11 outubro, 2010

2. A Igreja é comunhão de fé

Série: 'Cultivar a fé' 

A vida trinitária é o modelo de toda a vida cristã. E a Trindade é comunhão plena de Pessoas, pois o amor que é total e infinito, faz que três Pessoas sejam um só Deus. A trindade é Família divina, é comunhão plena de amor, de dom mútuo, de acolhimento total.
A Igreja encontra na Trindade o seu modelo de comunhão e, sem deixar de ser hierárquica, a Igreja tem de crescer sem cessar no esforço de comunhão, de unidade, de vida partilhada, em que todos os fiéis têm o seu lugar vital e fecundo, realizando uma comunhão cada vez mais plena, mais total, mais ao jeito trinitário.
A Igreja é, antes de mais, uma comunidade de fé. “A fé dos fiéis é a fé da Igreja, recebida dos Apóstolos, tesouro de vida que se enriquece na medida em que é partilhada” ( Cf Catecismo da Igreja Católica, 949).
A fé, dom dado pelo Espírito Santo, leva-nos a entrar em comunhão com os outros crentes, a viver a fé da Igreja, Esposa de Cristo.
A fé não pode ser algo isolado, partidário, como se fosse algo só nosso, feito ao nosso jeito, pior ainda construído por nós.
O crente mergulha na fé da Igreja, aceita essa fé como sua, adere ao que a Igreja acredita e define. Muitas vezes encontramos pessoas, que acerca de questões essenciais, se põem a congeminar, a formular opiniões, a afirmar: “eu acho que...”.
Em questões de fé há que aderir de alma e coração àquilo que é a fé da Igreja, verdadeiro tesouro vindo dos Apóstolos. Esta adesão exige humildade, exige simplicidade, exige pobreza interior, para fazer nossa a fé da própria Igreja.
Não somos nós que fazemos o “Credo”, não somos nós que fazemos os “dogmas”, não somos nós que tecemos o símbolo dos Apóstolos.
Aderimos com liberdade interior àquilo que o Credo, os dogmas, a fé da Igreja nos ensina e nos mostra com sabedoria e vida.
Mas como a fé não é cega nem estúpida, devemos formar-nos, esclarecermo-nos, ler, estudar, compreender, saborear em oração e reflexão pessoal e comunitária, o depósito sagrado da fé.
Devemos formar-nos e ajudar a formar os outros. Devemos amadurecer a nossa fé e ajudar a amadurecer e quando se não estuda, não se reflecte, não se reza a fé que nos foi dada, podemos caminhar por atalhos de ignorância, de superstição, de uma fé enfezada, muito à nossa medida.
E já não é a fé da Igreja, vivida em comunhão de crentes, na alegre vivência do tesouro de vida que os Apóstolos nos deixaram e que o Magistério da Igreja nos vai fazendo compreender e saborear, aderir com uma fé cada vez mais adulta e mais amadurecida.
Sem esta comunhão de fé não há verdadeira Igreja. Daí nascem as heresias, as seitas, a falta de unidade na mesma fé.
Por outro lado, como indica o Catecismo da Igreja Católica no número acima citado, esse tesouro de vida recebido dos Apóstolos, vai-se enriquecendo na medida em que é partilhado.
Partilhar a fé, partilhar a reflexão, a oração, o estudo da Palavra, é um modo maravilhoso de ir aumentando, enriquecendo a própria fé. É em comunhão, em partilha, em reflexão comum, em vida comunitária, que a fé se torna mias adulta e vai amadurecendo cada vez mais.
Sozinhos, isolados, metidos connosco, não fazemos crescer o tesouro da fé, que é vida de crentes, que deve ser partilhada para ser mais enriquecida.
Vamo-nos educando uns aos outros, vamos fazendo comunidade de crentes, vamos assumindo em comum a fé da Igreja.
Que belo desafio nos é deixado: a Igreja é, antes de mais, uma comunidade de fé.
Precisamos de amadurecer esta comunhão, que fará mais viva a fé que professamos.
E quanto mais viva for a fé mais intensa será a comunhão.
Dário Pedroso, s.j.
Labat n.º 59 de Março de 2006

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