CATEQUESE QUARESMAL
Sé Patriarcal de Lisboa, 30 março 2014
“CADA CRISTÃO E CADA COMUNIDADE SÃO CHAMADOS A SER INSTRUMENTOS DE
DEUS AO SERVIÇO DA LIBERTAÇÃO E PROMOÇÃO DOS POBRES, PARA QUE SE POSSAM
INTEGRAR PLENAMENTE NA SOCIEDADE” (EG 187)
1. A dimensão social da evangelização
Na Exortação Apostólica ”A alegria do Evangelho” o Papa Francisco
sublinha fortemente a dimensão social da evangelização. É uma das suas
preocupações, porque, diz ele, “se esta dimensão não for devidamente
explicitada, corre-se sempre o risco de desfigurar o sentido integral da
missão evangelizadora” (EG 176).
Segundo o Papa, duas questões parecem fundamentais neste momento da
história e que, segundo ele, “virão a determinar o futuro da humanidade:
“A primeira é a inclusão dos pobres; e a segunda a questão da paz e do
diálogo social” (EG 185).
Por isso, “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser
instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres,
para que estes se possam integrar plenamente na sociedade” (EG 187).
2. O clamor dos pobres
É preciso escutar o clamor dos pobres, “estar docilmente atentos,
para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo”, diz-nos o Santo Padre.
É necessário tornarmo-nos aliados de Deus nesta escuta. As Escrituras
testemunham que Deus «vê», «ouve», «conhece» o sofrimento dos pobres,
mostra-se solícito para com as suas necessidades e faz-se presente junto
deles através dos seus enviados, dos seus amigos, como Moisés e os
Profetas. (cf. Ex 3,7-8.10).
Os pobres ocupam um lugar de preferência no coração de Deus, que em
Jesus se fez pobre, para partilhar com eles a sua vida. “Todo o caminho
da nossa redenção está assinalado pelos pobres” (Cf. EG 197).
“Quando Jesus começou a anunciar o Reino, seguiam-no multidões de
deserdados, pondo assim em evidência o que ele mesmo dissera: «O
Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa
Nova aos pobres» (Lc 4,18). E quantos sentiam o peso do sofrimento,
acabrunhados pela pobreza, assegurava-lhes que Deus os tinha no amago do
seu coração: «Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus»
(Lc 6,20); e com eles se identificou: «Tive fome e deste-me de comer»
ensinando que a misericórdia para com eles é a chave do Céu” (EG 197).
Hoje Deus quer fazer-se presente junto dos pobres através de cada um de nós e das nossas comunidades.
Numa das recentes homilias em Santa Marta (27 de março), o Papa
Francisco sublinhou que a vida de fé está estreitamente unida com a vida
de caridade para com os pobres. Sem essa vida de caridade em união com a
vida de fé, o que se professa é pura hipocrisia. “Existe um vínculo
indissolúvel entre a nossa fé e os pobres” (EG 48).
E o Papa acrescentava que o cristianismo não é uma regra sem alma,
não é um manual de observações formais para pessoas que mostram a face
aparentemente bela da hipocrisia para esconder um coração vazio de
caridade.
A fé cristã consiste em participar ativamente na atividade salvífica
de Jesus Cristo, faz sair do individualismo e cria uma comunhão com Deus
e, consequentemente, entre nós.
O encontro com Deus é, em si mesmo e como tal, encontro com os
irmãos, um ato de convocação, de unificação, de responsabilidade em
relação ao outro e aos outros.
A fé cristã leva-nos a contemplar Cristo sofredor no rosto dos pobres e a servi-lo e amá-lo neles e através deles.
“Os cristãos são chamados, em todo o lugar e circunstância, a ouvir o clamor dos pobres” (EG 191).
Os pobres interpelam a ação pastoral da Igreja e o nosso compromisso
cristão. Tudo o que tem a ver com Cristo tem a ver com os pobres e tudo o
que se refere aos pobres nos remete para Cristo: “Sempre que fizestes
isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt
25,40).
