31 maio, 2020

Papa no Regina Coeli: que tenhamos a coragem de sair melhores desta crise



"Precisamos tanto da luz e da força do Espírito Santo! A Igreja precisa disso, para caminhar em harmonia e corajosamente, testemunhando o Evangelho. E toda a família humana precisa disso, para sair desta crise mais unida e não mais dividida. Vocês sabem que de uma crise como esta não se sai igual, como antes; sai-se, ou melhores ou piores. Que tenhamos a coragem de mudar, de sermos melhores, de sermos melhores do que antes e de podermos construir positivamente o pós-crise da pandemia." 

Cidade do Vaticano 

Não podia ser mais simbólico e significativo o Regina Coeli que marcou o reencontro do Papa Francisco com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o que não acontecia desde início de março: a Solenidade de Pentecostes.

E ao despedir-se dos presentes num domingo primaveril e de temperatura amena - e antes de pronunciar ainda, o tradicional “por favor, não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo” - o Santo Padre disse que temos “tanta necessidade da luz e da força do Espírito Santo. A Igreja tem necessidade disso, para caminhar concorde e corajosa, testemunhando o Evangelho; e disso tem necessidade toda a família humana, para sair desta crise mais unida e não mais dividida”.

Aos tradicionais protocolos de segurança para ingressar na Praça de São Pedro, somaram-se agora as medidas sanitárias preventivas contra o contágio do coronavírus, ou seja, desinfetar as mãos com álcool gel, manter a distância de segurança, o uso de máscaras. Para atender a demanda de peregrinos que tende a crescer gradualmente e dar mais fluidez às filas em tempos de distanciamento social, foram instalados novos detetores de metal sob as colunatas de São Pedro.
 
Missionárias da caridade na Praça de São Pedro

"Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Agora que a praça está aberta, podemos voltar. É um prazer!"

O Evangelho de São João proposto pela liturgia do dia, inspirou a alocução do Santo Padre. De facto, a leitura “remete-nos à noite da Páscoa e mostra-nos Jesus ressuscitado que aparece no Cenáculo, onde os discípulos se tinham refugiado. "Pôs-se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco!"" 

Comunidade não reconciliada, não está pronta para a missão

Estas primeiras palavras pronunciadas pelo Ressuscitado: "A paz esteja convosco" – explicou o Papa - devem ser consideradas mais do que uma saudação:

Expressam o perdão, o perdão concedido aos discípulos que, para dizer a verdade, o tinham abandonado. São palavras de reconciliação e de perdão. E também nós, quando desejamos paz aos outros, estamos a dar o perdão e também a pedir perdão. Jesus oferece a sua paz precisamente a esses discípulos que têm medo, que custam a acreditar no que viram, ou seja, o sepulcro vazio, e subestimam o testemunho de Maria Madalena e das outras mulheres. Jesus perdoa, perdoa sempre, e oferece a sua paz aos sesus amigos. Não se esqueçam: Jesus nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão.”

Assim, ao perdoar e reunir os discípulos em seu redor, “Jesus faz deles uma Igreja, a sua Igreja, que é uma comunidade reconciliada e pronta para a missão. Quando uma comunidade não é reconciliada, não está pronta para a missão".
“O encontro com o Senhor ressuscitado dá uma reviravolta na existência dos apóstolos e os transforma em testemunhas corajosas.”
Tudo é orientado para a missão
O Papa então, recorda que as palavras de Jesus que se seguem - "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” - fazem entender que os apóstolos são enviados para dar continuidade à mesma missão que o Pai confiou a Jesus: "Eu vos envio a vós": “não é tempo de estarem trancados nem de recordarem com saudades os "bons tempos" passados ​​com o Mestre”. E explica:
A alegria da ressurreição é grande, mas é uma alegria expansiva, que não deve ser retida para si. No domingo do Tempo Pascal, ouvimos pela primeira vez esse mesmo episódio, após o encontro com os discípulos de Emaús, portanto o bom Pastor, os discursos de despedida e a promessa do Espírito Santo: tudo é orientado para fortalecer a fé dos discípulos - e também a nossa - em vista à missão.

E precisamente para animar a missão – disse o Papa -  que Jesus dá aos Apóstolos o seu Espírito: "Soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo"":
“O Espírito Santo é fogo que queima os pecados e cria homens e mulheres novos; é fogo de amor com o qual os discípulos poderão "incendiar" o mundo, aquele amor de ternura que privilegia os pequenos, os pobres, os excluídos ... Nos sacramentos do Batismo e da Confirmação recebemos o Espírito Santo com os seus dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade, temor de Deus.”
Sair para fora dos muros de proteção

Este último dom em particular, enfatizou o Santo Padre -  “é precisamente o oposto do medo que antes paralisava os discípulos: é o amor pelo Senhor, é a certeza da sua misericórdia e da sua bondade, é a confiança de poder seguir na direção por Ele indicada, sem que nunca nos falte a sua presença e oseu apoio”:

A festa de Pentecostes renova a consciência de que em nós habita a presença vivificante do Espírito Santo; Ele também nos dá a coragem para sair fora dos muros protetores dos nossos "cenáculos",  dos grupinhos, sem recostar-nos na vida tranquila ou fechar-nos em hábitos estéreis.

Elevemos então o nosso pensamento para Maria, ela estava ali, com os apóstolos, quando veio o Espírito Santo,  protagonista com a primeira comunidade da admirável experiência de Pentecostes, e peçamos a ela para obter para a Igreja o ardente espírito missionário.
 
Humanidade deve sair da crise mais unida e não mais dividida

Depois de rezar o Regina Coeli, o Papa recordou que nunca se sai igual de uma crise como esta:

Precisamos tanto da luz e da força do Espírito Santo! A Igreja precisa disto, para caminhar em harmonia e corajosamente, testemunhando o Evangelho. E toda a família humana precisa disto, para sair dessa crise mais unida e não mais dividida. Vocês sabem que de uma crise como esta não saiem iguais, como antes; sai-se, ou melhores ou piores. Que tenhamos a coragem de mudar, de sermos melhores, de sermos melhores do que antes e de podermos construir positivamente o pós-crise da pandemia.

 
VN

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