O Papa Francisco em Genebra, nos 70 anos do Conselho Ecuménico das Igrejas
(AFP or licensors)
O compromisso
ecuménico é uma das prioridades do Papa Francisco. Desde as suas
primeiras palavras como bispo da Igreja de Roma, quando afirmou “que
preside na caridade todas as Igrejas”, ao seu pedido de bênção ao
patriarca Bartolomeu, assim como na sua “procura de unidade e paz” em
Genebra, nos 70 anos do Conselho Ecuménico das Igrejas
A continuidade com os predecessores, a linha do Concílio
Desde então Francisco, numa sucessão de gestos, encontros, discursos e declarações comuns com homens e mulheres de diferentes Igrejas, tem mostrado que a construção da unidade visível da Igreja de Cristo é uma das prioridades do seu pontificado. Isto explica o seu compromisso para superar as divisões e fortalecer a comunhão, com o objetivo de tornar cada vez mais eficaz a missão do anúncio e do testemunho da palavra de Deus. A sua escolha de colocar entre as prioridades da Igreja Católica a participação plena e ativa no caminho ecumênico está em profunda continuidade com seus predecessores, a começar por São João XXIII, na linha da transmissão do Concílio Vaticano II.
Francisco e Bartolomeu como Paulo VI e Atenágoras
Uma semana depois do conclave que o elegeu, Francisco abraçou Bartolomeu I chamando-o de “André” como herdeiro do apóstolo. O Papa repetiu o gesto de Paulo VI com o Patriarca de Constantinopla Atenágoras em Jerusalém, quando em 5 de janeiro de 1964, Atenágoras chamou Paulo VI de “Pedro”. E anunciou aos representantes das Igrejas cristãs e outras religiões, "a firme vontade de continuar no caminho do diálogo ecuménico", na esteira dos seus antecessores. Mais tarde encontrou-se com Bartolomeu em Jerusalém, em Roma e Istambul.
Abençoado por Bartolomeu
Em 29 de novembro de 2014, na Igreja Patriarcal de São Jorge em Istambul, no final da oração ecuménica, o Papa Francisco inclina-se diante do Patriarca, pedindo para ser abençoado por ele. No dia seguinte, durante a Divina liturgia ortodoxa, o Papa diz as seguintes palavras ao seu convidado:
Encontrar-nos, olhar o rosto um do outro, trocar o abraço de paz, rezar um pelo outro são dimensões essenciais do caminho para o restabelecimento da plena comunhão para a qual tendemos.
Evangelii gaudium: a diversidade reconciliada no Espírito
O Papa Francisco esclarece esta urgência no compromisso ecuménico, ao dedicar alguns parágrafos na Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, de 23 de novembro de 2013, um autêntico programa do seu pontificado. Um compromisso que, escreve no parágrafo 244, corresponde à oração de Jesus que pedindo “que todos sejam um só”: peregrinemos juntos e para isso, devemos “abrir o coração ao companheiro de estrada sem desconfianças procurando a paz no rosto do único Deus”. No parágrafo 230 explica que “a unidade do Espírito harmoniza todas as diversidades”, na espécie de um pacto cultural que faça surgir uma “diversidade reconciliada”.
Cristãos chamados a uma conversão à misericórida
O Papa convida todos os cristãos a um caminho de conversão à misericórdia, cristãos que simplesmente não estão mais divididos, mas sentem-se unidos na descoberta diária do que já partilham, sem esquecer as questões doutrinárias que ainda impedem a plena comunhão. Nesta direção Francisco encontra uma profunda harmonia com os chefes das Igrejas e os responsáveis pelos organismos ecuménicos. Pensemos no encontro de 14 de junho de 2013 com o novo Arcebispo de Canterbury Justin Welby, no qual ele convida anglicanos e católicos a trabalharem juntos "para dar voz ao grito dos pobres", para que não sejam abandonados às leis de uma economia que muitas vezes considera o homem "apenas como consumidor". Pedindo para não esperar a solução de problemas teológicos para trabalhar juntos. Este ano, a pandemia da Covid-19 impediu que o Papa e o Primaz da Igreja Anglicana visitassem juntos o Sudão do Sul, que se encontra num difícil caminho de reconciliação interna após anos de guerra civil.
Roma e Moscovo, o primeiro abraço em Cuba
Igualmente histórico é o primeiro encontro entre um Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica e um Patriarca de Moscou e todas as Rússias, em 12 de fevereiro de 2016, em Cuba. Francis e Kirill escolheram a América Latina e não a Europa porque no velho continente o diálogo ecuménico deve enfrentar as feridas históricas das divisões. Assinam uma declaração conjunta na qual abordam questões sensíveis como a questão greco-católica e a Ucrânia, e lançam um apelo conjunto pela paz na Síria e no Iraque e em defesa da família "com base no casamento homem-mulher". Definem os "cristãos vítimas de perseguição" como "mártires do nosso tempo, pertencentes a várias Igrejas, mas unidos por um sofrimento comum".
