Que pó é este que eu sou?
Sou um pó que pode ser varrido e atirado
fora, ou sou um pó que “atingido” pelo Espírito Santo, se faz vida, se faz
homem?
Sou o pó da terra de que o Criador se
serviu para moldar o homem à sua imagem e semelhança, ou sou apenas o pó da
terra que levado pelo vento, se desagrega, se divide, e para nada serve?
Sim, sei que sou apenas pó, mas posso
ser pó de construção, útil e agregador, ou apenas pó que destrói, que incomoda e
confunde.
E afinal o que é ser pó, nas mãos do
Criador?
É ser nada, para que Ele seja tudo em
nós!
Ele molda-nos, cria-nos, sopra e dá-nos
vida, e depois … depois deixa-nos em liberdade, não deixando nunca de nos amar,
para que conheçamos o amor e conscientemente possamos caminhar o Caminho que
Ele mesmo nos mostra e oferece.
Ah, Senhor, quero ser este pó que se faz
vida nas tuas mãos, vida para os outros, vida para Ti.
E como sou fraco, esquecido, ingrato,
deixa, Senhor, que hoje receba as cinzas na minha cabeça, para não me esquecer
nunca da minha condição de pó, mas o pó que com o teu amor transformas e se faz
vida e alegria na comunhão contigo.
Como Abraão, Senhor, também Te quero
dizer: «Pois que me atrevi a falar ao meu Senhor, eu que sou apenas cinza e pó,
continuarei.»*
Olha para nós, Senhor, pó da terra que
moldastes, não ligues aos nossos pecados, à dureza dos nossos corações, e
derrama o teu amor que nos liberta do pecado, que amacia os corações, e mesmo
que alguns não Te aceitem, Senhor, tem compaixão, deles e de nós, e salva-nos
das nossas fraquezas.
Nas cinzas que hoje vou receber, Senhor,
que eu me sinta pó, não um pó desprezível, mas um pó amado por Aquele que «renova
todas as coisas»**.
*Gn 18,27
**Ap 21,5
Monte Real, 5 de Março de 2014
Joaquim Mexia Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário