08 maio, 2018

Papa: não dialogar com o diabo, é um grande mentiroso

.
 Papa celebra a missa na Casa Santa Marta  (Vatican Media)
.
Na homilia na Casa Santa Marta, Francisco comentou o Evangelho de João e pediu aos fiéis que façam como as crianças amedrontadas: recorrer à Mãe. 

Debora Donnini – Cidade do Vaticano 

Não nos devemos aproximar do diabo nem dialogar com ele: é “um derrotado”, mas perigoso porque seduz e, como um cão raivoso encoleirado, morde se é acariciado. Esta é a advertência do Papa Francisco feita na homilia da Missa na Casa Santa Marta.

Toda a sua reflexão foi inspirada na figura do diabo que não morreu, mas “já foi condenado”, como diz o Evangelho da Liturgia do dia extraído de João (Jo 16,5-11). “Podemos dizer que é moribundo”- disse o Papa –, mas é em todo caso um “derrotado”.
Porém, não é fácil convencer-mo-nos, porque “o diabo é um sedutor”, “sabe quais palavras a usar”, e “nós gostamos de ser seduzidos”, explicou Francisco:

E ele tem esta capacidade; esta capacidade de seduzir. Por isso é muito difícil entender que é um derrotado, porque ele apresenta-se com grande poder, promete tantas coisas, traz presentes – bonitos, bem embrulhados – “Oh, que lindo!” – mas não sabemos o que tem dentro – “Mas o papel de fora é bonito”. Ele seduz-nos com o embrulho sem nos mostrar o que tem dentro. Sabe apresentar as suas propostas para a nossa vaidade, a nossa curiosidade. 

Mentiroso 

Os caçadores, de facto, dizem para não nos aproximar-mos de crocodilo que está para morrer porque com a cauda  pode ainda matar. “É perigosíssimo”: apresenta-se com todo o seu poder, “as suas propostas são mentiras” e “nós, tolos, acreditamos”.

O diabo, de facto, “é um grande mentiroso, o pai da mentira”. “Sabe falar bem”, “é capaz de cantar para enganar”: “é um derrotado, mas move-se como um vencedor”. A sua luz é radiante “como fogo de artifício”, mas não dura, desaparece, enquanto a luz do Senhor é “ténue, mas permanente”. 

Sedutor 

O diabo – reiterou Francisco – “seduz-nos, sabe tocar a nossa vaidade, a curiosidade e nós compramos tudo”, isto é, “caímos na tentação”. Portanto, é “um derrotado perigoso”. “Devemos estar atentos ao diabo”, exorta então o Papa, convidando, como diz Jesus, a vigiar, rezar e jejuar. Assim se vence a tentação. Depois, é fundamental “não nos aproximar-mos dele” porque, como dizia um Pai da Igreja, é como um cão “bravo”, “raivoso”, preso pela corrente e que não deve ser acariciardo porque morde: 

Se eu sei que espiritualmente aproximando-me daquele pensamento, daquele desejo, se vou daquele lado ou de outro, estou a aproximar-me do cão nervoso e encoleirado. Por favor, não o faça. “Tenho uma grande ferida...” – “Quem fez isto?” – “O cão” – “Mas ele estava preso?” – “Eh, sim, não se aproxime para lhe fazer um carinho” – “Então procurou.o”. É assim: jamais te aproximes porque está preso. Deixa-o preso ali. 

Recorrer à mãe 

Por fim, devemos estar atentos a não dialogar com o diabo como fez, ao invés, Eva: “ela acreditou ser a grande teóloga e caiu”. Jesus não o faz: no deserto, responde com a Palavra de Deus. Expulsa os demónios, algumas vezes pergunta o nome, mas não dialoga com eles. A exortação do Papa, portanto, é muito clara: “Com o diabo não se dialoga, porque ele vence-nos, é mais inteligente do que nós”. Ele fantasia-se de anjo da luz, mas é “um anjo da sombra, um anjo da morte”:

É um condenado, é um derrotado, é um encoleirado que está para morrer, mas é capaz de fazer estragos. E nós devemos rezar, fazer penitencia, não nos aproximarmos, não dialogar com ele. E no final, procurar a mãe, como as crianças. Quando as crianças têm medo, procuram a mãe: “Mãe, mãe… estou com medo!”, quando sonham... procuram a mãe. Procurar Nossa Senhora; ela protege-nos. E os Pais da Igreja, sobretudo os místicos russos, dizem: nos tempos de turbamentos espirituais, refugiar-se sob o manto da grande Mãe de Deus. Procurar a Mãe. Que Ela nos ajude nesta luta contra o derrotado, contra o cão encoleirado para vencê-lo.

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco


VATICAN NEWS

Sem comentários:

Enviar um comentário