O ecumenismo do sangue, cristãos unidos no martírio
Esta reiterada denúncia da perseguição dos cristãos no século XXI une ainda mais o Papa Francisco a São João Paulo II, que, em vista do Jubileu do Ano 2000, esperava uma comunhão ecuménica dos mártires de cada uma das Igrejas. O Papa argentino fala de “ecumenismo de sangue”, recordando que “em alguns países cristãos, os cristãos são mortos porque carregam uma cruz ou têm uma Bíblia, e antes de matá-los não perguntam se são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos".
Os 500 anos da Reforma recordados juntos
Um outro passo para uma plena reconciliação das memórias é a comemoração conjunta luterano-católica dos 500 anos da Reforma em 31 de outubro de 2016 na Catedral Luterana de Lund, na Suécia. O Papa e os seus convidados propõem um profundo repensar das riquezas espirituais e doutrinárias do século XVI, num espírito de partilha que infelizmente não existiu em todos os séculos anteriores.
Genebra, peregrinação “na procura de unidade e paz”
E chegamos à peregrinação "na procura de unidade e paz" realizada por Francisco em 21 de junho de 2018 em Genebra, por ocasião do 70º aniversário da fundação do Conselho Ecuménico de Igrejas. No decorrer da oração ecuménica, o Pontífice recorda que " as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, infiltrou-se uma mentalidade mundana”.
Primeiro eles alimentaram os seus próprios interesses, depois os de Jesus Cristo. Nestas situações, o inimigo de Deus e do homem teve facilidade em nos separar, porque a direção que estávamos a seguir era a da carne, não a do Espírito.
Desde então Francisco, numa sucessão de gestos, encontros, discursos e declarações comuns com homens e mulheres de diferentes Igrejas, tem mostrado que a construção da unidade visível da Igreja de Cristo é uma das prioridades do seu pontificado. Isto explica o seu compromisso para superar as divisões e fortalecer a comunhão, com o objetivo de tornar cada vez mais eficaz a missão do anúncio e do testemunho da palavra de Deus. A sua escolha de colocar entre as prioridades da Igreja Católica a participação plena e ativa no caminho ecumênico está em profunda continuidade com seus predecessores, a começar por São João XXIII, na linha da transmissão do Concílio Vaticano II.
Francisco e Bartolomeu como Paulo VI e Atenágoras
Uma semana depois do conclave que o elegeu, Francisco abraçou Bartolomeu I chamando-o de “André” como herdeiro do apóstolo. O Papa repetiu o gesto de Paulo VI com o Patriarca de Constantinopla Atenágoras em Jerusalém, quando em 5 de janeiro de 1964, Atenágoras chamou Paulo VI de “Pedro”. E anunciou aos representantes das Igrejas cristãs e outras religiões, "a firme vontade de continuar no caminho do diálogo ecuménico", na esteira dos seus antecessores. Mais tarde encontrou-se com Bartolomeu em Jerusalém, em Roma e Istambul.
Abençoado por Bartolomeu
Em 29 de novembro de 2014, na Igreja Patriarcal de São Jorge em Istambul, no final da oração ecuménica, o Papa Francisco inclina-se diante do Patriarca, pedindo para ser abençoado por ele. No dia seguinte, durante a Divina liturgia ortodoxa, o Papa diz as seguintes palavras ao seu convidado:
Encontrar-nos, olhar o rosto um do outro, trocar o abraço de paz, rezar um pelo outro são dimensões essenciais do caminho para o restabelecimento da plena comunhão para a qual tendemos.
Evangelii gaudium: a diversidade reconciliada no Espírito
O Papa Francisco esclarece esta urgência no compromisso ecuménico, ao dedicar alguns parágrafos na Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”, de 23 de novembro de 2013, um autêntico programa do seu pontificado. Um compromisso que, escreve no parágrafo 244, corresponde à oração de Jesus que pedindo “que todos sejam um só”: peregrinemos juntos e para isso, devemos “abrir o coração ao companheiro de estrada sem desconfianças procurando a paz no rosto do único Deus”. No parágrafo 230 explica que “a unidade do Espírito harmoniza todas as diversidades”, na espécie de um pacto cultural que faça surgir uma “diversidade reconciliada”.
