Sala Clementina: funcionários do jornal Avvenire e familiares
(Vatican Media)
Na manhã de terça-feira (01/05), dia
dedicado a São José Operário, Francisco refletiu sobre a figura deste
‘homem do silêncio’ e alertou os jornalistas: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a pensar e a julgar”.
Cidade do Vaticano
Na manhã de terça-feira (01/05), o Papa Francisco recebeu em audiência especial no Vaticano cerca de 400 funcionários do jornal italiano católico ‘Avvenire’ e os seus familiares. O cotidiano foi fundado em Milão há 50 anos.
No dia dedicado a São José Operário, Francisco presenteou o grupo com
uma reflexão sobre a figura deste santo trabalhador definindo-o ‘homem
do silêncio’.
O silêncio e a dignidade atribuída pelo trabalho
Lembrando que “o silêncio pode parecer como a antítese do
comunicador”, o Papa iniciou afirmando que “o silêncio de José é
habitado pela voz de Deus e gera a obediência da fé”.
“Homem justo, capaz de se doar ao sonho de Deus, José encarrega-se das pessoas e situações que a vida lhe confia: é um educador e pai que sabe fazer crescer a vida, acompanhar as pessoas e transmitir o trabalho”, prosseguiu.
“A dignidade humana não se relaciona ao dinheiro, à visibilidade ou
ao poder, mas ao trabalho”, frisou, comparando a marcenaria de José à
redação deste jornal, onde o trabalho teve que ser reorganizado e
harmonizado com as novas tecnologias e a colaboração com as outras
mídias ligadas à Conferência Episcopal Italiana.
O Evangelho anunciado como beleza e bem comum
“Neste panorama, a Igreja sente que a sua voz não pode faltar, fiel à
missão que a chama ao anúncio do Evangelho da misericórdia. A mídia
oferece enormes potencialidades para contribuir na cultura do encontro”,
destacou, convidando os jornalistas, por um momento, a focarem a
comunicação como verdade, beleza e bem comum.
O marceneiro de Nazaré convida-nos a reencontrar o sentido da saudável lentidão, da calma e da paciência: “Com o seu silêncio, recorda-nos que tudo tem início com a escuta, para abrir-se à palavra e à história do próximo”, ressaltou Francisco.
O Papa dirigiu algumas recomendações aos ‘amigos do Avvenire’: “Não
se cansem de buscar a verdade com humildade; escutem, aprofundem,
comparem. Contribuam para superar contraposições estéreis e prejudiciais
e sejam companheiros de quem se dedica à justiça e à paz”.
Ninguém é 'excesso'
“Desejo que saibam afinar e defender esta visão; que superem a
tentação de não ver, afastar ou excluir. Encorajo-vos a não discriminar, a
não considerar ninguém como ‘excesso’, a não se contentarem do que os
outros já veem. Que ninguém, além dos pobres, dos últimos e dos
sofredores, dite a sua agenda. Não aumentem a fila daqueles que contam a
parte de realidade já iluminada pelos refletores. Comecem pelas
periferias, conscientes de que não são o fim, mas início da cidade”.
Francisco mencionou um discurso feito por Paulo VI em 1971 aos
comunicadores: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a
pensar e a julgar”. E neste sentido, encorajou os jornalistas a evitar a
informação de fácil consumo, que não compromete; a aproximarem-se das
pessoas com respeito e a apostar em relações que constituem e reforçam
as comunidades.
Amor pela causa
“Nada cria proximidade como a misericórdia”, frisou, concluindo com outras palavras de Paulo VI:
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