(RV) Na
tarde deste domingo dia 31 de Julho, mais precisamente às 17,00 horas da
Polónia, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários das JMJ e com
a Comissão Organizadora, em Tauron Arena da Cidade de Cracóvia. Após o
breve discurso de boas vindas do Bispo coordenador da JMJ, Dom Muskus e
de dois voluntários, um do Panamá e outro da Polónia, o Santo Padre
proferiu, a braços, por sua vez o seu discurso de agradecimento aos 25
mil voluntários desta XXXI JMJ de Cracóvia, tendo entregue o discurso
inicial aos organizadores e que aqui transmitimos na íntegra:
Queridos voluntários!
Antes de regressar a Roma, disse Francisco, sinto o desejo de vos encontrar e sobretudo agradecer a cada um de vós pelo empenho, generosidade e dedicação com que acompanhastes, ajudastes e servistes os milhares de jovens peregrinos. Obrigado também pelo vosso testemunho de fé que, unido ao de muitíssimos jovens provenientes de toda a parte da terra, é um grande sinal de esperança para a Igreja e para o mundo. Dando-vos por amor de Cristo, experimentastes como é belo comprometer-se por uma causa nobre e como é gratificante fazer, na companhia de tantos amigos e amigas, um percurso que, embora faticoso, compensa o esforço com a alegria e a dedicação com uma nova riqueza de conhecimento e abertura a Jesus, ao próximo, a opções de vida importantes.
Como expressão da minha gratidão, prosseguiu o Papa, quero partilhar convosco um dom que nos é oferecido pela Virgem Maria, que hoje veio visitar-nos na imagem miraculosa de Kalwaria Zebrzydowska, muito cara ao coração de São João Paulo II. Com efeito, no próprio mistério evangélico da Visitação (cf. Lc 1, 39-45), podemos encontrar um ícone do voluntariado cristão. De lá tomo três atitudes de Maria e deixo-vo-las para que vos ajudem a ler a experiência destes dias e progredir no caminho do serviço. Estas atitudes são a escuta, a decisão e a ação.
Primeiro: a escuta. Maria põe-se a caminho movida por uma palavra do anjo: ela sabe escutar a Deus: não se trata dum simples ouvir, mas de escuta, feita de atenção, acolhimento, disponibilidade. Pensemos por conseguinte, nas infinitas vezes que ficamos distraidamente diante do Senhor ou dos outros, e verdadeiramente não escutamos. Maria escuta também os factos, os acontecimentos da vida, está atenta à realidade concreta e não Se detém na superfície mas procura identificar o seu significado. Maria soube que Isabel, já idosa, espera um filho; e nisso vê a mão de Deus, o sinal da sua misericórdia. O mesmo acontece na nossa vida: o Senhor está à porta e bate de muitos modos, põe sinais no nosso caminho e convida-nos a lê-los com a luz do Evangelho.
A segunda atitude de Maria disse o Santo Padre, é a decisão. Maria escuta, reflete, mas sabe também dar um passo mais: decide. Foi assim na opção fundamental da sua existência: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Ora, sublinhou Francisco, muitas vezes é difícil tomar decisões na vida, pelo que tendemos a adiá-las e, quem sabe, a deixar que outros decidam por nós; ou então preferimos deixar-nos arrastar pelos acontecimentos, seguir a «tendência» do momento; às vezes compreendemos o que deveríamos fazer, mas não temos a coragem para isso, porque nos parece muito difícil ir contra corrente... Maria não teme ir contra corrente: com o coração firme na escuta, decide, assumindo-Se todos os riscos, não sozinha mas juntamente com Deus.
E, por fim, a ação. Maria pôs-se a caminho e «dirigiu-se à pressa…» (Lc 1, 39). Apesar das dificuldades e das críticas que terá recebido, não hesita, não perde tempo, mas parte e «parte à pressa», porque nela há a força da Palavra de Deus. E o seu agir é cheio de caridade, repleto de amor: este é a marca de Deus. Maria vai ter com Isabel, não para ouvir dizer-lhe que é estupenda, mas para ajudar a prima, tornar-se útil, servir. E ao sair da sua casa, de si mesma, por amor, leva o que tem de mais precioso: Jesus, o Filho de Deus, o Senhor. Também no voluntariado cada serviço é importante, mesmo o mais simples. E o seu sentido último é a abertura à presença de Jesus; é a experiência do amor que, vindo do Alto, põe a caminho e enche de alegria. Daí que, sublinhou o Santo Padre, o voluntário das Jornadas Mundiais da Juventude não é apenas um «agente», mas sempre um evangelizador, porque a Igreja existe e age para evangelizar.
«Terminado o serviço a Isabel, Maria voltou para sua casa, em Nazaré. Com delicadeza e simplicidade, como veio, assim vai. Também vós, caríssimos, não vereis todos os frutos do trabalho realizado aqui em Cracóvia ou durante as «geminações». Descobri-los-ão na sua vida e rejubilarão as vossas irmãs e irmãos que servistes. É a gratuidade do amor! Mas Deus conhece a vossa dedicação, o vosso empenho e a vossa generosidade. Ele – podeis ter certeza – não deixará de vos recompensar por tudo o que fizestes por esta Igreja dos jovens, que se reuniu nestes dias em Cracóvia com o Sucessor de Pedro. Confio-vos a Deus e à Palavra da sua graça (cf. At 20, 32); confio-vos à nossa Mãe, modelo de voluntariado cristão; e peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim».
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