A fé em Cristo leva-nos a escutar o grito dos pobres. “O grito do
pobre atravessa as nuvens” (Ecl 35,21), não podemos silenciá-lo ou
ignorá-lo. Ele deve chegar também os nossos ouvidos e ao nosso coração,
do mesmo modo que chega ao coração de Deus.
Hoje Deus quer que, como Ele e com Ele, escutemos o clamor dos
pobres, sejamos os Seus ouvidos, o Seu coração, as Suas mãos, o Seu
instrumento para os libertar, os promover, defendendo a sua dignidade e
os seus direitos.
“Ficar surdos ao seu clamor, quando somos instrumentos de Deus para
ouvir o pobre, coloca-nos fora da vontade do Pai e do seu projeto,
porque esse pobre «clamaria ao Senhor contra ti, e aquilo tornar-se-ia
para ti um pecado» (EG 187).
3. Escutar e agir
O Santo Padre convida-nos não só a escutar o clamor dos pobres, mas a
agir, a ser instrumentos da sua libertação, promoção e integração na
sociedade.
Escutar não só com os ouvidos, mas sobretudo com o coração. «Ter um
coração que vê», como o coração de Deus. Ter um coração que se
compadece, que se debruça sobre a sua situação, que escuta o seu clamor,
por vezes, silencioso, oprimido pela vergonha de uma pobreza
humilhante, esmagadora, degradante da dignidade humana.
Escutar, ver com o coração, ir ao encontro, fazer-se próximo,
partilhar, como Jesus fez e ensinou, é o que o Senhor e os pobres
esperam de nós. Ser presença, sinal, portadores do amor de Deus junto
dos pobres.
Se o não somos, é mau sinal, é porque não temos em nós o amor de
Deus, como diz o apóstolo S. João: “Se alguém possuiu bens deste mundo
e, vendo o seu irmão em necessidade, lhe fechar o coração como é que o
amor de Deus pode permanecer nele?” (1 Jo 3.17).
Quando sabemos que no nosso país há cerca de dois milhões de pobres,
que duzentas mil pessoas têm apenas uma refeição completa e trinta e
cinco mil não têm nenhuma; quando sabemos que há idosos que vivem com o
que lhes resta das reduzidas pensões de reforma, depois de comprar os
medicamentos de que necessitam; quando há crianças que comem apenas o
que lhes é dado nas creches, escolas e ATL; quando há famílias com
magros ou nenhuns recursos, que lutam pela sobrevivência, poderemos
ficar indiferentes ou lamentando que infelizmente assim seja? Antes,
temos de perguntar o que posso fazer? O que podemos fazer como
comunidade cristã?
É certo que com a pobreza cresce também a solidariedade. É verdade
que muitos cristãos e comunidades cristãs se movem para responder às
necessidades crescentes dos pobres, mas não podem ser apenas alguns,
temos de ser todos.
Esta solicitude deve começar pela vizinhança, pela proximidade, pela escuta e atenção a situações de antigas e novas pobrezas.
O flagelo da pobreza tem diversas expressões: económica, física,
espiritual, moral, cultural… Crescem o número de pobres reais que vivem
numa situação de injustiça e de insignificância social.
A surdez, a indiferença, o coração fechado a esta realidade, leva-nos
a perguntar como o apóstolo S. João: Onde está o amor de Deus? Como é
que o amor de Deus pode permanecer num coração insensível, indiferente a
esta realidade da pobreza?
4. “Escutar o clamor pela justiça”
“Escutar o clamor pela justiça” e responder com todas as forças, diz-nos o Santo Padre.
Escutar o clamor pelo direito à educação, ao acesso aos cuidados de saúde, ao trabalho, ao salário justo, à habitação.
Escutar o clamor pela proteção do direito à vida desde o nascimento até à morte.
