Praça São Pedro na Audiência Geral
(Vatican Media)
”Na manhã de Páscoa, levem as crianças
até a torneira e lavem os olhos delas. Será um sinal de como ver Jesus
Ressuscitado”, disse o Papa ao conclui ra sua catequese sobre o Tríduo
Pascal.
Cidade do Vaticano
O anúncio de que Cristo ressuscitou é o centro de nossa fé!
O Papa Francisco dedicou a catequese da Audiência Geral desta
quarta-feira ao Tríduo Pascal, “para aprofundar um pouco” o que
representam para nós, crentes, os dias “mais importantes do ano
litúrgico”, que constituem “a memória celebrativa de um único grande
mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus”.
O Papa começou por perguntar aos 12 mil fiéis presentes na Praça São
Pedro qual era a festa mais importante da nossa fé, a Páscoa ou o Natal?
E recordou, que até aos 15 anos, ele acreditava que fosse o Natal,
“mas todos erramos”, pois é a Páscoa, “porque é a festa da nossa
salvação, a festa do amor de Deus por nós, a festa, a celebração da sua
morte e ressurreição”.
Tríduo Pascal
“O Tríduo – explicou o Pontífice - começa amanhã com a Missa da
Ceia do Senhor e concluir-se-á com as vésperas do Domingo da
Ressurreição, depois vem a “Pasquetta” para celebrar esta grande festa”,
mas estes dias constituem a memória celebrativa de um grande e único
mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus.
Estes dias marcam as etapas fundamentais de nossa fé e da nossa
vocação no mundo, e todos os cristãos são chamados a viver os três dias
Santos como, por assim dizer, a “matriz” da sua vida pessoal e
comunitária, como viveram os nossos irmãos judeus o êxodo do Egito.
Estes três dias, de facto –frisou o Papa – “repropõe ao povo cristão
os grandes eventos da salvação operados por Cristo, e assim o projetam
no horizonte de seu destino futuro e o fortalecem no seu compromisso de
testemunha na história”.
O Canto da Sequência anuncia solenemente que “Cristo, nossa
esperança, ressuscitou e nos precede na Galileia”. Aqui, Tríduo Pascal
encontra o seu ápice, disse Francisco, que explica:
“Ele contém não somente um anúncio de alegria e de esperança, mas
também um apelo à responsabilidade e à missão. E não acaba com a
“colomba” (especiaria pascal italiana, ndr), os ovos, as festas. Isto é
bonito, é bonito porque é a festa de família, mas não fica nisto. Começa
ali com o caminho à missão, ao anúncio: Cristo ressuscitou”.
E este anúncio, ao qual o Tríduo conduz preparando-nos para
acolhê-lo, é o centro da nossa fé e da nossa esperança, é o cerne, é o
anúncio, é o kerigma que continuamente evangeliza a Igreja e que esta, por sua vez, é convidada a evangelizar”.
Batismo
"O Cordeiro que foi imolado". Assim São Paulo fala de Cristo, e com
Ele “as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo”. No Tríduo
Pascal “a memória deste acontecimento fundamental se faz celebração
plena de reconhecimento e, ao mesmo tempo, renova nos batizados o
sentido de sua nova condição”:
“E por isto, no dia de Páscoa, desde o início batizava-se as
pessoas. Também na noite deste sábado eu batizarei aqui, em São Pedro,
oito pessoas adultas que começam a vida cristã. E começa tudo: nasceram
de novo”.
Cristo, o único que nos justifica
São Paulo também recorda-nos que Cristo “foi entregue à morte por causa das nossas culpas e ressuscitou para nossa justificação”:
“O único, o único que nos justifica; o único que nos faz renascer
de novo é Jesus Cristo. Nenhum outro. E por isto não se deve pagar nada,
porque a justificação – o fazer-se justos – é gratuita. E esta é a
grandeza do amor de Jesus: dá a vida gratuitamente para nos fazer
santos, para nos renovar, para nos perdoar. E isto é o cerne deste
Tríduo Pascal”.
No Tríduo Pascal é renovado nos batizados o sentido da sua nova
condição, como diz São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as
coisas lá do alto":
“Olhem para o alto. Olhar, olhar o horizonte, ampliar os
horizontes: esta é a nossa fé, esta é a nossa justificação, este é o
estado de graça”.
“Um cristão, se verdadeiramente se deixa lavar por Cristo, se
verdadeiramente se deixa despojar por Ele do homem velho para caminhar numa vida nova, mesmo permanecendo pecador - porque todos o somos -
não pode ser corrupto: a justificação de Jesus salva-nos da corrupção –
somos pecadores, mas não corruptos -, não pode viver com a morte na alma
e muito menos ser causa de morte”.
Falsos cristãos
O Papa então, diz que “deve dizer uma coisa triste e dolorosa”:
“Existem cristãos fingidos, aqueles que dizem “Jesus ressuscitou”,
“eu fui justificado por Jesus”, estou na vida nova, mas vivo uma vida
corrupta. E estes falsos cristãos acabarão mal. O cristão – repito, é
pecador – todos o somos, eu sou. O corrupto finge ser uma pessoa
honrada, mas no final, no seu coração existe a podridão. Jesus dá-nos
uma vida nova. O cristão não pode viver com a morte na alma e nem ser
causa de morte.”
“Pensemos – para não ir muito longe – pensemos em casa, pensemos nós assim chamados “cristãos mafiosos”.
Mas eles, de cristão, não têm nada. Dizem-se cristãos, mas levam a
morte na alma, e aos outros. Rezemos por eles, para que o Senhor toque
nas suas almas”.
Lavar os olhos das crianças
O Papa recorda que em muitos países, no dia de Páscoa, quando tocam
os sinos, as mães, as avós, lavam os olhos das crianças com água, com a
água da vida, num sinal para que possam ver as coisas de Jesus, as
coisas novas.
“Deixemo-nos nesta Páscoa – foi o convite de Francisco – lavar a
alma, lavar os olhos da alma, para ver as coisas belas, e fazer
coisas belas. E isto é maravilhoso! Esta é justamente a Ressurreição de
Jesus após a sua morte, que foi o preço para salvar todos nós”.
Presença da Virgem Maria
O Papa convida a dispormo-nos a viver bem este Tríduo Santo já
iminente “para estar sempre mais profundamente inseridos no mistério de
Cristo, morto e ressuscitado por nós” e pede que a Virgem Maria nos
acompanhe neste itinerário espiritual:
Ela, “que seguiu Jesus na sua paixão, ela estava lá, olhava,
sofria, esteve presente e unida a Ele aos pés da cruz, mas não se
envergonhava do filho. Uma mãe nunca se envergonha do filho. Estava lá, e
recebeu no seu coração de mãe a imensa alegria da ressurreição. Que ela
nos obtenha a graça de estarmos interiormente envolvidos pelas
celebrações dos próximos dias, para que o nosso coração e a nossa vida
sejam realmente transformados por elas”.
O Santo Padre concluiu, desejando a todos “os mais cordiais votos de
uma feliz e santa Páscoa, juntamente com as vossas comunidades e os
seus queridos”.
E dou-vos um conselho, disse o Santo Padre ao concluir: ”Na manhã de Páscoa, levem as crianças até a torneira e lavem os seus olhos. Será um sinal de como ver Jesus Ressuscitado”.
VATICAN NEWS
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