Colocam-Te a Cruz sobre os ombros, Senhor. É pesada a Cruz!
Não, não é a madeira que a faz pesada, são os meus pecados, são os nossos
pecados que pesam sobre os Teus ombros.
Mas Tu carrega-la, cheio de amor, porque sabes que ao carregares os nossos
pecados, nos vais libertando da escravidão do pecado e da morte.
Parece-me, Senhor, que cada vez que me reconheço pecador, cada vez que me
confesso e Tu me absolves pelo Teu sacerdote, diminui o peso da Tua Cruz,
parece-me que de algum modo sou um pouco Cireneu.
Mas logo volto a pecar e o alívio que Te dou é efémero e muito pouco!
Por vezes, Senhor, o meu pecado, os nossos pecados são tão grandes que o
peso da Cruz Te faz cair por terra.
Mas logo Te levantas, para nos mostrares que também eu, também nós, apesar
de cairmos no pecado, sempre nos podemos levantar, por Tua graça, Senhor.
Chegas finalmente ao Teu Calvário, que deveria ser o nosso calvário, mas
Tu, no Teu infinito amor, decidiste vivê-lo por nós.
E eu nem estou lá para Te fazer companhia, porque também sou um daqueles
que Te abandona de quando em vez.
Quisera eu ser João e estar ali, aos pés da Cruz, fazendo companhia a Tua
Mãe.
Ou pelo menos ser o Centurião que Te reconheceu Filho de Deus, naquele
momento que vai chegar.
Os cravos rasgam a Tua carne, e Tu vais repetindo interiormente, no meio
das dores: É por ti, Joaquim, é por todos vós!
Quero pedir-Te as Tuas dores, quero sofrê-las, para que não sejas Tu a
sofreres as dores das minhas culpas, mas
fraco que sou, rapidamente as esqueço e me deixo envolver na rotina da vida
diária.
Levantam-Te ao Céu, cravado naquela Cruz, e a única coisa que mitiga a Tua
dor é saber que fazes a vontade do Pai, a vontade de salvar a humanidade que
criaste no Teu amor.
Nas derradeiras forças ainda pedes, mais uma vez, por nós: Perdoa-lhes,
Pai!
Por fim, exalas o último suspiro, a cabeça pende-Te para a terra, como a
quereres fixar cada um de nós definitivamente no Teu olhar, (guardados que
estamos no Teu coração), e o Céu e a Terra abrem-se para Te receber.
Quisera eu que fosse o meu coração a abrir-se, sem barreiras, sem dúvidas,
sem fraquezas, para Te receber para sempre, e que, em cada momento que a
tentação o tentasse, imediatamente se lembrasse de todos estes momentos que sofreste
por mim, que sofreste por nós, e as repudiasse de imediato.
O silêncio toma agora conta da natureza e eu quero que tome conta do meu
coração.
Que ao menos agora, no silêncio, eu Te contemple, eu Te louve, eu Te adore
e Te dê graças sem fim, e para sempre me entregue a Ti, pelos outros, pelo
amor.
Mergulhado na esperança, que me vem da confiança de saber que as Tuas
promessas são sempre cumpridas, aguardo, ansioso, a Tua Ressurreição.
Glória a Ti, Senhor, agora e para sempre pelos séculos sem fim!
Marinha Grande, 25 de Março de 2016
Joaquim Mexia Alves
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