"Ao celebrar o Dia
Mundial da Terra, hoje, somos chamados a redescobrir o sentido do
respeito sagrado pela terra, porque não é apenas a nossa casa, mas
também a casa de Deus", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
A catequese do Papa Francisco, desta quarta-feira (22/04), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia de coronavírus, foi dedicada ao 50º Dia Mundial da Terra.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
A catequese do Papa Francisco, desta quarta-feira (22/04), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico devido à pandemia de coronavírus, foi dedicada ao 50º Dia Mundial da Terra.
“Celebramos hoje o 50º Dia Mundial da Terra. É uma oportunidade
para renovar o nosso compromisso de amar a nossa Casa comum e cuidar
dela e dos membros mais frágeis de nossa família. Como a trágica
pandemia de coronavírus está a mostrar-nos, somente juntos e ajudando os
mais frágeis podemos vencer os desafios globais”, disse o Pontífice.
O Papa citou um trecho da sua Encíclica Laudato si’ “Sobre o
cuidado da Casa comum” e convidou a refletir sobre a responsabilidade
que caracteriza a “nossa passagem nesta terra”. A seguir, Francisco
disse:
“Somos feitos de matéria terrestre, e os frutos da terra
sustentam a nossa vida. Mas, como o livro do Gênesis nos recorda, não
somos simplesmente “terrestres”: também carregamos em nós o sopro vital que vem de Deus. Portanto, vivemos na Casa comum como uma única família humana e na biodiversidade com as outras criaturas de Deus. Como imago Dei,
somos chamados a cuidar e respeitar todas as criaturas e nutrir amor e
compaixão pelos nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais frágeis,
imitando o amor de Deus por nós, manifestado no seu Filho Jesus.
Nova maneira de olhar a nossa Casa comum
Segundo Francisco, “por causa do egoísmo, falhamos na nossa
responsabilidade como guardiões e administradores da terra. ‘Basta olhar
para a realidade com sinceridade para ver que há uma grande deterioração da
nossa Casa comum’.” “Nós a poluímos e depredamos, colocando em risco
a nossa própria vida. Por isso, vários movimentos internacionais e
locais foram formados para despertar as consciências”, frisou o Papa que
aprecia sinceramente estas iniciativas, reiterando “que ainda será
necessário que os nossos filhos saiam às ruas para nos ensinar o que é
óbvio, ou seja, que não há futuro para nós se destruirmos o ambiente que
nos sustenta”.
Para Francisco, “falhamos na proteção a terra, a nossa casa-jardim, e na proteção dos nossos irmãos. Pecamos contra a terra, contra o nosso
próximo e contra o Criador, o Pai bom que provê a todos e quer que
vivamos juntos em comunhão e prosperidade”.
“E como reage a Terra?”, perguntou o Papa, citando um “ditado espanhol que é muito claro nisso, e diz o seguinte:
A seguir, o Papa perguntou: Como podemos restabelecer uma relação harmoniosa com a terra e o resto da humanidade?
“Precisamos de uma nova maneira de olhar para a nossa Casa comum. Ela não é um depósito de recursos a serem explorados. Para
nós, fiéis, o mundo natural é o “Evangelho da Criação”, que expressa o
poder criativo de Deus em plasmar a vida humana e em fazer o mundo
existir junto com o que ele contém para sustentar a humanidade. A narração bíblica da criação termina assim: “E Deus viu tudo o que tinha feito, e tudo era muito bom”.”
Redescobrir o sentido do respeito sagrado pela terra
“Quando vemos estas tragédias naturais que são a resposta da Terra aos nossos maus-tratos,
penso: “Se eu perguntar ao Senhor agora o que ele pensa sobre isto, não
acredito que ele me diga que é uma coisa muito boa”. “Fomos nós que
arruinamos a obra do Senhor”, disse ainda o Papa, acrescentando:
Ao celebrar o Dia Mundial da Terra, hoje, somos chamados a
redescobrir o sentido do respeito sagrado pela terra, porque não é
apenas a nossa casa, mas também a casa de Deus. Daí vem a consciência em
nós de estarmos numa terra sagrada!
O Pontífice frisou que é necessário despertar “o sentido estético e contemplativo que Deus colocou em nós”. Segundo ele, “a profecia da contemplação é algo que aprendemos sobretudo com os povos nativos,
que nos ensinam, não podemos cuidar da Terra se não a amamos e não a
respeitamos. Eles têm a sabedoria do “bem viver”, do viver em harmonia
com a terra". A seguir, disse:
“A interdependência obriga-nos a pensar num só mundo, num projeto
comum”. "Estamos conscientes da importância de colaborar como comunidade
internacional para a proteção de nossa Casa comum".
Duas importantes Conferências internacionais
O Papa exortou os que têm autoridade de guiar o processo que levará a duas importantes Conferências internacionais: a COP15 sobre a Biodiversidade, em Kunming, na China, e a COP26 sobre Mudanças Climáticas,
em Glasgow, no Reino Unido. Incentivou a organização de ações miradas
no âmbito nacional e local, e a dar vida a um movimento popular “de
baixo”. “O Dia Mundial da Terra, que celebramos hoje, nasceu
assim. Cada um de nós pode dar a sua pequena contribuição”, disse,
citando um trecho da Encíclica Laudato si: “E não se pense que estes
esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas ações espalham, na
sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível
constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que tende sempre a
difundir-se, por vezes invisivelmente”.
Francisco concluiu a sua catequese, pedindo que “neste tempo de
renovação pascal, procuremos amar e apreciar o magnífico dom da terra,
a nossa Casa comum e a cuidar de todos os membros da família humana. Como
irmãos e irmãs, supliquemos juntos ao nosso Pai celestial: “Envia o teu
Espírito e renova a face da terra”.
VN
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