(RV) O
“meio mais eficaz” para conservar a paz “é a certeza de ser amados por
Deus”. Esta a mensagem principal da última pregação do Advento do Padre
Raniero Cantalamessa ao Papa Francisco e à Cúria Romana, reunidos na
Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. Neste ano, as pregações do
Advento foram dedicadas “à paz fruto do espírito”.
O Padre Raniero Cantalamessa nesta sexta-feira dia 19 recordou alguns
santos e pensadores que ao longo de dois mil anos de história cristã
escalaram o caminho da paz do espírito, no âmbito da tradição espiritual
da Igreja.
O Pregador da Casa Pontifícia começou por S. Paulo, dizendo que
quando ele fala dos ‘frutos do espírito’ coloca a paz em “terceiro
lugar”, após o amor e a alegria. Em outras palavras, o Padre
Cantalamessa explicou que nem todos na Igreja podem ser apóstolos e
profetas, mas todos “podem e devem ser caridosos, pacientes, humildes,
pacíficos”. Portanto, a paz, fruto do Espírito, indica a condição, o
estado de alma e o estilo de vida de quem, “mediante esforço e
vigilância, atingiu uma certa pacificação interior”.
Santo Agostinho, por sua vez, é aquele que começou a indicar na
Igreja um dos caminhos acessíveis à paz interior, tanto aos
contemplativos quanto aos cristãos de vida ativa. E enquanto na terra –
escrevia o Santo de Hipona - “o lugar do nosso repouso é a vontade de
Deus, no céu este lugar será o próprio Deus”:
“Naquela paz não é necessário que a razão domine os impulsos porque
não existirão, mas Deus dominará o homem, a alma espiritual, o corpo e
será tão grande a serenidade e a disponibilidade à submissão, quão
grande é a delícia de viver e dominar. E então, em todos e em cada um,
esta condição será eterna teremos a certeza de que é eterna e por isto a
paz de tal felicidade, ou seja, a felicidade de tal paz, será o supremo
bem”.
Célebre, por percorrer o caminho da paz, foi também a “doutrina da
santa indiferença” de Inácio de Loyola – afirmou o Padre Raniero – onde
as preferências pessoais são colocadas de lado, de um modo que, o que dá
a paz ao coração, após longo discernimento, é aquilo que está conforme o
desejo de Deus. É “a luta da carne contra o espírito”.
Para o frade capuchinho, “o meio mais eficaz para conservar a paz do
coração” repousa sobretudo numa certeza, a de “ser amados por Deus”,
assim como os anjos afirmam na noite de Natal: “paz na terra aos homens
que Deus ama”.
Santa teresa de Ávila, conclui o Padre Cantalamessa, “ deixou-nos uma
espécie de testamento, que é útil repetir cada vez que temos
necessidade de reencontrar a paz do coração”:
“Nada te turbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda; a paciência tudo pode; a quem tem Deus nada falta. Só Deus basta”.
(RS)
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