Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre partiu, nesta quarta-feira (27/7) para a Polónia, onde presidirá à Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia.
Durante
a viagem, como faz habitualmente, enviou telegramas aos Chefes de
Estado dos países sobrevoados: Itália, Croácia, Eslovênia, Áustria e
Eslováquia.
Após a cerimônia de boas vindas no aeroporto, o Bispo de Roma se
dirigiu de papamóvel ao Castelo de Wawel, onde manteve um encontro com
as autoridades civis e religiosas e o Corpo Diplomático, num total de
800 pessoas.
Em seu discurso, o Papa cumprimentou e agradeceu a todos pela acolhida generosa e as amáveis palavras de boas vindas. E afirmou:
“É a primeira vez que visito a Europa Centro-Oriental e fico feliz
por começar da Polônia, que, entre os seus filhos, nos deu o
inesquecível São João Paulo II, idealizador e promotor das Jornadas
Mundiais da Juventude. Ele gostava de falar da Europa que ‘respira com
seus dois pulmões’.”
O sonho de um novo humanismo europeu –
disse o Pontífice - é animado pelo respiro criativo e harmónico destes
dois pulmões e pela civilização comum, que afunda suas raízes mais
sólidas no cristianismo.
Uma das características do povo
polaco é a “memória” – recordou Francisco – que sempre ficou encantado
pela história de João Paulo II. Quando ele falava dos povos, partia
sempre da sua história, buscando ressaltar seus tesouros humanos e
espirituais.
Nesta perspectiva, o Bispo de Roma
recordou os mil e cinquenta (1050) anos do Batismo da Polônia,
celebrados recentemente: foi um momento forte de unidade nacional, que
confirmou a concórdia na diversidade das opiniões.
Não pode haver diálogo sem partir da própria identidade – frisou o Pontífice, que aprofundou o aspecto da “memória”:
“Na vida de cada dia dos indivíduos e
da sociedade, há dois tipos de memória: a ‘boa e a má’, a ‘positiva e a
negativa’. A ‘memória boa’ é mostrada pela Bíblia no Magnificat, o
Cântico de Maria, que louva o Senhor e a sua obra de salvação. Mas, a
‘memória negativa’ é a que fixa, com obsessão, o olhar da mente e do
coração no mal cometido pelos outros”.
Referindo-se à recente história do
povo polaco, o Papa agradeceu a Deus porque soube fazer prevalecer a
‘memória boa’, com a celebração, por exemplo, dos cinquenta anos do
perdão mútuo, dado e recebido pelos episcopados da Polónia e da
Alemanha, depois da II Guerra Mundial.
A iniciativa envolveu, inicialmente,
apenas as Comunidades Eclesiais, mas, depois, desencadeou um processo
social, político, cultural e religioso irreversível, que mudou as
relações entre ambos os povos.
Aqui, Francisco recordou ainda a
Declaração Conjunta entre a Igreja Católica da Polónia e a Igreja
Ortodoxa de Moscou, que deu início a um processo de aproximação e
fraternidade entre as duas Igrejas, mas também entre os dois povos:
“Assim a nobre nação polaca mostra
como se pode desenvolver a ‘memória boa’ e rejeitar a ‘má’. Por isso,
são necessárias uma esperança e uma confiança firmes em quem guia o
destino dos povos, abre as portas fechadas, transforma as dificuldades
em oportunidades e cria novos cenários até mesmo impossíveis”.
Neste sentido, - acrescentou o Santo
Padre - a consciência do caminho percorrido e a alegria das metas
alcançadas dão força e serenidade para enfrentar os desafios atuais:
económicos, ambientais e migratórios.
Este último exige um suplemento de
sabedoria e misericórdia, para superar os temores e produzir um bem
maior: acolhida dos que fogem das guerras e da fome; solidariedade com
os que estão privados dos seus direitos fundamentais; direito de
professar, com liberdade e segurança, a própria fé.
Por isso, - advertiu o Bispo de Roma -
devem ser estimuladas as colaborações e as sinergias em nível
internacional, para se encontrar soluções para os conflitos e as
guerras, que forçam tantas pessoas a deixar as suas casas e a sua
pátria:
“Trata-se, pois, de fazer o possível
para aliviar os sofrimentos dos migrantes e trabalhar, com inteligência e
sem cessar, pela justiça e a paz, dando testemunho dos valores humanos e
cristãos. À luz da sua história milenária, convido a nação polaca a
olhar com esperança o futuro, em clima de respeito e de diálogo
construtivo, favorecendo o crescimento civil, económico e demográfico”.
O Papa concluiu seu discurso pedindo
ao governo polaco políticas sociais apropriadas para a família,
sobretudo as mais frágeis e pobres, e para a vida, que deve ser acolhida
e protegida. “Que Nossa Senhora de Częstochowa abençoe e proteja a
Polónia!”
Depois do encontro com as autoridades
civis e religiosas e o Corpo Diplomático, no pátio do Castelo de Wawel,
o Santo Padre manteve um encontro particular com o Presidente da
Polónia, Andrzej Duda.
Ao mesmo tempo, o Cardeal Secretário
de Estado, Pietro Parolin, encontrou a Primeira Ministra polonesa, Beata
Maria Szydlio, na presença do Substituto de Estado e do Núncio
Apostólico e de duas autoridades governamentais.
Por fim, o Pontífice se transferiu à
vizinha Catedral de Cracóvia, para um encontro com os Bispos da Polónia.
Assim, o Papa conclui seu primeiro dia de atividades em terras
polonesas. (MT)
Sem comentários:
Enviar um comentário