(RV) Era
de festa o ambiente na Basílica de S. Pedro no final da tarde de
sexta-feira dia 12 de dezembro. O Papa Francisco presidiu à celebração
eucarística por ocasião da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe e na sua
homilia deixou uma mensagem clara: a América Latina é o continente da
esperança. Os cantos da Misa Criolla do compositor argentino Ariel
Ramirez animaram a celebração.
Na sua homilia, proferida em espanhol, o Papa Francisco começou por
referir que Nossa Senhora de Guadalupe “converteu-se na grande
missionária que levou o Evangelho à nossa América”. O Santo Padre
afirmou ainda que pela intercessão da Santa Mãe de Deus a fé cristã
passou a ser o mais rico tesouro dos povos americanos, pois Nossa
Senhora não apenas visitou estes povos mas com eles quis permanecer:
“A Santa Mãe de Deus não apenas visitou estes povos, mas quis
permanecer com eles. Deixou impressa misteriosamente a sua imagem
sagrada no “manto” do seu mensageiro para que nos recordássemos sempre,
tornando-se assim símbolo da aliança de Maria com estes povos, a quem
confere alma e ternura.”
“Por sua intercessão, a fé cristã começou a converter-se no mais rico
tesouro da alma dos povos americanos, cuja pérola preciosa é Jesus
Cristo: um património que se transmite e se manifesta até hoje no
batismo de uma multidão de pessoas na fé, na esperança e na caridade de
muitos, na preciosidade da piedade popular e também no ‘ethos’
americano, visível na consciência da dignidade da pessoa humana, na
paixão pela justiça, na solidariedade com os mais pobres e sofredores,
na esperança, por vezes contra toda a esperança.”
O Papa Francisco observou ainda que “nas maravilhas que o Senhor
realizou em Maria, Ela reconhece o estilo e o modo de agir de Seu Filho
na história da salvação. Superando os juízos mundanos, destruindo os
ídolos do poder, da riqueza, do sucesso a todo custo, denunciando a
autossuficiência, a soberba e os messianismos secularizados que afastam
de Deus, o cântico mariano confessa que Deus se compraz em subverter as
ideologias e as hierarquias mundanas.” – afirmou o Papa Francisco.
“Enaltece os humildes, auxilia os pobres e os pequeninos, sacia com
bens, bênçãos e esperanças os que confiam na sua misericórdia de geração
em geração”.
O Santo Padre na sua homilia afirmou as Bem-aventuranças como síntese
primordial da mensagem evangélica que nos faz sentir “impulsionados a
pedir que o futuro da América Latina seja forjado pelos pobres e por
aqueles que sofrem, pelos humildes, por aqueles que têm fome de justiça,
pelos piedosos, pelos puros de coração, por aqueles que trabalham pela
paz, pelos perseguidos por causa do nome de Cristo, porque “deles será o
reino dos Céus”. Uma exortação do Papa Francisco para uma América
Latina que é continente da esperança:
“Fazemos esta exortação porque a América Latina é o “continente da
esperança”, porque para ela esperam-se novos modelos de desenvolvimento
que conjuguem tradição cristã e progresso civil, justiça e igualdade com
reconciliação, desenvolvimento científico e tecnológico com sabedoria
humana. Sofrimento fecundo com alegria esperançosa. É possível tutelar
esta esperança somente com grandes doses de verdade e de amor,
fundamentos de toda a realidade, motores revolucionários de uma
autêntica vida nova.”
O Papa Francisco concluiu a sua homilia confiando na misericórdia de
Nosso Senhor Jesus Cristo único “libertador de todas as nossas
escravidões e misérias derivadas do pecado. Ele chama-nos a viver a
verdadeira vida, uma vida mais humana, uma convivência como Filhos e
irmãos” – afirmou o Santo Padre que implorou à Santíssima Virgem Maria,
na sua vocação guadalupana, “para que continue a acompanhar, ajudar e
proteger os nossos povos. E para que conduza, pela mão, todos os filhos
que peregrinam nessas terras ao encontro de seu Filho, Jesus Cristo,
Nosso Senhor”. (RS)
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