(RV) Aos
mais de 80 mil fiéis, entre romanos e peregrinos, reunidos na Praça de
S. Pedro neste dia de Natal o Papa Francisco, na sua mensagem, começou
por reafirmar que o Filho de Deus e Salvador do mundo nasceu em Belém,
da Virgem Maria, e que ele nasceu para nós, dando cumprimento às antigas
profecias, e foram as pessoas humildes (como Maria, S. José, os
pastores, os velhos Simeão e Ana …) que o acolheram:
São as pessoas humildes, cheias de esperança na bondade de Deus, que
acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo iluminou os
pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E mais
tarde o Espírito guiou os anciãos Simeão e Ana, no templo de Jerusalém, e
eles reconheceram em Jesus o Messias.
E foi assim, continuou o Papa, porque Jesus é a salvação para cada
pessoa e para cada povo! E a este propósito o Pontífice dirigiu o seu
pensamento para o povo sofredor do Iraque, Síria e do mundo inteiro:
Ao Salvador do mundo, peço que olhe para os nossos irmãos e irmãs do
Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em
curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e
religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê
esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados,
crianças, adultos e idosos, da Região e do mundo inteiro; mude a
indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos
aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária
necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus
países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à confiança e
dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada
pelo seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão
activamente empenhados no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.
Em seguida o Papa pediu a Jesus, Salvador do mundo, para que olhe
para os que sofrem na Ucrânia e conceda àquela terra a graça de superar
as tensões, vencer o ódio e a violência e embocar um caminho novo de
fraternidade e reconciliação, também rezou pela paz na Nigéria onde
mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente
subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. E o
Papa invocou paz também para as outras partes do continente africano,
particularmente a Líbia, o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e
as várias regiões da República Democrática do Congo, e pediu a quantos
têm responsabilidades políticas que se empenhem, através do diálogo, a
superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura.
Foi igualmente forte o pensamento do Papa para as crianças em
situações difíceis e as vítimas do Ébola, verdadeiras lágrimas (disse o
Papa) neste Natal, juntamente com as lágrimas do Menino Jesus:
Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência, feitas objecto
de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se
soldados, tantas crianças abusadas. Dê conforto às famílias das crianças
que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão. Acompanhe
todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia
de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que
do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando
corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovo um
premente apelo a que sejam garantidas a assistência e as terapias
necessárias.
Jesus Menino. O meu pensamento vai a todas as crianças hoje mortas e
maltratadas, quer aquelas antes de ver a luz, privadas do amor generoso
dos seus pais e sepultadas no egoísmo de uma cultura que não ama a vida,
quer aquelas crianças deslocadas por causa das guerras e das
perseguições, abusadas e exploradas, sob os nossos olhos e o nosso
silêncio cúmplice, e às crianças massacradas sob os bombardeamentos
também lá onde nasceu o Filho de Deus. Ainda hoje, o seu silêncio
impotente grita sob a espada de tantos Herodes, por cima do seu sangue
sobressai hoje a sombra dos Herodes actuais.
E o Papa rezou para que todos nós, iluminados pelo Espírito Santo,
possamos reconhecer no Menino Jesus a salvação oferecida por Deus a cada
um de nós, a todo o ser humano e a todos os povos da terra e, a
concluir, disse:
Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a
tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este
poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos
homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença. Que a sua
força redentora transforme as armas em arados, a destruição em
criatividade, o ódio em amor e ternura. Assim poderemos dizer com
alegria: «Os nossos olhos viram a vossa salvação».
E o Papa desejou bom Natal para todos e deu a sua tradicional bênção “urbi et orbi”. (BS)
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