Escutar o clamor das pessoas presas que lutam pela sua dignidade.
Escutar o clamor dos sós, dos idosos, dos deficientes, que clamam justiça e solidariedade.
Escutar e agir. Cooperar com todas as pessoas de boa vontade, com
instituições, criar sinergias, para socorrer os pobres e remover as
causas estruturais da pobreza.
Não basta ficar na análise das situações e discorrer sobre elas. Tal
como disse aos discípulos de então, perante a necessidade concreta das
pessoas que o rodeavam, hoje Jesus diz-nos a nós – a cada um e às nossas
comunidades: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37).
Jesus pede-nos gestos de solidariedade concretos, simples, diários,
não apenas ocasionais, que sejam resposta às necessidades dos pobres que
vivem à nossa volta ou que encontramos no nosso caminho.
Mas Jesus pede-nos também que nos empenhemos para remover as causas
que geram a pobreza. É preciso ir contra a corrente de uma economia que
cria pobreza e acentua cada vez mais o fosso entre ricos e pobres. Ir
contra a corrente não significa ir contra ninguém, mas defender a todos,
porque a injustiça cria instabilidade, fragmentação social e ameaça a
paz. “Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas enquanto
não se diminuir a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre
os vários povos será impossível desarreigar a violência” (EG 59),
lembra-nos o Papa Francisco.
A solidariedade “significa muito mais do que alguns atos esporádicos
de generosidade; supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em
termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação
dos bens por parte de alguns” (EG 188).
O Papa Francisco recorda que “a posse privada dos bens justifica-se
para cuidar deles e aumentá-los de modo a servirem melhor o bem comum,
pelo que a solidariedade deve ser vivida como a decisão de devolver ao
pobre o que lhe corresponde” (EG 189).
“É preciso repetir – diz o Santo Padre – que “os mais favorecidos
devem renunciar a alguns dos seus direitos para poderem colocar, com
mais liberalidade, os seus bens ao serviço dos outros. Para falarmos
adequadamente dos nossos direitos, é preciso alongar mais o olhar e
abrir os ouvidos ao clamor dos outros povos ou de outras regiões do
próprio país. Precisamos de crescer numa solidariedade que «permita a
todos tornarem-se artífices do seu destino», tal como «cada um é chamado
a desenvolver-se» (EG 190).
“Escandaliza-nos o facto de saber que existe alimento suficiente para
todos e que a fome se deve à má repartição dos bens e do lucro e à
prática generalizada do desperdício” (EG 191). “Não se pode tolerar o
facto de se lançar comida ao lixo, quando há pessoas que passam fome.
Isto é desigualdade social!” (EG 53). Isto é pecado!
“Vivemos numa sociedade que desperdiça muito das suas riquezas e dos
seus valores, já que a abundância de bens, embora mal distribuído lhe
faz esquecer a importância de cada um e a forma como deve ser otimizado
para o bem de cada um”.
O Papa Francisco tem advertido seriamente para o fenómeno da
“globalização da indiferença” que se insinua na nossa cultura e pode
insinuar-se também na nossa vida e na vida das nossas comunidades
cristãs. Diz o Santo Padre: “Quase sem nos apercebermos, tornamo-nos
incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não
choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar
deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos
incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a
serenidade se o mercado oferece algo que ainda não comprámos, enquanto
todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um
mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma” (EG 54).
5. Promover a integração social dos pobres
A libertação e a promoção dos pobres, em ordem à sua integração, não
se pode fazer sem eles. Temos de fazer com que eles sejam artificies do
seu próprio destino, que tenham voz na sociedade surda ao seu clamor de
libertação e de justiça.
A aspiração mais profunda dos pobres é de serem sujeitos construtores
da sua própria história e tornarem-se também eles sujeitos de
evangelização e de promoção humana integral.
