Porque é que de repente sinto esta necessidade de escrever o
que me vai no coração, o que me vai na alma?
Não sei, nem sei bem realmente o que me vai no coração e na
alma.
Sei que sinto uma “incontrolável” vontade de dar graças
quando surge mais uma provação.
E fico a pensar se essa vontade de dar graças é sincera, ou
se é apenas uma “fuga” a pedir protecção para a dificuldade que vou atravessar.
Não há dúvida para mim que o caminho que escolheste para me
guiar, Senhor, passa por estas provações, por vezes tão duras, sobretudo para o
meu modo de ser.
Mas também percebo que será o único meio de derrubar as
minhas fraquezas, os meus orgulhos, as minhas vaidades.
E quanto mais Te dou graças, mais se acalma o coração e mais
a certeza de que estás connosco, de que estás comigo, se torna real e
verdadeira.
E na tranquilidade da confiança que nesses momentos em mim
colocas, se vai fazendo verdade, calma e serenamente, o pensamento de Santa
Teresa de Ávila: «Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda,
… Quem a Deus tem, nada lhe falta: Só Deus basta.»
Tão agarrado às coisas, tão agarrado ao passado, tão
agarrado às emoções, como posso eu dar espaço para Tu me preencheres?
Mas Tu conheces-me e sabes do meu profundo desejo de Te
viver inteiramente, e por isso mesmo me ajudas a libertar do que afinal ocupa
espaço de “amores”, que não dão espaço ao teu amor.
Mas dói, Senhor, de vez em quando dói muito!
Mas é na dor, afinal, que eu encontro o teu amor!
Vem-nos sempre ao pensamento que morreste por todos nós!
Mas quantas vezes penso eu verdadeiramente que ao morrer por
nós, morreste por mim?
Se escutar verdadeiramente no coração, não Te ouço eu dizer
naquela Cruz, naquela hora: «Perdoa ao Joaquim, Pai, que ele não sabe o que
faz.»
Se olhar com os olhos do coração, não vejo eu o teu olhar,
para mim voltado, naquela Cruz, naquela hora, a “dizer-me”: «Morro por ti,
Joaquim, porque te amo com amor eterno.»
Deste-me tudo, Senhor!
Queres que eu dê tudo, também, nas forças com que me
capacitas para dar.
Então, Senhor, toma tudo aquilo que sou, aquilo que tenho,
aquilo que amo, a vida que me deste, mas não por mim, Senhor, mas por aqueles
que me deste, por aqueles que todos os dias colocas na minha vida, por aqueles
que Te procuram, por aqueles que não Te conhecem, por aqueles que não te amam,
por aqueles que nada têm, e sobretudo por aqueles que não Te querem ter, porque
a esses tudo falta, porque recusam o teu amor.
Ah, Senhor, e não Te esqueças, (como poderias Tu
esquecer-te?), se não fores Tu em mim por eu querer permanecer em Ti, então não
serei capaz, então não terei forças, então revoltar-me-ei, então perder-me-ei
nas minhas fraquezas e não encontrarei caminho nas provações, não encontrarei
sentido para as viver, para as aceitar e para Te dar graças, Senhor, sempre e em
todos os momentos.
A Ti, Senhor, toda a glória e todo o louvor, agora e para sempre!
Marinha Grande, 7 de Março de 2014
Joaquim
Mexia Alves
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