Papa Francisco na mensagem de vídeo sobre as formas modernas de escravidão
(Vatican News)
O fórum “Velhos problemas no novo mundo”
teve início no último sábado (05/05), em Buenos Aires, e prossegue até à
próxima terça-feira (08/05).
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco enviou uma mensagem de vídeo, nesta segunda-feira
(07/05), ao 2º Fórum Internacional sobre as formas modernas de
escravidão intitulado “Velhos problemas no novo mundo”, organizado em
Buenos Aires, pela arquidiocese ortodoxa, guiada pelo Metropolita
Tarasios, e pelo Instituto Ortodoxo “Patriarca Atenágoras” de Berkley,
Califórnia, com o patrocínio do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla.
O fórum teve início no último sábado (05/05) e prossegue até à próxima
terça-feira (08/05).
O objetivo do encontro é reunir profissionais políticos, teólogos e
estudiosos provenientes da América Latina e outras regiões, para dar
continuidade à conversa iniciada no primeiro fórum, incluindo outras
questões como saúde pública, tecnologia e comunidades vulneráveis.
O Papa inicia a mensagem esclarecendo que “a escravidão não é algo de
outros tempos – mas tem profundas raízes e manifesta-se ainda hoje de
várias formas: tráfico de seres humanos, exploração do trabalho por meio
de dívidas, exploração de crianças, exploração sexual e trabalho
doméstico forçado são algumas das muitas formas. Cada uma delas é mais
grave e desumana do que a outra”.
Segundo algumas estatísticas recentes, “atualmente existem mais de 40
milhões de pessoas, homens, mas principalmente mulheres e crianças, em
situação de escravidão”.
Para o Papa Francisco a nossa primeira grande tarefa, “é conhecer o
tema, ninguém pode ficar indiferente e, de algum modo, cúmplice desse
crime contra a humanidade".
"Há alguns que, estando diretamente envolvidos em organizações
criminosas, não querem que se fale sobre isto, simplesmente porque obtêm
altos benefícios graças às novas formas de escravidão."
"Há também aqueles que, apesar de conhecerem o problema, não querem
falar porque estão ali onde termina a “cadeia de consumo”, como
consumidores dos “serviços” que oferecem homens, mulheres e crianças que
se tornaram escravos. Não nos podemos distrair: todos somos chamados a
sair de todas as formas de hipocrisia, enfrentando a realidade. O
problema não está nas calçadas diante de nós: o problema envolve-nos.
Não podemos olhar para o outro lado e declarar a nossa ignorância ou a nossa
inocência."
Francisco prossegue: “A segunda tarefa é agir a favor dos que se
tornaram escravos: defender os seus direitos, impedir que os corruptos e os
criminosos escapem da justiça e mantenham o controle sobre as pessoas
escravizadas”.
Situação Social
Falando da situação social o Papa diz que “não são suficientes
as políticas de Governos e Organismos Internacionais para o combate da
exploração de seres humanos, se as causas não forem enfrentadas", ou
seja, "as raízes mais profundas do problema”.
"Quando os países vivem na pobreza extrema, violência e corrupção, nem
a economia, nem o quadro legislativo e nem as infraestruturas de base
são eficazes. Não conseguem garantir a segurança, os bens e os direitos
essenciais. Deste modo, é mais fácil que os autores desses crimes
continuem a agir na impunidade total".
"Há um dado sociológico: o crime organizado e o tráfico ilegal de
seres humanos escolhem as vítimas entre as pessoas que hoje possuem
meios escassos de subsistência e menos esperança no futuro". Elas
estão "entre os mais pobres, marginalizados e descartados”.
“A resposta de base é criar oportunidades para um desenvolvimento
humano integral, iniciando com a educação de qualidade: este é o ponto
chave […] Educação e trabalho”.
O que fazer
Para realizar este imenso trabalho, o Papa convida todos: “é
preciso um esforço comum e global por parte de todos os membros da
sociedade”. E prossegue: “a Igreja deve comprometer-se com essa tarefa […].
Nós cristãos, todos juntos, somos chamados a desenvolver cada vez mais
uma maior colaboração para superar as desigualdades e discriminações”,
que é exatamente o que propicia a escravidão.
"Juntos podemos construir uma sociedade renovada e orientada à
liberdade, à justiça e à paz”, concluiu o Papa na mensagem de vídeo.
Fórum precedente
O fórum precedente realizou-se, em Istambul, na Turquia, nos dias 6 e
7 de fevereiro de 2017, graças à colaboração entre o patriarca
ecuménico Bartolomeu I e o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, primaz
da Comunhão Anglicana.
No final do encontro, centrado no flagelo do tráfico de seres
humanos, Bartolomeu e Welby assinaram uma declaração conjunta,
expressando o compromisso comum para erradicar todas as formas de
escravidão moderna.
VATICAN NEWS
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