A exigência de solidariedade com os pobres e com a justiça social só é
verdadeiramente compreendida na relação com Deus e com o seu amor por
cada pessoa.
A experiência jubilosa do encontro com Jesus amplia o nosso olhar e
abre o nosso coração e leva-nos à solidariedade e amizade para com os
pobres, a dar-lhe o nosso tempo, a prestar-lhe uma afetuosa atenção, a
escutá-los com interesse, a acompanhá-los nos momentos difíceis, a
condividir com eles a nossa vida e, partindo deles e com eles,
transformar a sua própria situação.
“Só a proximidade nos torna amigos” e faz emergir as pobrezas
escondidas e, por vezes, dolorosas, cobertas com um véu de pudor e de
silêncio. Estas só veem à superfície depois de um longo período de
amizade.
A parábola evangélica do samaritano (cf. Lc 10,29-37) continua a ser inspiradora da prática da caridade dos discípulos de Jesus.
Ela deve inspirar a nossa ação em relação aos pobres. Nela
encontramos a primazia do outro e a necessidade de abandonar a nossa
própria estrada para ir ao seu encontro. Esta é uma das linhas de força
da mensagem de Jesus, que o Papa Francisco nos lembra com o pedido de
sermos uma «Igreja em saída», ir ao encontro de todos, mas sobretudo
daqueles que vivem em situação de marginalidade social, como fez Jesus. O
Papa convida-nos a pormos “a Igreja em movimento de saída de si mesma,
de missão centrada em Jesus Cristo, de entrega aos pobres “ (EG 97), uma
Igreja samaritana.
A parábola do samaritano vem na sequência do diálogo sobre o amor a
Deus e o amor ao próximo, que leva o doutor da lei a perguntar: “E quem é
o meu próximo?” (Lc 10,29).
A resposta que recebe não é uma definição conceptual, mas uma
explicitação concreta, com a história de uma pessoa com necessidade de
ajuda, frente a três personagens, dos quais somente um se aproxima dela,
o samaritano.
Esta parábola ajuda-nos a tomar consciência de que o próximo não é
aquele que é vizinho, mas aquele de quem nos aproximamos. Os pobres
serão nossos próximos se nos aproximarmos deles, se nos debruçarmos
sobre as suas feridas, sobre as suas necessidades, sobre a condição em
que se encontram.
O Evangelho de Jesus consiste precisamente no chamamento a abandonar o
universo focalizado sobre o nosso eu egocêntrico e entrar no mundo do
outro. Por isso, o Papa Francisco pede a cada um de nós e às nossas
comunidades para nos colocarmos em movimento de saída, antes de mais de
nós mesmos, para irmos ao encontro dos pobres, dos feridos, dos sós,
abandonados, “meios mortos”, sem esperança.
Na parábola é o homem maltratado e esquecido que indica o sentido da
proximidade, que não é uma simples proximidade física ou cultural, mas
uma proximidade feita de compaixão, de atitudes e de gestos.
O personagem central da parábola é simplesmente “um homem” (Lc
10,30), um ferido, abandonado, sem nome nem qualificação. É um
personagem anónimo e insignificante como tantos da nossa sociedade.
O anonimato e a nudez social de tantos pobres são uma manifestação da
sua insignificância, da sua exclusão, que os coloca à «beira da
estrada», à margem da sociedade. A estrada pode perfeitamente ser a
imagem da vida de cada dia, de qualquer época, de hoje.
É ao longo da estrada que nos cruzamos continuamente com os outros,
com pessoas conhecidas e desconhecidas, e quando se trata de pobres e
marginalizados por várias razões, não podemos passar adiante, ser
indiferentes, ignorar. É preciso parar, olhar, ver, compadecer-se, como
fez Jesus.
“O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o
rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus
sofrimentos e as suas reivindicações” (EG 89).
