(RV) Uma
cereja sobre o bolo. Foi assim que o Papa considerou o seu encontro com
as famílias na Catedral de cidade de Santiago última etapa da sua visita
a Cuba. O Papa agradeceu por lhe terem feito sentir em família, em
casa, ao longo destes dias. Agradeceu também ao cardeal, Dionísio
Garcia, arcebispo de Santiago e ao casal cubano que disse – teve a
coragem de partilhar com todos os seus anseios e esforços de viver o lar
como uma igreja doméstica.
Depois referiu-se ao Evangelho de São João que apresenta uma festa em
família: as bodas de Caná. As bodas – disse – são um momento especial,
em que sempre se une o passado que herdamos e o futuro que nos espera, é
uma abertura à esperança. E não é por nada que Jesus começa a sua vida
no seio duma família, de um lar; é nos lares que Ele continua a
inserir-se, a fazer parte, Ele gosta de se meter na família – disse o
Papa. E quando há uma dificuldade, um litígio, Ele está lá para nos
mostrar o amor de Deus. Com efeito, é em casa que aprendemos a
fraternidade, a solidariedade, a não ser prepotentes, a pedir perdão e a
ser perdoados, a nos deixarmos transformar, a procurar, sem máscaras, o
melhor para os outros.
É por isso que a comunidade cristã designa a família como “Igrejas
domésticas”, porque é nela que a fé permeia, é nela que se começa a
descobrir o amor concreto e operante de Deus.
O Papa constatou com amargura, que infelizmente, hoje faltam momentos
para estar juntos em família; então não se sabe esperar, pedir licença,
desculpa, dizer obrigado, porque a casa vai ficando vazia, vazia não de
pessoas, mas de relações, de contactos, de encontros…
“Sem família, sem o calor do lar, a vida torna-se vazia; começam a
faltar as redes que nos sustentam na adversidade, alimentam a vida
quotidiana e motivam na luta pela prosperidade. A família salva-nos de
dois fenómeno actuais: a fragmentação ou seja a divisão e a
massificação”.
Em ambos estes casos – continuou o Papa – as pessoas transformam-se
em indivíduos isolados, fáceis de manipular, de controlar. É como se
perdêssemos os fundamentos do nome que temos. E recordou que a família é
escola de humanidade, pedindo o favor de não nos esquecermos disto:
“As famílias não são um problema, são sobretudo uma oportunidade; uma
oportunidade que temos de cuidar, proteger, acompanhar, quer dizer, são
uma bênção”.
Hoje discute-se muito sobre que tipo de mundo se quer deixar aos
filhos: deixemos-lhes um mundo com famílias – disse o Papa, frisando que
não existem famílias perfeitas, mas que nem por isso a família deixa de
ser uma resposta para o amanhã. Recomendou, por isso que cuidemos das
nossas famílias, verdadeiras escolas do amanhã, pois Deus incentiva-nos
ao amor, e quem ama sempre se compromete com as pessoas que ama.
“Cuidemos das nossas famílias, verdadeiras escolas do amanhã.
Cuidemos das nossas famílias, verdadeiros espaços de liberdade. Cuidemos
das nossas famílias, verdadeiros centros de humanidades”.
E aqui o Papa teve um gesto de verdadeira ternura: recordando que nas
audiências da quarta-feira, quando circula por entre as pessoas muitas
mulheres grávidas lhe mostram a barriga, pedindo-lhe para abençoar o
filho que trazem no ventre. Então, disse a todas as “grávidas de
esperança” (porque um filho é uma esperança) presentes no encontro e que
o escutavam através dos meios de comunicação, para tocarem o ventre e
que ele lhes dava a bênção, para que o filho ou filha que trazem nasça
são e cresça bem.
Depois de dar a bênção às grávidas, o Papa disse que não queria
concluir sem fazer uma menção à Eucaristia, chamando a atenção para o
facto de Jesus ter escolhido como lugar para a última ceia um momento
vivido por todos, a ceia, precisamente. “A eucaristia é a ceia da
família de Jesus. Ele é o pão da vida das nossas famílias”.
Finalmente o Papa conclui recordando que daqui a poucos dias
participará no Encontro Mundial das Famílias e que em breve haverá o
Sínodo dos Bispos, cujo tema é a família para que - disse – “saibamos
todos ajudar-nos a cuidar da família, para que saibamos, cada vez mais,
descobrir o Emanuel, o Deus que vive no meio do seu povo, fazendo das
famílias a sua morada”.
(DA)
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