(RV) O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal
Pietro Parolin, encontra-se em Fátima, Portugal, no âmbito da
peregrinação internacional aniversária de outubro das aparições de Nossa
Senhora.
“Imagino que devem ter pensado que, por ocasião do 99º aniversário
das aparições, ter a presença do colaborador direto do Papa Francisco
poderia ser uma boa preparação para o centenário que será no próximo
ano”, frisou o purpurado numa entrevista divulgada pela sala de imprensa
do Santuário de Fátima.
A peregrinação internacional de outubro assinala a sexta aparição de
Nossa Senhora na Cova da Iria e este ano tem como tema “Quem perder a
sua vida… vai encontrá-la”.
“Reflito sobre o significado de Fátima e sobretudo deixo-me envolver,
porque não sou só uma presença institucional, mas sobretudo um filho
que visita a sua Mãe”, disse o purpurado segundo a Agência Ecclesia.
Segue, na íntegra, a saudação do Cardeal Parolin proferida, na tarde desta quarta-feira (12/10), na Capelinha das Aparições.
Santuário de Fátima
Saudação aos Peregrinos
12 de outubro 2016
Sinto-me feliz por estar aqui, peregrino com todos vós, neste lugar
onde se encontram o coração da Virgem Mãe e o coração da Igreja. Centro
destes corações, é o coração de Jesus Cristo Senhor nosso. E o desejo
que aqui me traz peregrino, juntamente convosco, é o de encontrar o
coração de Cristo – nele há esperança de misericórdia, paz e salvação
para todos – com o coração da Mãe e com o coração da Igreja.
Esta é uma graça grande; devemos preparar-nos bem. Porque, no
coração, não se entra de ânimo leve nem com ligeireza; não se entra com
violência nem com a força; e também não se entra com o engano.
Só um coração «de portas abertas» nos permite o encontro. Pois bem! O
coração da Mãe, o coração da Igreja, o coração de Cristo são
verdadeiramente «portas abertas»; sempre abertas, em todas as estações
da nossa vida. E convidam a entrar, repetindo-nos esta palavra vital que
Deus dirige a cada um e cada uma de nós: «se quiseres, podes…»; «se
quiseres, vem…».
E como podemos entrar no santuário do coração? Só se entra bem,
dizendo: «Obrigado». Meus irmãos e irmãs, aquele desejo de encontro que
nos trouxe até aqui é ditado pela gratidão; uma gratidão tanto mais
sincera e autêntica quanto mais nos vamos dando conta de que aquelas
portas estão abertas por amor: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe
entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se
perca, mas tenha a vida eterna (...) e o mundo seja salvo por Ele» (Jo
3, 16.17).
Quem entra cheio de gratidão nos corações da Mãe, da Igreja, de
Cristo, não pode deixar de ficar maravilhado, vendo neles um modo de
viver diverso daquele do mundo. Enquanto o mundo vive seguindo a lei do
mais forte e se deixa tragicamente encantar pela mentira, aqueles
corações vivem a lei da mansidão e da reconciliação, transbordantes de
beleza, verdade e paz. O mundo faz da corrupção o segredo duma vida
bem-sucedida, ao passo que aqueles corações refulgem com a justiça e a
fraternidade que jorram do coração da Santíssima Trindade.
E este seu modo de viver tão diverso relativamente ao mundo enche-nos
de maravilha, inflamando-se o nosso desejo de o seguir. Como fazê-lo
nosso? Com o mesmo Artista que o tornou possível nos corações da Mãe, da
Igreja e de Cristo, ou seja, o Espírito Santo. Ora, como certamente
sabeis, irmãos e irmãs bem-amados, as portas do coração da Mãe, do
coração da Igreja, do coração de Cristo e, consequentemente, de Deus que
sempre estão abertas para nos deixar entrar, permanecem igualmente
abertas para nos fazer sair. Se verdadeiramente entrarmos neles com
gratidão, se verdadeiramente nos demorarmos a contemplar maravilhados,
então sairemos muito diferentes de como tínhamos entrado. Sairemos
animados por um compromisso comum: o compromisso de dar a conhecer a
todos a existência, o carinho e o projeto que pulsa no coração da Mãe,
no coração da Igreja, no coração da Trindade Una e Santa. Como nos
recorda o apóstolo Paulo, este compromisso – o serviço sagrado do
Evangelho – é o verdadeiro sacrifício de louvor, o sacrifício agradável a
Deus.
Queridos irmãos e irmãs, espero que possais, nesta peregrinação,
experimentar plenamente tudo isto: gratidão, maravilha, compromisso
comum. E peço-vos para rezardes pelo Papa Francisco e por mim, para que
também eu possa fazer esta mesma experiência. Ponhamos de lado qualquer
temor e caminhemos, juntos, ao encontro do Senhor.
(MJ)
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