(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência no
Vaticano, no final da manhã desta sexta-feira dia 28 de outubro, os
participantes do I Congresso Internacional dos Vigários e Delegados
Episcopais para a Vida Consagrada.
Depois de ouvir a saudação do promotor do evento, o Cardeal
brasileiro João Braz de Aviz, o Papa fez seu discurso refletindo sobre
três dimensões da vida consagrada: a sua presença dentro da Igreja
particular, a criação de novos Institutos e as relações mútuas.
Francisco citou alguns documentos da Igreja para ressaltar que a vida
consagrada é “um capital espiritual que contribui ao bem de todo o
corpo de Cristo” e não somente das famílias religiosas. Portanto, o
Pontífice pediu aos bispos, vigários e delegados para a vida consagrada
que acolham este dom como “elemento decisivo para a sua missão”,
promovendo em suas dioceses os diferentes carismas, antigos e novos. Aos
consagrados, Francisco recordou que a autonomia e isenção não podem se
confundir com isolamento e independência. Os bispos são chamados a
respeitar, sem manipular, a pluridimensionalidade que constitui a
Igreja. Por sua vez, os consagrados devem se recordar que não são um
patrimônio fechado, mas uma dimensão integrada no corpo da Igreja.
Maturidade eclesial
Quanto à criação de novos Institutos, o Papa reforçou que cabe ao
bispo diocesano discernir e reconhecer a autenticidade dos dons
carismáticos, levando em consideração inúmeros critérios: a
originalidade do carisma, a sua dimensão profética, a sua inserção na
vida da Igreja particular, o compromisso evangelizador e a também a sua
dimensão social. O bispo deve verificar ainda que o fundador ou a
fundadora tenha demonstrado maturidade eclesial e uma vida que não
contradiga a ação do Espírito Santo. O pastor tem ainda a obrigação de
consultar sempre previamente a Congregação para os Institutos de Vida
Consagrada e a as Sociedades de Vida Apostólica.
“No momento de erigir um novo instituto não podemos pensar somente na
utilidade para a Igreja particular”, afirmou Francisco, acrescentando
que os Bispos, seus vigários e delegados não devem ser simplórios na
decisão, já que assumem uma responsabilidade em nome da Igreja
universal. Ao ser criado, deve-se pensar que o Instituto será destinado a
crescer e a sair dos confins da Diocese que o viu nascer. Além disso, o
Papa pediu uma atenção especial à formação dos candidatos à vida
consagrada.
Responsabilidade
Por fim, o Pontífice falou da relação entre bispos e consagrados –
tema que será debatido no Congresso em andamento e matéria de estudo da
Congregação para a Vida Consagrada.
“Não existem relações mútuas lá onde alguns comandam e outros se
submetem, por medo ou conveniência. Mas há relações mútuas onde se
cultiva o diálogo, a escuta respeitosa, a recíproca hospitalidade, o
encontro e o desejo de fraterna colaboração pelo bem da Igreja. Tudo
isso é responsabilidade seja dos bispos, seja dos consagrados”, reiterou
o Papa, que prosseguiu: “Neste sentido, somos todos chamados a ser
‘pontífices’, construtores de pontes. O tempo atual requer comunhão no
respeito das diversidades. Não tenhamos medo da diversidade que provém
do Espírito”.
Francisco concluiu pedindo uma atenção especial às irmãs
contemplativas. “Acompanhem-nas com afeto fraterno, tratando-as como
mulheres adultas, respeitando as competências que lhes são próprias, sem
interferências indevidas.”
“Queridos irmãos, amem a vida consagrada e para este fim, busquem
conhecê-la em profundidade. Construam relações mútuas a partir da
eclesiologia de comunhão, do princípio de coessencialidade e da justa
autonomia que compete aos consagrados”, foi a exortação final do Papa.
(BF)
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