(RV) No Santuário
de S. João Paulo II o Papa Francisco presidiu neste sábado (30/07) à
celebração eucarística juntamente com sacerdotes, religiosos/as,
consagrados e seminaristas polacos. Numa
homilia que podemos considerar “programática” Francisco comentou o
Evangelho à volta de 3 palavras fundamentais: lugar, discípulo, livro.
Recordando o "grande convite" de João
Paulo II "Abri de par em par as portas a Cristo!", o Papa sublinhou que
"o lugar" da Igreja é "em saída", para "difundir o perdão e a paz de
Deus, com a força do Espírito Santo". Perante a tentação de sacerdotes e
consagrados a "permanecerem um pouco fechados, por medo ou por
conveniência, em si mesmos e nos seus ambientes " – ressalta o Papa -
Jesus indica uma "direcção de sentido único", porque "sair de nós mesmos
é uma viagem sem bilhete de regresso", "seguindo a via do dom de si"
por Ele:
“E, no entanto, a direção indicada
por Jesus é de sentido único: sair de nós mesmos. Trata-se de realizar
um êxodo do nosso eu, de perder a vida por Ele (cf. Mc 8, 35), seguindo o
caminho do dom de si mesmo. Por outro lado, Jesus não gosta das
estradas percorridas a metade, das portas entreabertas, das vidas com
via dupla. Pede para se meter à estrada leves, para sair renunciando às
próprias seguranças, firmes apenas n'Ele”.
Quem escolheu conformar-se a Jesus - continua o Papa - não busca "os
trémulos pedestais dos poderes do mundo", "não permanece no conforto que
enfraquece a evangelização", "não perde tempo projectando um futuro
seguro e bem retribuído" mas "gosta de correr riscos e sai, aberto e
fiel às rotas indicadas pelo Espírito: contrário a deixar correr a vida,
a vegetar, alegra-se por evangelizar.
A segunda palavra é “discípulo” e aqui o Papa descreve com muita
ternura a figura de Tomás, discípulo "obstinado", caracterizado pela
"dúvida e a ansiedade de querer entender", mas que precisamente por
estas suas características, se torna "simpático" para nós e "nos faz um
grande presente, pois nos aproxima de Deus, de Deus que não se esconde
de quem O procura". Por isso o Papa convida aos sacerdotes e consagrados
a confiar totalmente nele e com corações abertos e misericordiosos, que
sabem reconhecer e chorar pelas próprias fraquezas:
“Que nos pede Jesus? Ele deseja
corações verdadeiramente consagrados, que vivam do perdão recebido d’Ele
para o derramarem com compaixão sobre os irmãos. Jesus procura corações
abertos e ternos para com os fracos, nunca duros; corações dóceis e
transparentes, que não dissimulam perante quem tem na Igreja a tarefa de
orientar o caminho”
E por último o “livro”, e o livro de
que fala o Papa é o Evangelho, "livro vivo da misericórdia de Deus",
livro que "tem páginas em branco no fundo ainda por escrever", ou seja,
que "continua a ser aberto e que somos convidados a escrever no mesmo
estilo" de Jesus, isto é, "realizando obras de misericórdia":
“Mas há ainda um desafio, há espaço
para sinais feitos por nós, que recebemos o Espírito do amor e somos
chamados a difundir a misericórdia. Poder-se-ia dizer que o Evangelho,
livro vivo da misericórdia de Deus que devemos ler e reler
continuamente, ainda tem páginas em branco no final: permanece um livro
aberto, que somos chamados a escrever com o mesmo estilo, isto é,
cumprindo obras de misericórdia”.
E Francisco pergunta aos sacerdotes e
consagrados: "As páginas do livro de cada um de vós como são? São
escritas todos os dias? Estão em branco? ". Para serem, então,
"escritores vivos do Evangelho", o Papa os exorta a reviver "a página
pessoal do livro da misericórdia de Deus", a página da própria chamado
vocacional, com o exemplo e a intercessão de Maria, Mãe de
Misericórdia..
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