(RV) Às 12
horas de Roma, o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina do Vaticano,
os 150 membros participantes da Assembelia plenária da Pontifícia
Academia para a Vida. Tema da plenária é o estudo das virtudes na ética
da vida, um tema, disse Francisco, de grande interesse académico que
comunica uma mensagem importante para a cultura contemporânea: isto é,
que o bem que o homem realiza não é o resultado dos cálculos ou de
estratégias, nem tão pouco é o produto da genética ou dos
condicionamentos sociais, mas é fruto de um coração bem disposto, da
livre opção orientada para o bem. Por conseguinte, não bastam a ciência e
a técnica: para realizar o bem é também necessária a sabedoria do
coração.
O Papa Francisco percorreu, em seguida, as diversas formas através
das quais a Sagrada Escritura recorda que as boas ou más intenções não
provêm nunca do exterior mas sempre do interior do homem, do seu
coração. Por conseguinte, é do coração do homem que nascem sempre os
propósitos do mal. De fato, na Bíblia, salientou Francisco, o coração é o
orgão não só dos afetos, mas também da faculdade espiritual, da razão e
da vontade, é a sede das decisões, da maneira de pensar e de agir.
A sabedoria das opções, abertas ao movimento do Espírito Santo,
observou ainda o Papa, envolve portanto também o coração, que
deixando-se guiar pela verdade e as sugestoões do Espírito Santo,
realiza o bem, e quando não as aceita realiza o mal. <>.
Voltando aos tempos atuais, Francisco lembrou como hoje alguns
orientamentos culturais não reconhecem mais o marco da sabedoria divina
na realidade concreta e nem tão pouco no homem, acabando assim por
reduzir a natureza humana numa mera matéria plasmável segundo os
diversos disígnios e interesses particulartes. A nossa humanidade, pelo
contrário, recordou o Santo Padre, é única e tanto preciosa aos olhos de
Dues. Por isso mesmo, a primeira natureza que devemos cuidar, por forma
a que possa dar frutos, é a nossa humanidade. Devemos dar-lhe o ar
limpo de liberdade e a água vivificadora da verdade, protegê-la dos
venenos do egoísmo e da mentira. É assim que, acrescentou Francisco, no
terreno da nossa humanidade, poderá então nascer uma grande varieade de
virtudes. A virtude que é aquela expresão mais autêntica do bem que o
homem, com a ajuda de Deus, é capaz de realizar.
Para o Papa Francisco, falar de virtude no nosso mundo de hoje
significa então afirmar que a opção pelo bem envolve e empenha toda a
pessoa, não é uma questão de cosmética, um embelezamento esterior, que
por sua vez não daria fruto algum; trata-se, sim, de desenraizar do
coração os desejos deshonestos e procurar sempre o bem com sinceridade.
Finalmente, Francisco recordou aos presentes, que mesmo no âmbito da
ética da vida, as normas existentes que promovem o respeito da pessoa
humana, embora necessárias, mas sózinhas, não bastam para permitir
realizar plenamente o bem do homem. São as virtudes daqueles que atuam
no âmbito da promoção da vida a constituirem a última garantia de que o
bem será realmente respeitado. Neste sentido, sublinhou ainda Francisco,
hoje não faltam os conhecimentos científicos e os instrumentos técnicos
capazes de permitir um apoio à vida em situações nas quais ela
manifesta a sua fraqueza. Entretanto, falta, muitas vezes, a humanidade.
Praticar o bem portanto, não é uma mera aplicação correta do saber
ético, mas pressupõe um interesse real para com a pessoa frágil.
Daí, conclui dizendo Francisco, os médicos e todos os operadores
sanitários, não deixem nunca de conjugar ciência, técnica e humanidade
juntas. Neste sentido, Francisco encorajou as universidades a terem em
conta tudo isso nos seus programas de formação, por forma a que os
estudantes possam amadurecer aquelas disposições do coração e da mente
que são indipensáveis para acolher e cuidar da vida humana
salvaguardando sempre, em qualquer circunstâncias, a sua dignidade.
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