19 fevereiro, 2012

Catequese e Renovamento



Isabel Moraes Marques

Formas de Louvor
É necessário que, no contexto do grupo carismático de oração, o coordenador seja um instrumento dócil ao Espírito de Deus e atento às suas moções. Só assim poderá levar os participantes do grupo a uma vida cristã adulta e poderosa, uma vida repleta de frutos do Espírito, amadurecidos e transbordantes, uma vida de santidade e de apostolado, no centro do qual está Jesus como Senhor e Salvador. E porque todos queremos ser carismáticos, não apenas de nome mas verdadeiramente movidos e dirigidos pelo Espírito santo, a Revista Pneuma iniciou, do número de Agosto/Setembro, uma série de artigos fundamentados em ensinamentos do Pe. Alírio Pedrini, especialista de teologia do Espírito Santo e do Renovamento Carismático, com uma vasta e preciosa obra de ‘«literatura carismática» publicada. O primeiro artigo lançou uma pergunta «Grupo de oração, ou grupo carismático der oração?», a que se seguiu um conjunto de três artigos sobre o louvor. «O louvor do grupo carismático», «Louvor inspirado» e, agora neste número de Fevereiro, «Formas de Louvor».
O Espírito santo tem suscitado e renovado, através do Renovamento Carismático, formas profundas e ricas de louvor individual e comunitário. Para os participantes no Renovamento, algumas formas de louvor parecem estranhas, diferentes e, até, incompreensíveis. Por um lado, não fomos educados para a oração mais espontânea, mas pessoal, que brota do coração de quem ora; por outro lado, estas formas comunitárias de louvor, comuns nas comunidades dos primeiros séculos, desapareceram (pela maior fixação de orações escritas e prescritas) mas, depois de experimentadas, revelam a sua beleza, facilidade e eficácia espiritual. Para que todos possam aprender a louvar, participando cada vez melhor nas reuniões de oração, passamos a apresentar as várias formas enunciadas pelo Pe. Alírio.

1.  LOUVOR INDIVIDUAL

É a forma de louvar mais simples e bem conhecida no Renovamento. Pode ser feito a sós, na oração pessoal, ou nas reuniões de oração. Vamos referir-nos ao louvor individual usando uma reunião de oração. Louvor individual é aquele pronunciado por uma pessoa, que louva em voz alta e é ouvido por todos os outros. Os ouvintes acompanham o louvor em silêncio, com o coração atento e alegre por perceberem que o Senhor está a ser elogiado; no final, podem participar e confirmar o louvor com alguma exclamação: «Glória ao senhor!» ou «Louvado seja o Senhor», ou «Aleluia». Um após outro, vários louvores vão desfilando, entremeados por cânticos de louvor. Nos grupos participantes, assim como nos grupos que não evoluíram e sonde esta é quase a única forma de louvar, observaremos três tipos de louvor individual: louvor esperado, mini-louvor e louvor variedades.
Louvor esperado: É o louvor individual feito por várias pessoas, uma após outra, mas sem um tema. Como uma manta de retalhos, neste louvor vão-se sucedendo os mais diversos motivos de louvor: um louva a Deus pela criação; outro, pela sua família, outro, pela alegria; outro, pelo sucesso do filho; outro, pela cura recebida; outro, pelas forças que tem para superar os problemas. Os louvores são como peças separadas, não havendo um assunto definido, uma linha. Em grupos principiantes, deve aceitar-se tranquilamente este louvor; porém, não pode continuar para sempre. O coordenador deve perceber o momento certo de amadurecer o grupo, ensinando, exercitando, introduzindo novas formas mais adultas e ricas.

Mini-louvor: é o louvor individual realizado em frases muito curtas, em que o pensamento, o tema, não foi desenvolvido por palavras mais esclarecedoras. Quem ouve o mini-louvor não percebe, em maior dimensão, o porquê daquele louvor. Dois exemplos de mini-louvor: «Senhor, eu vos louvo pela vida que me destes. Eu vos louvo, Senhor»; «Louvado sejais sempre, Senhor, pelo nosso grupo de oração. Obrigado, Senhor». O mini-louvor não é mau, não é errado, é bom em si mesmo. Há pessoas simples que só podem exprimir as suas ideias em frases curtas. Respeitemo-las; devem continuar a fazer o mini-louvor. No entanto, os coordenadores precisam de ensinar os participantes dos grupos a desenvolver e explicar o seu louvor. O louvor mais explicado é uma forma de motivar o grupo ao crescimento espiritual. Ouvindo bons louvores, não só aprendemos a louvar como, às vezes, aprendemos novas verdades e realidades da nossa fé, da nossa vida, da nossa Igreja.

