de graça, no qual os jovens testemunham a sua
fé nas situações críticas, chegando até ao martírio”. O projeto ajudou a
criar um instituto de ciências religiosas “on line”: “começamos com
pouquíssimos estudantes e, agora, somos 550, espalhados em todo o
mundo”, disse ele. A língua escolhida é o árabe e, entre os
participantes da iniciativa, há inclusive jovens presos que “quiseram
percorrer um novo caminho na sua vida”, utilizando as próprias
potencialidades da rede.
Um escritório no Vaticano para criar a rede
Entre os estudantes há também um jovem paralítico que, utilizando
somente dois dedos, consegue comunicar com o mundo. “Inicialmente a
minha vida era em cima de uma cama, agora eu encontro-me no espaço do
mundo”, conta Dom Naffah, usando as próprias palavras do jovem.
O bispo explicou ainda que: “propus ao Papa criar um escritório
especial no Vaticano que reúna as diversas experiências de pastoral
digital já presentes em diversos países, como na França, na Itália e nos
Estados Unidos”. “A pastoral digital é uma nova agorà do Terceiro
Milénio e é preciso dar um reconhecimento oficial desses sites que levam
uma verdadeira posição da Igreja católica”, complementou o prelado.
Os jovens podem inculturar o Evangelho na web
O Pe. Valdir José de Castro, Superior Geral da Congregação dos Padres
e Irmãos Paulinos, abraçou a proposta e afirmou que “é urgente aprender
a ocupar o mundo digital”. O brasileiro explicou que “o ambiente
digital é um campo imprescindível da evangelização e é necessário adotar
um ‘estilo cristão’, que não termina ao inserir conteúdos
declaradamente católicos na web”. “Liberdade, prudência,
responsabilidade”: são os três valores aos quais a Igreja deve educar os
jovens para uma presença cristã na rede. Mas os jovens devem “ser os
verdadeiros protagonistas e não somente os destinatários” do mundo
digital, porque “são aqueles que conhecem melhor a linguagem e a
gramática das redes e das mídias sociais, aqueles que podem melhor
inculturar o Evangelho utilizando esses meios”.
Jovens e Bíblia, encontro em rede
Dom Emmanuel Kofi Fianu, bispo de Ho, em Gana, também trouxe a sua
experiência, em especial, de apostolado bíblico com os jovens, que
conseguiu manter-se graças à rede e à ligação entre o mundo digital e a
pastoral bíblica. “Os jovens de hoje vivem no mundo digital, ler livros
não está muito na moda”, comentou o bispo africano. “Se quisermos
estabelecer um contacto entre os jovens e a Bíblia, devemos levar a
Palavra de Deus também para o mundo digital, inclusive através dos telemóveis”.
Jovens LGBT, Deus ama-os
A pesquisadora, assistente de famílias imigrantes e participante do
Sínodo como ouvinte, Yadira Vieyra dos Estados Unidos, falou das
dificuldades de viver, dos jovens migrantes, sobretudo dos mexicanos e
latino-americanos, que se depara também com problemas de saúde mental.
A Igreja, explicou ela, deve estar ao lado dos jovens e das famílias
para ajudá-los a demonstrar a sua capacidade de serem líderes.
Respondendo à uma pergunta, a jovem sublinhou que é difícil trabalhar
com quem faz parte da comunidade LGBT, porque “sentem-se sob ataque” e
pensam “que a Igreja não os quer, mas não é verdade”: “devemos mostrar-lhes que Deus ama-os, que a Igreja existe para eles”. E propõe
“considerar a possibilidade de dar às religiosas presentes no Sínodo o
direito de votar”, como já acontece para os religiosos: “é importante
reconhecer o trabalho que as mulheres desenvolvem para os mais pobres e
os mais vulneráveis”, acrescentou.
Sábado de relatórios dos círculos menores
O prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, Paolo
Ruffini, lembrou que, neste sábado (20), os relatórios dos 14 círculos
menores sobre a terça parte do documento serão lidas, enquanto a
Comissão para a redação do documento final e a Comissão para a “carta
breve” dirigida aos jovens estã a trabalhar nos respetivos textos.
VATICAN NEWS
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