(RV) Deus salva o seu
povo não de longe, mas fazendo-se próximo e com ternura. Na homilia da
missa celebrada na quinta-feira, dia 11 na Casa de Santa Marta, o Papa
Francisco partiu da leitura do Profeta Isaías, fazendo uma comparação:
“A proximidade é tão grande que Deus se apresenta aqui como uma mãe
que dialoga com a sua criança: uma mãe que quando canta a canção de
ninar ao filho, faz voz de criança e faz-se pequena como ela, fala no
seu mesmo tom a ponto de se passar por ridícula se alguém não entendesse
o que de grande há ali: ‘Nada de medo, Jacó, pobre vermezinho’. Mas
quantas vezes uma mãe diz essas coisas ao filho enquanto o acaricia? É a
ternura de Deus. Está tão perto de nós que se expressa com esta
ternura: a ternura de uma mãe”.
Deus ama-nos gratuitamente – observou o Santo Padre – como uma mãe
ama o seu filho. “Mas nós, tantas vezes, para nos sentirmos seguros,
queremos controlar a graça” e “na história e também na nossa vida temos a
tentação de mercantilizar a graça”, torná-la “como uma mercadoria ou
uma coisa controlável” - afirmou o Papa Francisco:
“E assim esta verdade tão bela da proximidade de Deus escorrega numa
contabilidade espiritual: ‘Não, eu faço isso porque me dará 300 dias de
graça... Eu faço aquilo porque assim acumulo graça’. Mas o que é a
graça? Uma mercadoria? Parece que sim. E na história esta proximidade de
Deus ao seu povo foi traída por esta nossa atitude, egoísta, de querer
controlar a graça, mercantilizá-la”.
O Papa Francisco recordou na sua homilia os grupos que no tempo de
Jesus queriam controlar a graça: os fariseus, escravizados pelas leis
que pesavam “nas costas do povo”. Os saduceus, com os seus compromissos
políticos; os essénios, “bons, muito bons, mas tinham medo, não
arriscavam” e acabavam isolando-se nos seus mosteiros. Os zelotes, para
quem a graça de Deus era a “guerra de libertação”, “outro modo de
mercantilizar a graça”.
O Santo Padre contou mesmo um pequeno episódio que lhe aconteceu
quando uma mulher questionava a validade de uma Missa a que tinha ido
num sábado à noite, para um casamento, que tinha leituras diferentes da
de domingo. E a resposta não se fez esperar: ‘A senhora foi lá, recebeu a
Comunhão, esteve com Jesus. Fique tranquila, o Senhor não é um
comerciante, o Senhor ama, e está-lhe próximo”.
“S. Paulo reage com força contra esta espiritualidade da lei. ‘Eu sou
justo se fizer isso, isso e aquilo. Se não fizer, não sou justo’. Mas
tu és justo porque Deus se aproximou de ti, acariciou-te, porque Deus te
diz coisas bonitas, com ternura: esta é a nossa justiça, esta é a
proximidade de Deus, esta ternura, este amor. Mesmo arriscando parecer
ridículo, o nosso Deus é tão bom! Se nós tivéssemos a coragem de abrir o
nosso coração a esta ternura de Deus, quanta liberdade espiritual
teríamos, quanta! Hoje, se tiverem tempo, em casa, peguem na Bíblia,
Isaías, capítulo 41, versículos de 13 a 20, e leiam. A ternura de Deus,
este Deus que nos canta a cada um de nós uma canção de ninar, como uma
mãe”. (RS)
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