Cristãos chamados a uma conversão à misericórida
O Papa convida todos os cristãos a um caminho de conversão à misericórdia, cristãos que simplesmente não estão mais divididos, mas sentem-se unidos na descoberta diária do que já partilham, sem esquecer as questões doutrinárias que ainda impedem a plena comunhão. Nesta direção Francisco encontra uma profunda harmonia com os chefes das Igrejas e os responsáveis pelos organismos ecuménicos. Pensemos no encontro de 14 de junho de 2013 com o novo Arcebispo de Canterbury Justin Welby, no qual ele convida anglicanos e católicos a trabalharem juntos "para dar voz ao grito dos pobres", para que não sejam abandonados às leis de uma economia que muitas vezes considera o homem "apenas como consumidor". Pedindo para não esperar a solução de problemas teológicos para trabalhar juntos. Este ano, a pandemia da Covid-19 impediu que o Papa e o Primaz da Igreja Anglicana visitassem juntos o Sudão do Sul, que se encontra num difícil caminho de reconciliação interna após anos de guerra civil.
Roma e Moscovo, o primeiro abraço em Cuba
Igualmente histórico é o primeiro encontro entre um Bispo de Roma, Papa da Igreja Católica e um Patriarca de Moscou e todas as Rússias, em 12 de fevereiro de 2016, em Cuba. Francis e Kirill escolheram a América Latina e não a Europa porque no velho continente o diálogo ecuménico deve enfrentar as feridas históricas das divisões. Assinam uma declaração conjunta na qual abordam questões sensíveis como a questão greco-católica e a Ucrânia, e lançam um apelo conjunto pela paz na Síria e no Iraque e em defesa da família "com base no casamento homem-mulher". Definem os "cristãos vítimas de perseguição" como "mártires do nosso tempo, pertencentes a várias Igrejas, mas unidos por um sofrimento comum".
O ecumenismo do sangue, cristãos unidos no martírio
Esta reiterada denúncia da perseguição dos cristãos no século XXI une ainda mais o Papa Francisco a São João Paulo II, que, em vista do Jubileu do Ano 2000, esperava uma comunhão ecuménica dos mártires de cada uma das Igrejas. O Papa argentino fala de “ecumenismo de sangue”, recordando que “em alguns países cristãos, os cristãos são mortos porque carregam uma cruz ou têm uma Bíblia, e antes de matá-los não perguntam se são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos".
Os 500 anos da Reforma recordados juntos
Um outro passo para uma plena reconciliação das memórias é a comemoração conjunta luterano-católica dos 500 anos da Reforma em 31 de outubro de 2016 na Catedral Luterana de Lund, na Suécia. O Papa e os seus convidados propõem um profundo repensar das riquezas espirituais e doutrinárias do século XVI, num espírito de partilha que infelizmente não existiu em todos os séculos anteriores.
Genebra, peregrinação “na procura de unidade e paz”
E chegamos à peregrinação "na procura de unidade e paz" realizada por Francisco em 21 de junho de 2018 em Genebra, por ocasião do 70º aniversário da fundação do Conselho Ecuménico de Igrejas. No decorrer da oração ecuménica, o Pontífice recorda que " as divisões entre cristãos deram-se porque na raiz, na vida das comunidades, infiltrou-se uma mentalidade mundana”.
Primeiro eles alimentaram os seus próprios interesses, depois os de Jesus Cristo. Nestas situações, o inimigo de Deus e do homem teve facilidade em nos separar, porque a direção que estávamos a seguir era a da carne, não a do Espírito.
Missionários juntos para serem mais unidos
No encontro ecuménico realizado na Sede do centro Ecuménico de
Genebra, ainda em 21 de junho de 2018, o Papa destaca que “aquilo de que
temos verdadeiramente necessidade é dum novo ímpeto evangelizador”.
Estou convencido que, se aumentar o impulso missionário, crescerá também a unidade entre nós. Como nos primórdios o anúncio marcou a primavera da Igreja, assim a evangelização marcará o florescimento duma nova primavera ecuménica.
Estou convencido que, se aumentar o impulso missionário, crescerá também a unidade entre nós. Como nos primórdios o anúncio marcou a primavera da Igreja, assim a evangelização marcará o florescimento duma nova primavera ecuménica.
Um caminho essencial para os discípulos de Cristo
O Pontífice que “veio do fim do mundo” prossegue a tradição de
receber uma delegação ecuménica da Finlandia durante a Semana de oração
pela unidade dos cristãos, no Dia de Santo Henrique. E na audiência de
19 de janeiro de 2019, foi particularmente incisivo. Recordem que o
caminho ecuménico é "uma exigência essencial" de nossa fé, um
"requisito" que vem do facto de sermos discípulos de Cristo.
Assim como seguimos o mesmo Senhor, compreendemos cada vez mais que o ecumenismo é um caminho, um caminho que, como os vários Pontífices constantemente sublinharam desde o Concílio Vaticano II, é irreversível. This is not an optional way.
Assim como seguimos o mesmo Senhor, compreendemos cada vez mais que o ecumenismo é um caminho, um caminho que, como os vários Pontífices constantemente sublinharam desde o Concílio Vaticano II, é irreversível. This is not an optional way.
VN
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