20 dezembro, 2014

Padre Cantalamessa: Deus ama-nos, esta é a paz do coração

 

(RV) O “meio mais eficaz” para conservar a paz “é a certeza de ser amados por Deus”. Esta a mensagem principal da última pregação do Advento do Padre Raniero Cantalamessa ao Papa Francisco e à Cúria Romana, reunidos na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. Neste ano, as pregações do Advento foram dedicadas “à paz fruto do espírito”.

O Padre Raniero Cantalamessa nesta sexta-feira dia 19 recordou alguns santos e pensadores que ao longo de dois mil anos de história cristã escalaram o caminho da paz do espírito, no âmbito da tradição espiritual da Igreja.

O Pregador da Casa Pontifícia começou por S. Paulo, dizendo que quando ele  fala dos ‘frutos do espírito’ coloca a paz em “terceiro lugar”, após o amor e a alegria. Em outras palavras, o Padre Cantalamessa explicou que nem todos na Igreja podem ser apóstolos e profetas, mas todos “podem e devem ser caridosos, pacientes, humildes, pacíficos”. Portanto, a paz, fruto do Espírito, indica a condição, o estado de alma e o estilo de vida de quem, “mediante esforço e vigilância, atingiu uma certa pacificação interior”.

Santo Agostinho, por sua vez, é aquele que começou a indicar na Igreja um dos caminhos acessíveis à paz interior, tanto aos contemplativos quanto aos cristãos de vida ativa. E enquanto na terra – escrevia o Santo de Hipona -  “o lugar do nosso repouso é a vontade de Deus, no céu este lugar será  o próprio Deus”:

 “Naquela paz não é necessário que a razão domine os impulsos porque não existirão, mas Deus dominará o homem, a alma espiritual, o corpo e será tão grande a serenidade e a disponibilidade à submissão, quão grande é a delícia de viver e dominar. E então, em todos e em cada um, esta condição será eterna teremos a certeza de que é eterna e por isto a paz de tal felicidade, ou seja, a felicidade de tal paz, será o supremo bem”.

Célebre, por percorrer o caminho da paz, foi também a “doutrina da santa indiferença” de Inácio de Loyola – afirmou o Padre Raniero – onde as preferências pessoais são colocadas de lado, de um modo que, o que dá a paz ao coração, após longo discernimento, é aquilo que está conforme o desejo de Deus. É “a luta da carne contra o espírito”.

Para o frade capuchinho, “o meio mais eficaz para conservar a paz do coração” repousa sobretudo numa certeza, a de “ser amados por Deus”, assim como os anjos afirmam  na noite de Natal: “paz na terra aos homens que Deus ama”.

Santa teresa de Ávila, conclui o Padre Cantalamessa, “ deixou-nos uma espécie de testamento, que é útil repetir cada vez que temos necessidade de reencontrar a paz do coração”:

“Nada te turbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda; a paciência tudo pode; a quem tem Deus nada falta. Só Deus basta”.

(RS)

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