17 outubro, 2018

Sínodo dos Jovens: Evangelizar a rede digital tornando-a mais humana

 
 Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens em andamento no Vaticano, prosseguirá até 28 de outubro
 
Décima quarta Congregação Geral, manhã de quarta-feira (17/10). Somos chamados a tornar-nos “o Apóstolo Paulo do Terceiro Milénio”, afirmam os padres sinodais, lançando a proposta de um “Setor especial para a pastoral e a missão digital”, com a finalidade de evangelizar, mas também de indicar aqueles sites da internet que defendem posições não fiéis ao ensino oficial e ao magistério.
 
Cidade do Vaticano

A Igreja acompanhe os jovens no habitar a rede digital: embora não seja isenta de aspetos críticos, ela não é uma ameaça, mas um novo caminho de evangelização a ser percorrido com liberdade, prudência e responsabilidade, afirmaram os padres sinodais na manhã desta quarta-feira (17/10) em que o verbo “escolher” – terceira parte do Instrumentum Laboris – esteve no centro da décima quarta Congregação Geral do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. Em andamento no Vaticano desde o dia 3 de outubro, o encontro sinodal prosseguirá até ao próximo dia 28 deste mês.

Era digital: ser o Apóstolo Paulo do Terceiro Milénio

Somos chamados a tornar-nos “o Apóstolo Paulo do Terceiro Milénio”, afirmam, lançando a proposta de um “Setor especial para a pastoral e a missão digital”, com a finalidade de evangelizar, mas também de indicar aqueles sites da internet que defendem posições não fiéis ao ensino oficial e ao magistério. Neste sentido, poderá ser útil a criação de aplicativos, jogos e instrumentos interativos que ajudem a conhecer o Evangelho e a Igreja.

Os bispos expressam também preocupação com aqueles jovens que permanecem tempo demais no tablet, e smartphone, tornando-os dependentes e condenando-os à solidão de um mundo irreal onde as amizades são apenas virtuais.

A Igreja quer favorecer o encontro concreto entre pessoas mediante peregrinações e grandes eventos como as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) criadas por São João Paulo II. O olhar volta-se desde já para a JMJ Panamá 2019. 

Mais formação para a cidadania ativa e para a política

Foi dado amplo espaço na Sala do Sínodo ao tema da formação: Igreja e sociedade precisam dos jovens, mas sem improvisações. Segundo os padres sinodais, levar adiante um projeto educacional significa evitar que o laxismo ético, o individualismo e o relativismo enfraqueçam o entusiasmo das novas gerações.

É preciso uma pedagogia para a cidadania ativa e para a política: é necessário propor a Doutrina social da Igreja, um estilo de vida sóbrio, uma ecologia humana integral e contrastar a corrupção galopante. Para esse fim é importante, num mundo sempre mais multicultural, a colaboração entre as religiões. 

Família, ambiente educacional mais importante

Não existe um ambiente educacional mais importante do que a família, academia de escuta e diálogo recíproco entre gerações, de aprendizagem das primeiras regras da convivência social.

A Sala do Sínodo faz votos de que a autoridade dos pais seja tutelada e seja promovida uma pedagogia familiar que encoraje mais as virtudes do que as emoções e estimule a disposição à dedicação e ao sacrifício.

A família hoje é ameaçada pelas colonizações ideológicas que condicionam as ajudas económicas aos países menos desenvolvidos à introdução de políticas contrárias à vida e ao matrimónio entre homem e mulher, denuncia o Sínodo. A Igreja é chamada a fazer-se família de muitos jovens órfãos ou que vivem em contextos familiares desfavoráveis, acrescentam os bispos. 

Jovens buscam respostas claras e concretas

Os participantes dos trabalhos da assembleia constatam que muitos jovens distanciam-se da Igreja porque inconsistentes nas convicções de fé. Daí, a exigência de uma catequese que considere as interpelações de sentido e a sede de amor como objetivos aos quais responder.

Com efeito, os jovens querem indicações claras, não confusas, sem desvios da linguagem de Cristo ou em conformidade com as tendências modernas das mídias.

A formação para o matrimónio representa muitas vezes uma ocasião de reaproximação à comunidade eclesial, mas é preciso intervir antes. A resposta é uma pastoral vocacional mais eficaz e finalizada a um envolvimento dos jovens nos processos de decisão e na evangelização dos seus coetâneos, sugere o Sínodo.

A amizade é lugar privilegiado para a transmissão da fé no cotidiano. Deve-se levar em consideração na catequese que a teoria precisa de ser harmonizada com a vida concreta: uma evangelização que não alcança o coração é como uma verniz que fica somente na superfície. Também nos seminários a formação deve ser conjugada numa dimensão mais humana. 

Igreja é ponto de referência para os jovens migrantes

Foi dado espaço também para o tema da imigração: “o encontro entre culturas encoraja a procurar o melhor do outro e a corrigir algum defeito nosso, afirmam os participantes na Sala do Sínodo.

Os sacerdotes são pontos de referência essenciais para muitos jovens refugiados. Se a Igreja for atenta às carências dos necessitados e abrir o coração a Deus e a todos os jovens, independentemente de sua história de vida, permanecerá sempre jovem.

A palavra chave permanece sendo “testemunho”, porque um testemunho de Cristo tem poder atrativo mais do que mil palavras. De facto, os jovens pedem autenticidade e quando a encontram no exemplo de vida de mártires e santos, no sorriso límpido dos consagrados, na dedicação de um sacerdote, na alegria e na fadiga de ser família, então interrogam-se, colocam-se a caminho e decidem assumir as rédeas da própria vida.

VATICAN NEWS

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