Louvor-variedades: é o louvor no qual a pessoa que ora relata uma série variada de motivos e louva ao mesmo tempo por todos, sem esclarecer os porquês daquele louvor. Um exemplo de louvor-variedades: «Senhor Deus, Pai criador, eu vos louvo pelo Sol que criastes, pelas plantas, pelo mar, pelos passarinhos, pelos rios e fontes, pelos peixes. Toda a glória e louvor a vós, Senhor». Este louvor-variedades não é errado, é louvor e, portanto, bom em si mesmo. Mas pode ser melhorado, tomando um só tema, por exemplo, o Sol, e explorando-o em profundidade: «Senhor Pai criador, eu vos louvo pelo sol que criastes; a sua existência é tão importante e imprescindível para nós, para a nossa vida e saúde. Os seus raios iluminam a Terra e do teu calor beneficiam a todos os animais e plantas. Pelas maravilhas do Sol e todo o bem e beleza que dele recebemos, glória e louvor a vós, Senhor».

2.  LOUVOR INDIVIDUAL INSPIRADO

Geralmente, o louvor individual feito nas reuniões de oração é o louvor esparso: não devolve um tema, não acompanha uma inspiração, o que bem mostra a falta de conhecimento e de atenção ao Espírito Santo. É preciso aprender e deixar-se inspirar para que este louvor siga um tema. Como fazer para chegar a este louvor? Relembremos o que já explicámos em número anterior desta revista: saberqu3e o inspirador é o Espírito santo; entregar-se ao Espírito esvaziando-se de si, e educar-se para ouvir com os ouvidos do coração e do corpo. O tema do louvor surgirá ou da oração inicial do coordenador; ou do cântico inicial; um de uma palavra bíblica que foi colocada no início da reunião; ou do louvor espontâneo de alguém. Quando surgir o tema, todos devem entrar e ficar no tema, por todo o tempo que o Espírito for inspirando. Tudo convergirá para o tema: os louvores, os cânticos, as profecias, as palavras bíblicas. Às vezes, vem outro tema inspirado; em geral, este novo tema virá, da seguinte forma, ligado ao primeiro.
O louvor individual inspirado enriquece muito a vida espiritual, proporcionando o crescimento de cada um e do grupo. É, pois, fundamental que os coordenadores percebam a necessidade de ensinar e treinar os participantes do grupo para a forma de louvar, com ensinamentos claros, repetidos, e exercícios constantes. A maior parte dos coordenadores encontra dificuldades no crescimento do grupo, exactamente pela falta de imaginação. Apresentamos um exercício criativo para desenvolver a capacidade de descobrir muitos e variados motivos para louvar. O coordenador começa por dar ao grupo um tema, por exemplo: Deus é bom. A seguir, pede que os participantes conversem dois a dois, ou três a três, para encontrar o maior número de motivos para louvar a Deus porque Ele é bom. Após cinco minutos de trabalho, o coordenador pede que digam, em voz alta, todos os motivos encontrados. Por fim, o coordenador leva o grupo a louvar, baseado nos motivos apresentados. Este exercício muito simples aumenta a capacidade dos presentes para a participação no louvor inspirado. Em cada reunião de oração os coordenadores podem fazer este exercício de cada vez com outro tema.

