Hoje, quando
estiver sentado na minha sala esperando a celebração da Quinta Feira Santa vou
tentar abstrair-me de tudo, da tal forma que, como disse São Paulo, eu diminua
e Ele apareça.
Não, não vou fazer um esforço de imaginação e transportar-me para aquela
Mesa.
Mas vou-me deixar ficar à espera do meu tempo, do tempo em que Ele sem eu
perceber como, se der como alimento a mim, a este nada que no entanto Ele ama
com amor infinito
Não vou sentir o sabor do pão, da hóstia consagrada, mas vou sentir, eu
sei, chegar ao meu coração aquele infindo amor, aquela paz, aquela infinda
graça de me sentir possuído por Ele, sem cadeias nem correntes, mas com laços
de amor tão profundos que serão inquebráveis.
E então vou prostrar-me dentro de mim e vou dar-Lhe graças, vou goza-lO em
mim, vou deixar que Ele tudo toque em mim e por um tempo serei um com Ele e
Ele, um comigo.
E há-de vir o inimigo instilar em mim pensamentos de que aquilo não foi
nada, que só se O recebesse na hóstia consagrada é que era comunhão, que não
aconteceu ali Eucaristia nenhuma, mas apenas teatro, e então o Espírito Santo
há-de irromper em mim e dizer à horrenda figura: Vai-te que não és nada. Já
foste vencido. A Deus, nestas circunstâncias, basta o desejo sincero do coração
para tornar realidade a Comunhão desejada.
Nem me dou ao trabalho de o ver sair cabisbaixo, derrotado, porque o
Espírito Santo já me tomou nas Suas mãos e leva-me a Jesus e ao Pai, dizendo:
Aqui está ele. Já aprendeu connosco que o amor não tem distância.
E eu na minha sala vou dizer baixinho: Meu senhor e meu Deus. Glória a Ti, para
sempre!
Marinha Grande 9 de Abril de 2020
Joaquim Mexia Alves
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