13 outubro, 2016

Cardeal Parolin, peregrino em Fátima




(RV) O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, encontra-se em Fátima, Portugal, no âmbito da peregrinação internacional aniversária de outubro das aparições de Nossa Senhora.

“Imagino que devem ter pensado que, por ocasião do 99º aniversário das aparições, ter a presença do colaborador direto do Papa Francisco poderia ser uma boa preparação para o centenário que será no próximo ano”, frisou o purpurado numa entrevista divulgada pela sala de imprensa do Santuário de Fátima.

A peregrinação internacional de outubro assinala a sexta aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria e este ano tem como tema “Quem perder a sua vida… vai encontrá-la”.

“Reflito sobre o significado de Fátima e sobretudo deixo-me envolver, porque não sou só uma presença institucional, mas sobretudo um filho que visita a sua Mãe”, disse o purpurado segundo a Agência Ecclesia.

Segue, na íntegra, a saudação do Cardeal Parolin proferida, na tarde desta quarta-feira (12/10), na Capelinha das Aparições.

Santuário de Fátima

Saudação aos Peregrinos

12  de outubro 2016

Sinto-me feliz por estar aqui, peregrino com todos vós, neste lugar onde se encontram o coração da Virgem Mãe e o coração da Igreja. Centro destes corações, é o coração de Jesus Cristo Senhor nosso. E o desejo que aqui me traz peregrino, juntamente convosco, é o de encontrar o coração de Cristo – nele há esperança de misericórdia, paz e salvação para todos – com o coração da Mãe e com o coração da Igreja.

Esta é uma graça grande; devemos preparar-nos bem. Porque, no coração, não se entra de ânimo leve nem com ligeireza; não se entra com violência nem com a força; e também não se entra com o engano.

Só um coração «de portas abertas» nos permite o encontro. Pois bem! O coração da Mãe, o coração da Igreja, o coração de Cristo são verdadeiramente «portas abertas»; sempre abertas, em todas as estações da nossa vida. E convidam a entrar, repetindo-nos esta palavra vital que Deus dirige a cada um e cada uma de nós: «se quiseres, podes…»; «se quiseres, vem…».

E como podemos entrar no santuário do coração? Só se entra bem, dizendo: «Obrigado». Meus irmãos e irmãs, aquele desejo de encontro que nos trouxe até aqui é ditado pela gratidão; uma gratidão tanto mais sincera e autêntica quanto mais nos vamos dando conta de que aquelas portas estão abertas por amor: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que n’Ele crê não se perca, mas tenha a vida eterna (...) e o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 16.17).

Quem entra cheio de gratidão nos corações da Mãe, da Igreja, de Cristo, não pode deixar de ficar maravilhado, vendo neles um modo de viver diverso daquele do mundo. Enquanto o mundo vive seguindo a lei do mais forte e se deixa tragicamente encantar pela mentira, aqueles corações vivem a lei da mansidão e da reconciliação, transbordantes de beleza, verdade e paz. O mundo faz da corrupção o segredo duma vida bem-sucedida, ao passo que aqueles corações refulgem com a justiça e a fraternidade que jorram do coração da Santíssima Trindade.

E este seu modo de viver tão diverso relativamente ao mundo enche-nos de maravilha, inflamando-se o nosso desejo de o seguir. Como fazê-lo nosso? Com o mesmo Artista que o tornou possível nos corações da Mãe, da Igreja e de Cristo, ou seja, o Espírito Santo. Ora, como certamente sabeis, irmãos e irmãs bem-amados, as portas do coração da Mãe, do coração da Igreja, do coração de Cristo e, consequentemente, de Deus que sempre estão abertas para nos deixar entrar, permanecem igualmente abertas para nos fazer sair. Se verdadeiramente entrarmos neles com gratidão, se verdadeiramente nos demorarmos a contemplar maravilhados, então sairemos muito diferentes de como tínhamos entrado. Sairemos animados por um compromisso comum: o compromisso de dar a conhecer a todos a existência, o carinho e o projeto que pulsa no coração da Mãe, no coração da Igreja, no coração da Trindade Una e Santa. Como nos recorda o apóstolo Paulo, este compromisso – o serviço sagrado do Evangelho – é o verdadeiro sacrifício de louvor, o sacrifício agradável a Deus.

Queridos irmãos e irmãs, espero que possais, nesta peregrinação, experimentar plenamente tudo isto: gratidão, maravilha, compromisso comum. E peço-vos para rezardes pelo Papa Francisco e por mim, para que também eu possa fazer esta mesma experiência. Ponhamos de lado qualquer temor e caminhemos, juntos, ao encontro do Senhor.

(MJ)

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