(RV) Neste
dia de mais um terramoto na Itália central, o sol brilhava, todavia em
todo o país, e a Praça de São Pedro estava mais do que nunca repleta de
fiéis que acompanharam a reflexão do Papa e rezaram com ele o Angelus,
ao meio dia.
Como sempre o Papa comentou o evangelho deste domingo, em que São
Lucas narra um episódio da vida de Jesus ocorrido em Jericó, onde vivia
Zaqueu, um dos chefes de cobradores de impostos. Rico e colaborador dos
romanos que ocupavam a região, Zaqueu não podia aproximar-se de Jesus
devido aos seus pecados e ainda por cima era de estatura baixa. Então
subiu para cima de uma árvore, um sicómoro, à beira da estrada por onde o
Mestre ia passar. Ao vê-lo Jesus disse-lhe para descer porque queria
parar na sua casa.
Tudo isto acontece antes de se dar em Jerusalém a condenação, a morte
na cruz e a ressurreição de Jesus. Em poucas palavras, o desígnio da
salvação da misericórdia do Pai para com a humanidade – comenta o Papa,
acrescentando que nesse desígnio está também a salvação de Zaqueu, um
homem desonesto e desprezado por todos e por isso mesmo necessitado de
conversão.
Mas a multidão não compreende porque é que Jesus entra na casa dum
pecador e murmura. Guiado pela misericórdia, Jesus procurava
precisamente Zaqueu, para fazer compreender que o Filho do homem veio
procurar e salvar quem estava perdido.
Se Jesus tivesse posto em evidencia os pecados de Zaqueu – disse o
Papa, a multidão teria aplaudido, mas como o acolheu e parou na sua
casa, murmurou.
Por vezes, prosseguiu o Papa na sua reflexão, procuramos corrigir e
converter um pecador, repreendendo-o, fazendo-lhe notar os seus erros e
seu comportamento injusto. Mas a atitude de Jesus em relação a Zaqueu
indica-nos um outro caminho:
“O de mostrar a quem erra o seu valor, aquele valor que Deus
continua a ver não obstante tudo. Isto pode provocar uma surpresa
positiva, que enternece o coração e leva a pessoa a trazer ao de cima o
bom que tem em si. É o dar confiança às pessoas que as faz crescer e
mudar. É assim que Deus se comporta com todos nós, não fica bloqueado
pelo pecado, mas supera-o com o amor e nos faz sentir a nostalgia do bem”.
Que Nossa Senhora nos ajude a ver o bom que há nas pessoas que
encontramos dia por dia, a fim de que todos sejamos encorajados a fazer
emergir a imagem de Deus no nosso coração. E assim possamos alegrar-nos
pela surpresa da misericórdia de Deus – rematou o Papa, passando a rezar
as avé maria…
Depois da oração mariana do Angelus, o Papa recordou que ontem em
Madrid foram proclamados beatos quatro mártires, assassinados no século
passado em Espanha durante a perseguição contra a Igreja. Trata-se de
José Antón Gómez, Antolín Pablos Villanuvea, Juan Rafael Maria Alcocer
Martínez e Lus Vidaurrázaga Gonzáles, todos sacerdotes benedetinos.
Louvemos o Senhor e confiemos à sua intercessão os irmãos e as irmãs que
infelizmente ainda hoje, em várias parte do mundo, são perseguidos pela
fé em Cristo – disse o Papa.
Francisco exprimiu também a sua proximidade aos povos da Itália
Central, atingida pelo terramoto. Também esta manhã houve um forte abalo
– disse, informando que reza ao Senhor pelos feridos e pelas famílias
que tiveram os maiores prejuízos, assim como também pelo pessoal
empenhado nos socorros e na assistência. O Senhor Ressuscitado lhes dê
força e Nossa Senhora os proteja.
Os Papa saudou depois diversos grupos da Itália, da Eslovénia,da
Irlanda presentes na Praça de São Pedro, concluindo com uma referência à
viagem de dois dias que o leva a partir de amanhã à Suécia por ocasião
dos 500 anos da Reforma protestante.
“Nos próximos dois dias, realizarei uma viagem apostólica à
Suécia, por ocasião da comemoração da Reforma, em que católicos e
luteranos se reunirão para recordar e rezar. Peço a todos vós que rezeis
a fim de que esta viagem seja uma nova etapa no caminho da fraternidade
em direcção à plena comunhão”.
Sábado, por volta das 19 horas de Roma, o Papa deslocou-se do
Vaticano à Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma, para
confiar a Nossa Senhora a sua iminente viagem à Suécia.
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