19 setembro, 2015

Papa Francisco em viagem para Cuba como missionário da misericórdia

 

(RV) O Papa Francisco partiu esta manhã, às 10.32 horas de Roma, do Aeroporto de Fiumicino para a sua décima viagem internacional, a mais longa do seu Pontificado: dez dias ao todo, entre Cuba e os Estados Unidos. A primeira etapa é Havana. Ontem à noite, como de costume, o Santo Padre foi em visita  privada à Basílica de Santa Maria Maggiore, para um momento de oração.

Grandes expectativas para esta visita do Papa Francisco em Cuba: existe nas pessoas um sentido de mudança, de algo que pode realmente mudar. Os cubanos desejam exprimir a sua gratidão ao Papa argentino que teve um papel determinante na aproximação com os Estados Unidos. Obama e Raul Castro já o agradeceram. Cuba está a abrir-se ao mundo e o mundo está a abrir-se a Cuba, exactamente como tinha desejado João Paulo II em 1998. É um caminho gradual, e já se vêem os sinais.

A Igreja está adquirindo  espaços de liberdade numa sociedade que até aos anos 90 era oficialmente ateia. Agora são tolerados, mesmo que não sejam legais, alguns jornais católicos, bem como alguns centros de formação eclesial. Antes não era assim. Anos de informação e educação geridas exclusivamente pelo Estado comunista tiveram os seus efeitos. Entre os católicos, os praticantes são apenas 2%, enquanto que os baptizados são mais de 60%. A religiosidade popular permaneceu forte, apesar de tudo. Claro, existe o sincretismo religioso, como o fenómeno da "santeria", uma mistura de crenças cristãs e ritos ancestrais africanos. Mas a Igreja cubana, pouco mais de 300 sacerdotes para os 11 milhões de habitantes, faz-se próxima a esta sede de Deus. E se faz próxima dos pobres, em crescimento, porque depois do colapso da União Soviética, em 1991, faltou o apoio económico.

Agora Cuba depende do petróleo da Venezuela, mas a crise deste país não faz esperar nada de bom. Saúde e educação são ainda totalmente gratuitas, mas o emprego propriamente dito é cada vez menos, enquanto existe muito o trabalho não declarado e a arte admirável e criativa do arranjar-se. Também está em decadência  a tradicional exportação do açúcar, mas resistem ainda o tabaco e o níquel. O turismo continua a ser uma das vozes fortes da economia. Continua o encanto  de um país maravilhoso pelas suas belezas naturais e a população hospitaleira. Característica agradável para os turistas, mas muito poluente é a presença de tantos carros americanos dos anos 50 que pararam a 1962, ano do embargo dos EUA.

E Cuba aproveita das suas belezas com a dupla moeda: uma para os residentes, absolutamente vantajosa, a outra para os estrangeiros, totalmente desfavorável, com o euro e o dólar que atingem a paridade, mas por vezes não, com a moeda cubana. Entretanto, as cidades devem ser reconstruídas. Edifícios em ruínas à espera de reconstrução estão por todo lado, mas falta o dinheiro. Assim, os jovens têm o sonho de emigrar, principalmente para os EUA. Quase 50 mil deixaram o país ao longo dos últimos três meses. Até porque com o degelo poderiam acabar todos os subsídios de que os imigrantes cubanos nos Estados Unidos desfrutam. E aqueles que fogem muitas vezes fazem viver os que ficam, graças às remessas.

Nesta situação vem o Papa Francisco, como missionário da misericórdia. O Papa quer encontrar a gente e, como de costume, recusou o carro blindado e percorrerá as estradas com um veículo aberto. Traz a boa notícia do amor de Deus que é ternura, mas também justiça e liberdade. (BS)

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