(RV) No
segundo dia, 7 de março, dos Exercícios Espirituais para o Papa e Curia
Romana que decorrem na cidade de Ariccia na Casa do Divino Mestre, o
padre Ermes Ronchi, avançou com mais uma ‘pergunta aberta do Evangelho’,
uma pergunta de Jesus aos seus discípulos no texto de S. Marcos (Mc 4,
40): “Porque estão com medo, ainda não tendes fé?”
Medo e fé são dois antagonistas que se disputam eternamente no
coração do homem. A Palavra de Deus diz-nos infinitas vezes: não temer!
Não tenhas medo! – afirmou o padre Ronchi que sublinhou que o medo é,
não tanto uma ausência de coragem, mas uma “falta de confiança”.
Contudo, “Deus não age no nosso lugar, não nos tira as tempestades
mas sustem-nos dentro da tempestade. O padre Ermes Ronchi recordou uma
frase do teólogo Dietrich Bonhoefer que ajuda a compreender o agir de
Deus:
“ Deus não salva do sofrimento mas no sofrimento, não protege da dor mas na dor, não salva da cruz mas na cruz.”
“Jesus” – continuou o padre Ronchi – “ensina-nos que há só um modo
para vencer o medo: é a fé”. E a missão da Igreja, também no seu
interior, é libertar do medo:
“ Por um longo tempo a Igreja transmitiu uma fé amassada de medo, que
rodava ao redor do paradigma culpa/ castigo, e não do
florescimento/plenitude. O medo nasceu em Adão porque ele não soube
imaginar a misericórdia e o seu fruto, que é a alegria. O medo, por sua
vez, produz um cristianismo triste, um Deus sem alegria. Libertar do
medo significa trabalhar para retirar o véu de medo do coração de tantas
pessoas: o medo do outro, o medo do estrangeiro. Passar da hostilidade,
que pode ser instintiva, à hospitalidade; da xenofobia à filoxenia... e
libertar os fiéis do medo de Deus, como fizeram durante toda a história
sagrada os seus anjos: ser anjos que libertam do medo.”
(RS)
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