3.  LOUVOR PARTICIPADO

Participar é tomar parte em alguma coisa, em algum acontecimento. O louvor participado só pode ser feito em reuniões de oração; é louvor comunitário, é participar no louvor da comunidade, no louvor do grupo de oração. Há três tipos de louvor participado: individual. Comunitário ou misto.
Louvor participado individual é aquele proferido por uma pessoa após outra, com o fim de reafirmar e completar o louvor feito por alguém. Suponhamos que estás numa reunião de oração. Quando alguém concluiu o seu louvor, tu, que ouvistes atentamente, animado e alegre pelo louvor do irmão, louvas o Senhor pelos mesmos motivos apresentados no louvor anterior. A seguir, outras pessoas que se sentem motivadas e inspiradas continuam a louvar pelo mesmo motivo. A seguir, outras pessoas que se sentem motivadas e inspiradas continuam a louvar pelo mesmo motivo. O louvor participado individual deve ser feito em voz firme e bem audível por todos; todos precisam de perceber que tu queres louvar individualmente.
Louvor participado comunitário é aquele realizado por grande parte dos participantes da reunião de oração, ou até mesmo por todos, orando ao mesmo tempo em voz alta e, assim, participando do louvor feito por outra pessoa. Todos os que sentiram a inspiração prorrompem em louvor, orando ao mesmo tempo. É como que um coro de vozes louvando alegremente o Senhor. É necessário saber ouvir atenta e inteligentemente todas as orações feitas em voz alta, como também perceber o conteúdo, o significado e a beleza da oração dos irmãos, para poder participar comunitariamente, com entusiasmo e vibração. Após este coro de vozes, normalmente é entoado um cântico de louvor, animado e piedoso.
Louvor participado misto é aquele que reúne a participação individual e a participação comunitária. De que maneira? Após um louvor feito por alguém, aqueles que se sentem inspirados passam a participar, alguns individualmente, outros, comunitariamente.

4.  LOUVOR DESENCADEADO

Outra forma rica e bela de louvor. Ensinada, aprendida e realizada, será uma nova riqueza para o grupo de oração, sobretudo para o amadurecimento e vivacidade das reuniões de oração. O louvor desencadeado realiza-se com um participante que louva em voz alta. Os outros escutam, atentamente, para receber a inspiração. Em dado momento, durante esta oração de louvor, alguém recebe inspiração e começa a louvar simultaneamente com o primeiro, em voz audível mas menos forte. Depois outros que ouvem o louvor também sentem o impulso e começam a participar dele; e assim sucessivamente. Duas observações práticas sobre este louvor: aquele que inicia o louvor com voz forte, ao ouvir os outros entrarem no louvor desencadeado deve diminuir o volume da voz, para não dominar ou abater o louvor dos outros; ao terminar o seu louvor desencadeado, ninguém deve fazer aquela conclusão costumeira «Glória a Ti, Senhor!» pois cortaria o andamento natural do louvor.
Poder-se-ia perguntar: qual a diferença entre o louvor participado e o desencadeado? No louvor participado comunitário, todos louva ao mesmo tempo, em voz altar, por um único motivo apresentado no louvor de alguém e assumido por todos. No louvor desencadeado, pelo contrário, todos louvam em voz alta, ao mesmo tempo, mas cada qual por um motivo seu, pessoal, particular. Cada louvor é distinto um do outro. É importante que se compreenda esta diferença. Para que os membros do grupo aprendam e usem este louvor, é preciso explicá-lo, ensiná-lo, exercitá-lo.
Ao concluir estes ensinamentos sobre o louvor e as suas formas, uma palavra de incentivo para os coordenadores dos grupos de oração. Os coordenadores devem estar muito atentos ao processo de crescimento e amadurecimento das formas de louvar dos participantes do grupo. Prosseguir com um grupo não amadurecido, não carismático, e não ter a coragem de planear a transformação deste num grupo verdadeiramente carismático é condenar os participantes a um estado primário e privá-los de uma evolução maravilhosa na vida do Espírito e do envolvimento em algo grandioso que é um grupo carismático de oração. Se o coordenador foi chamado pelo Senhor a ser pastor, servidor de uma parcela do Seu rebanho, o Senhor espera que ele sirva o melhor possível. Basta que o coordenador faça um planeamento de ensinamentos e exercícios e, aos poucos, o aplique em cada reunião de oração, obedecendo às moções e inspirações do Espírito santo, que quer ser a alma das pessoas e dos grupos de oração.
Revista Pneuma n.º 244, de Fevereiro de 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário