11 outubro, 2010

5. Igreja Santa e Pecadora

Série: “Cultivar a Fé”

Dizemos no Credo: “creio na Igreja, una, santa...”
Cada cristão é chamado por S. Paulo “santo” (Cf 1Cor 6,1; 16,1), pois nascemos no baptismo revestidos da graça e da santidade que Deus, pelo sacramento e pela acção do Espírito. Por outro lado, como se diz na Lumen Gentium, 12, a “Igreja é o povo santo de Deus”, família de baptizados, os “santos”, Corpo Místico em que esses santos são membros vivos e activos.
Por isso o Concílio Vaticano II afirmou: “A Igreja é, aos olhos da fé, indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é proclamado o ‘único Santo’, com o Pai e o Espírito, amou a Igreja como sua esposa, entregou-Se por ela para a santificar, uniu-a a Si como seu Corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo para glória de Deus (Lumen Gentium, 39). A fé, como nos diz o texto, é que nos poderá dar a certeza desta santidade da Igreja, e da santidade de cada baptizado.
Por outro lado, porque composta de homens e mulheres pecadores, a Igreja tem um caminho de santidade a percorrer, que passa pela vida e santidade de cada cristão e de cada cristã.
Como afirma o Concílio, a Igreja está revestida de uma verdadeira mas imperfeita santidade, uma santidade nunca acabada, sempre a caminho, sempre aberta ao Espírito que santifica e liberta (Cf Lumen Gentium, 48). Nos seus membros a santidade perfeita ainda não está adquirida, embora todos os baptizados sejamos chamados à santidade, todos temos vocação para a atingir, Deus não nos falta com os seus dons, meios e graças.
Por isso o Concílio afirmou: “Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um pelo seu caminho” (Lumen Gentium, 11).
Todos, sem excepção, temos de caminhar para a santidade, para que brilhe ainda mais a santidade da Igreja. Daí a nossa responsabilidade cristã, a necessária audácia no caminho da santidade.
A Igreja santa, vai através das suas obras e acções, sobretudo através da oração e dos sacramentos, sendo agente de santificação dos fiéis, ajudando todos a adquirir aquela santidade que Deus quer no seu plano de amor.
Por isso, como sacramento de Cristo, o “Santo”, a Igreja, pelo seu modo de agir é santificante (Cf Catecismo da Igreja Católica, 824). Se Jesus é o autor e o consumador da santidade, se Ele é a Cabeça do Corpo Místico que é a Igreja, ela, pelo poder de Jesus, vai ajudando todos os fiéis a serem mais santos.
E a caridade é a perfeição da santidade, ou seja, é a caridade que “ dirige todos os meios da santificação, lhes dá alma e os conduz ao seu fim (Lumen Gentium, 42). Seremos tanto mais santos quanto mais amarmos. E o amor é a luz da santidade que iluminará o coração de todos os homens.
Jesus é o Cordeiro sem mancha, santo e inocente, mas a Igreja encerra no seu seio pecadores, que somos todos nós. Por isso quando vemos algo que não está bem na Mãe Igreja, devemos sentir dor e pena dessa falta e, ao mesmo tempo, corresponsabilidade dela, pois somos parte do Corpo, somos pedra do Templo, não somos santos como devíamos.
Todos somos pecadores (Cf Catecismo da Igreja Católica, 827). Todos temos em nós fragilidades e pecados, todos somos membros impuros, da Igreja santa. Já santos mas ainda pecadores...numa luta que durará a vida inteira.
Por isso a Igreja no seu passado e no seu presente, assume-se pecadora e com necessidade do perdão de Deus. Daí o Papa João Paulo II já ter pedido perdão, dezenas de vezes, pelos “pecados” da Igreja.
E esta verdade não nos deve derrotar mas dar ânimo para a luta, para o crescimento da santidade quotidiana.
Temos que ser mais dignos da Mãe-Igreja...
Dário Pedroso, SJ
Labat n.º 74 de Setembro de 2006

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