O «próximo» não é simplesmente a pessoa que encontramos no nosso
caminho, mas é aquela a quem vamos ao encontro, aquela que nos faz
parar, abandonar o nosso caminho, para entrar no seu e cuidar com ele,
como fez o samaritano. Trata-se de tornar próximo aquele que é afastado,
aquele que não se encontra no nosso espaço geográfico, social e
cultural.
Rigorosamente pode-se dizer que não temos «próximos», mas que fazemos
«próximos» mediante atitudes, iniciativas e gestos, que nos tornam
vizinhos, amigos, verdadeiramente próximos daqueles que estão afastados
do nosso mundo e começam a ser parte dele.
Aproximar-se do outro e dos outros comporta um duplo efeito:
tornamo-nos próximos e o outro torna-se nosso próximo. É um caminho de
ida e de retorno. A proximidade implica reciprocidade e acontece quando
reconhecemos a dignidade do outro, o seu ser nosso igual, nosso irmão.
É então que os integramos como parte de nós, como membros de direito da sociedade, como artificies do seu próprio destino.
E só então é que acontece a solidariedade, porque a verdadeira
solidariedade tem uma proximidade afetiva, amiga, que promove,
dignifica, não humilha. A solidariedade exige relação, acolhimento,
hospitalidade e, em primeiro lugar, no coração.
O Deus da Bíblia que em Jesus Cristo entrou na nossa história, o
Emanuel, hospedou-nos em primeiro lugar no seu coração, para depois nos
tornar também hóspedes do seu Reino. Assim também nós temos de hospedar
os pobres em primeiro lugar no nosso coração, para depois eles se
tornarem cidadãos de pleno direito da sociedade.
A história do samaritano apresenta um caminho que cada cristão, e a
Igreja no seu conjunto, são chamados a assumir: o caminho de uma
solidariedade que liberta, promove, integra, restituiu a dignidade e uma
cidadania plena, uma cidadania humana e cristã.
Dar testemunho do Evangelho significa condividir a alegria da
presença do amor de Deus nas nossas vidas; significa empenharmo-nos na
promoção da justiça, da dignidade humana, da libertação de toda a
pobreza, em comunhão com o Deus da vida.
A autenticidade da nossa vida cristã e da nossa ação evangelizadora
está na atenção aos pobres. “Quando S. Paulo foi ter com os apóstolos a
Jerusalém para discernir «se estava a correr ou tinha corrido em vão»
(Gl 2,2) o critério chave de autenticidade que lhe indicaram foi que não
se esquecesse dos pobres (Cf. Gl2,10).
Este critério importante para que as comunidades não se deixassem
arrastar por um estilo de vida individualista dos pagãos tem grande
atualidade no contexto atual em que tende a desenvolver-se um novo
paganismo individualista. A própria beleza do Evangelho nem sempre a
conseguimos manifestar adequadamente, mas há um sinal que nunca deve
faltar: a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e
lança fora” (EG 195).
Que este critério não falte na nossa vida cristã nem na vida das
nossas comunidades. Que a nossa solicitude pelos pobres se traduza numa
proximidade real e cordial, porque só “unicamente a partir desta
proximidade real e cordial é que podemos acompanhá-los adequadamente no
seu caminho de libertação. Só isto tornará possível que «os pobres se
sintam em cada comunidade cristã como “em casa” (…). Sem a opção
preferencial pelos pobres o «anúncio do Evangelho – e este anúncio é a
primeira caridade - corre o risco de não ser compreendido ou de se
afogar naquele mar de palavras que a atual sociedade da comunicação
diariamente nos apresenta» (EG 199).
“Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa
consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz
e a consolação da amizade de Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que
os acolha, sem horizonte e sentido de vida. Mais do que o temor de
falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que
nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes
implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá
fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: «Dai-lhes
vós mesmos de comer» (Mc 6,37).
Acolhamos este convite de Jesus e respondamos-lhe com generosidade e alegria!
† Joaquim Mendes
Bispo Auxiliar de Lisboa
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