(RV) Quarta-feira, 19 de outubro: na audiência
geral na Praça de S. Pedro, Francisco desenvolveu uma catequese sobre
duas obras de misericórdia: dar de comer a que tem fome e dar de beber a
quem te sede.
A experiência da fome é dura – referiu o Papa – que o diga quem
viveu períodos de guerra ou de carestia. E todavia esta experiência
repete-se todos os dias, verificando-se, por vezes, mesmo ao lado da
abundância e do desperdício – sublinhou.
Uma das consequências do «bem-estar» é levar as pessoas a fecharem-se
em si mesmas, tornando-se insensíveis às necessidades dos outros –
disse o Santo Padre.
Perante certas notícias e sobretudo certas imagens, a opinião pública
sente-se interpelada e adere a campanhas de ajuda que visam estimular a
solidariedade; esta frutifica em doações generosas, contribuindo assim
para aliviar o sofrimento de muita gente – salientou Francisco.
No entanto – afirmou o Papa – esta forma de caridade é importante,
mas talvez não nos toque e não nos faça vibrar pessoalmente. Mas quando
nos cruzamos com uma pessoa necessitada, ou quando um pobre bate à nossa
porta, já o caso é diferente, porque à nossa frente não temos uma
imagem, mas a pessoa real que nos interpela – observou o Santo Padre.
Neste caso viramos a cara para o lado? Fingimos não ver? Vejo se a
posso socorrer de algum modo, ou procuro libertar-me o mais depressa
possível?
Perante estas interrogações, Francisco recordou que muitas vezes
recitamos o “Pai Nosso” e não tomamos atenção a estas palavras: «O pão
nosso de cada dia nos dai hoje».
O Papa referiu as palavras de S. Tiago na leitura proposta logo no início da audiência:
“São sempre atuais as palavras do apóstolo Tiago: ‘De que
aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé se não tiver obras?
Aquela fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiverem nus e precisarem
de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz,
aquecei-vos e saciai-vos», sem lhes dar o que é necessário ao corpo de
que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras é morta
em si mesma.’ ”
“Há sempre alguém que tem fome e sede e tem necessidade de mim” –
declarou o Papa afirmando que aquela pessoa necessitada, aquele pobre
precisa “da minha ajuda, da minha palavra, do meu compromisso”.
Francisco recordou ainda a passagem do Evangelho de Marcos que nos
apresenta a afirmação de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. O Papa
referiu que este episódio é “uma lição muito importante para nós.
Diz-nos que o pouco que temos se o confiamos nas mãos de Jesus e o
partilhamos com fé, torna-se numa riqueza superabundante”.
Francisco citou na sua catequese as palavras de Bento XVI na
Encíclica Caritas in Veritate: “Dar de comer a quem tem fome é um
imperativo ético para a Igreja Universal”.
No final da sua catequese o Santo Padre pediu para não esquecermos as
palavras de Jesus que nos dizem: “Eu sou o pão da vida” e “Quem tem
sede venha a mim”. “Através do dar de comer a quem tem fome e do dar de
beber a quem tem sede, passa a nossa relação com Deus, um Deus que
revelou em Jesus o seu rosto de misericórdia” – disse o Papa na
conclusão da sua catequese.
Nas saudações aos peregrinos o Papa Francisco dirigiu-se aos
peregrinos de língua portuguesa presentes na audiência vindos de Mogi
Guaçu e de Pereiras e desejou-lhes a graça de experimentarem neste Ano
Jubilar a graça da grande “força da Misericórdia, que nos faz entrar no
coração de Deus e nos torna capazes de olhar o mundo com mais bondade.”
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção.
(RS)
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