(RV) “Muitas
vezes, a comunicação se submeteu à propaganda, às ideologias, para fins
políticos ou económicos” – disse o Papa destacando a missão “difícil”
dos media católicos neste contexto. E prosseguiu afirmando que “O que
faz bem à comunicação é, em primeiro lugar, a parresia, isto é, a
coragem de falar com franqueza e liberdade.”
Para Francisco, a liberdade deve ser também em relação às modas, aos
lugares-comuns, às fórmulas pré-fabricadas, que acabam por anular a
capacidade de comunicar. “Despertar as palavras: eis a primeira missão
do comunicador”, afirmou, explicando que a comunicação deve evitar
“preencher” e “fechar”.
“Preenche-se quando se tende a saturar a nossa percepção com um
excesso de slogans que, em vez de pôr em ação o pensamento, anulam-no.
Fecha-se quando ao invés de percorrer a via longa da compreensão, se
prefere aquela breve de apresentar indivíduos como se pudessem ser
capazes de resolver todos os problemas ou, ao contrário, como bodes
expiatórios, sobre os quais descarregar toda a responsabilidade.”
Segundo o Papa, recorrer
imediatamente à solução, sem passar pelo esforço de representar a
complexidade da vida real, é um erro frequente que se comete quando se
quer que a comunicação seja mais rápida e menos reflexiva. “Abrir e não
fechar: eis a segunda missão do comunicador.”
Já a terceira e última missão consiste em “falar à pessoa toda”, ou
seja, evitar os pecados dos mídia: a desinformação, a calúnia e a
difamação.
Uma comunicação autêntica não está preocupada em “atingir”, afirmou o
Papa, identificando hoje nos media a alternância entre alarmismo
catastrófico e descompromisso consolatório. “É preciso falar à pessoa
humana na sua integralidade: à sua mente e coração, para que saiba ver
para além do imediato, para além de um presente que corre o risco de não
ter memória do passado e ser temoroso do futuro.”
Essas três missões, concluiu o Pontífice, tornam concreta a cultura
do encontro, hoje tão necessária num contexto cada vez mais plural.
“Isso requer estar dispostos não apenas a dar, como também a receber
dos outros.”
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