(RV) O Papa recebeu nesta sexta-feira dia 21 de
outubro na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 255 participantes no
Encontro Internacional de Pastoral Vocacional, promovido pela
Congregação para o Clero.
Em seu discurso, Francisco expressou seu temor em usar algumas
expressões comuns da linguagem eclesial. Por exemplo, disse, Pastoral
Vocacional poderia dar a impressão de ser um dos tantos setores da ação
eclesial, um departamento curial ou a elaboração de um projeto.
O Papa afirma que tudo isso é importante, mas a Pastoral Vocacional é
bem mais do que isto “é um encontro com o Senhor”. A acolhida de Cristo
é um encontro decisivo, que ilumina a nossa existência, nos livra da
angústia do nosso pequeno mundo e nos torna discípulos apaixonados pelo
Mestre:
“A Pastoral Vocacional é aprender o estilo de Jesus, que passa pelos
lugares da vida cotidiana, se detém, sem pressa, e, olhando os irmãos
com misericórdia, os conduz ao encontro com Deus Pai. Ele é o ‘Deus
conosco’, que vive entre seus filhos, não teme misturar-se entre a
multidão das nossas cidades”.
Aqui, Francisco citou o exemplo da vocação de Mateus: Jesus saiu de
novo a pregar, depois viu Levi sentado no banco de impostos e, enfim, o
chamou. O Papa se deteve nestes três verbos evangélicos para indicar o
dinamismo de toda pastoral vocacional: “sair, ver e chamar”. Explicando o
primeiro verbo “sair”, disse:
“A Pastoral Vocacional precisa de uma Igreja em movimento, capaz de
ampliar seus confins, com base no grande coração misericordioso de
Deus... Devemos aprender a sair da nossa rigidez, que nos tornam
incapazes de comunicar a alegria do Evangelho, das fórmulas anacrônicas e
das análises preconcebidas, que envolvem a vida das pessoas em esquemas
frios”.
Neste sentido, dirigindo-se sobretudo aos pastores da Igreja, aos
Bispos e aos Sacerdotes, o Papa disse: “Vocês são os principais
responsáveis das vocações cristãs e sacerdotais; saindo, vocês podem
ouvir os jovens, ajudá-los a discernir as ações dos seus corações e
orientar os seus passos. Somos chamados a ser pastores no meio ao povo, a
animar a pastoral do encontro e a dispor de tempo para acolher e ouvir
os outros, sobretudo os jovens. A seguir, o Santo Padre explicou o
segundo verbo, “ver”:
“Quando Jesus passa pelas ruas, pára e cruza seu olhar com o do
outro, sem pressa. Eis o que torna atraente e fascinante o seu chamado.
Hoje, infelizmente, a pressa e velocidade dos estímulos nem sempre
deixam espaço ao silêncio interior, no qual ressoa o chamado do Senhor”.
Às vezes, constatou Francisco, é possível correr este risco em nossas
comunidades: pastores e agentes pastorais podem cair num ativismo vazio
por causa da pressa e dos seus compromissos. Mas, o Evangelho nos
ensina que a vocação inicia com um olhar de misericórdia.
Mateus não viu em Jesus um olhar de desprezo ou de julgamento, mas um
olhar no seu interior. Logo um olhar de discernimento. Aqui, o Papa
explicou a terceira ação de Jesus com Mateus, “chamar”:
“Chamar é o terceiro verbo típico da vocação cristã. Jesus não faz
longos discursos, não apresenta um programa a se aderir e nem respostas
preconcebidas. Eles se limita em dizer ‘segue-me’, Jesus suscita o
desejo de pôr-se em marcha e de deixar uma vida sedentária”.
Este desejo de busca destaca-se sobretudo nos jovens: é o tesouro que
o Senhor coloca em nossas mãos, que deve ser mantido, cultivado e
germinado. O Pontífice convida os presentes a ajudar os jovens a pôr-se a
caminho e descobrir a alegria do Evangelho de Jesus. E concluiu,
exortando sobretudo os Bispos e Sacerdotes:
“Tenham coragem de promover a Pastoral Vocacional mediante métodos possíveis, exercendo a arte do discernimento.”
(MT)
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