(RV) As mudanças
na direção da Sala de Imprensa da Santa Sé suscitaram vivo interesse na
mídia internacional. Em evidência, a figura do Padre Federico Lombardi -
que deixa seu cargo depois de 10 anos de extraordinário trabalho - e a
nomeação do jornalista estadunidense Greg Burke.
Mas a outra novidade foi a escolha da jornalista espanhola Paloma García Ovejero
como Vice- Diretora da Sala de Imprensa - cargo até então exercido por
Burke. Trata-se de uma mulher, jovem, há alguns anos em Roma
trabalhando como correspondente da COPE, a rádio dos bispos espanhóis.
Paloma explicou aos microfones da Rádio Vaticano como acolheu a notícia
de sua nomeação:
“Com muita alegria! Muito, muito obrigado ao Papa, à Igreja e a Deus
sobretudo! Tenho um pouco de medo, é certo, porém ao mesmo tempo a
tranquilidade de saber que não foi uma escolha minha. Nunca pensei,
nunca poderia ter imaginado. Não é uma decisão tomada com o risco de
errar, porque a decisão foi tomada pelos outros. Então, eu vou em frente
e depois vejamos quem resolverá os problemas”.
RV: O que o Papa Francisco disse a você e ao Greg quando foram recebidos em audiência?
“Ele nos pediu para que a sua mensagem chegue a todos os lugares. Nos
falou com muita seriedade, com muita ternura, mas ao mesmo tempo com
rosto sério. Não foi um momento de brincadeira, mesmo que tenha
brincado. Quando me saudou me disse: “Ah, uma galega no Vaticano!”, como
na Argentina chamam os espanhóis. Ele, porém, o considerou como um
encontro de trabalho e sabe muito bem que a comunicação é um dos pilares
do Pontificado e também da Igreja. Nos falou muito seriamente e nos
pediu equilíbrio, fidelidade e depois clareza, também com ele. Para mim
veio em mente esta palavra, que ele não nos disse: paresia. A paresia do
Sínodo. Na minha opinião, é aquilo que ele espera de nós: a paresia que
pediu aos bispos naquele dia”.
RV: Todos destacaram que você é a primeira mulher na cúpula
da Sala de Imprensa Vaticana. Seria um sinal dos tempos para a Igreja?
“Na minha opinião, o sinal dos tempos é a normalidade. A revolução do
Papa Francisco é a revolução da normalidade, da natureza, e se poderia
dizer também, da lógica. Quantas pessoas trabalham na Rádio Vaticano?
Quantas desta pessoas são mulheres? Quantas pessoas trabalham na Sala de
Imprensa? Quantas destas são mulheres? Quantas jornalistas existem! No
avião... Para mim é tudo normal. É óbvio que estou contente, porque me
parece uma bonita imagem. Estaria muito contente porém, mesmo se fosse
uma loira, uma francesa... Não é o fato de ser mulher, na minha opinião,
o fator determinante, mas o fato de ser “normais”, como a sociedade. A
sociedade está cheia de leigos; a Igreja está cheia de leigos muito bons
e de padres muito bons. Eu não posso ser padre, porém posso fazer
outras coisas. E então me parece coerente. Praticamente, se o Papa fala
assim, age assim, não há outra maneira de fazê-lo”.
RV: Dois leigos, portanto, à frente da Sala de Imprensa
Vaticana: Greg Burke, de língua inglesa, e Paloma García Ovejero, de
língua espanhola. O que represente esta escolha?
“Antes de tudo, a internacionalização da Sala de Imprensa. Estamos na
Igreja universal. Se tu pegas o Twitter, por exemplo - @pontifex – se
pode ver quantos seguidores são espanhóis e ingleses e depois, em número
menor, as outras línguas. Portanto, é fácil entender que a Igreja
universal fala espanhol e fala inglês. O italiano, depois, é um tesouro,
porque é o nosso esperanto, é a língua que nos permite conversar entre
nós, conhecermo-nos. Eu posso falar com um chinês, posso falar com um
peruano, posso falar com um alemão, porque todos temos este tesouro que é
o italiano. Na minha opinião, porém, o fato de existir uma língua
espanhola e uma língua inglesa e que os dois conheçam o italiano,
possibilita que se possa falar praticamente com 90% dos católicos do
mundo”.
RV: Qual a tua incumbência na Sala de Imprensa?
“Não tenho ideia. Sei muito bem, porém, que a minha missão é estar ao
lado do Greg, apoiá-lo e fazê-lo ver as coisas que ele, pelo cargo que
tem, talvez não consiga ver ou talvez não consiga sentir e, afinal,
ajudar o Papa. Na Sala de Imprensa, concretamente, eu não sei. Eu
chegarei lá e veremos. O Papa nos pediu para ajudá-lo, para dar-lhe uma
mão. O Padre Lombardi, porém, vai sair por motivo de idade, não é que
está saindo porque fez.... Ao contrário, ele nos deixa uma Sala de
Imprensa que funciona muito bem, que está cheia de profissionais. A
orquestra, portanto, já a temos e toca muito bem. Muda o Diretor, porque
“o corpo” envelheceu e ponto final. Mas o Diretor produz ainda uma bela
melodia e está pronto para compartilhar com todos nós. Já desde o
primeiro momento, começou a falar como se fosse um de nós. Estou segura,
assim, estou convencida de que a Sala de Imprensa da Santa Sé
continuará a fazer o seu papel e sempre será uma “casa de acolhida” para
os jornalistas”.
(JE/RP)
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