(RV) Nesta
sexta-feira, dia 5 de dezembro tiveram início as pregações pregações de
Advento propostas pelo Padre Raniero Cantalamessa ao Papa Francisco e à
Cúria Romana na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O sacerdote
capuchinho e Pregador da Casa Pontifícia denominou este ciclo de
pregações com o título “Paz na terra aos homens que Deus ama”. Esta
primeira pregação teve como temática a paz como dom de Deus em Jesus
Cristo sendo que as próximas sextas-feiras terão com orientação temática
a paz como tarefa pela qual trabalhar, no dia 12 e a paz como fruto do
Espírito no dia 19 de dezembro.
O Padre Cantalamessa começou por propôr as palavras de S. Paulo na Carta aos Romanos:
“Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de
Jesus Cristo, nosso Senhor, mediante o qual também tivemos, pela fé, o
acesso a esta graça em que estamos firmes; e nos gloriamos na esperança
da glória de Deus” (Rm 5, 1-2).
O Padre Raniero recordando o Armistício da Segunda Guerra Mundial e
fazendo um paralelismo com o tempo do Apóstolo Paulo referiu que “quando
falamos de paz, somos levados a pensar quase sempre numa paz
horizontal: entre os povos, entre as raças, entre as classes sociais,
entre as religiões. A palavra de Deus ensina-nos que a paz primeira e
mais essencial é a vertical, entre o céu e a terra, entre Deus e a
humanidade.”
O Padre Cantalamessa apresentou, assim, Jesus Cristo como Aquele que
traz a paz através da Sua cruz. “A Igreja apostólica nunca se cansa de
proclamar o cumprimento, em Cristo, de todas as promessas de paz feitas
por Deus. Falando do Messias que nasceria em Belém da Judeia, o profeta
Miqueias tinha predito: ‘Ele será a nossa paz!’” – sublinhou o Padre
Raniero.
A paz é, desta forma, um fruto da cruz de Cristo, podemos mesmo dizer
que “não se entende a mudança radical ocorrida no relacionamento com
Deus se não se entende o que aconteceu na morte de Cristo.” – afirmou o
Padre Cantalamessa que continuou dizendo: “Por um lado, havia os homens
que, pecando, tinham contraído com Deus uma dívida e precisavam lutar
contra o demónio que os mantinha escravos: situações, estas, que eles
não podiam resolver, sendo a dívida infinita e eles prisioneiros de
Satanás, de quem tinham de se livrar. Por outro lado, Deus podia expiar o
pecado e vencer Satanás, mas não devia fazê-lo, não era obrigado a
fazê-lo, já que não era Ele o devedor. Tinha de ser alguém que
unificasse em si mesmo o combatente capaz de o vencer: é o caso de
Cristo, Deus e homem.”
Esta paz de Cristo é operante nas nossas vidas mediante a ação do
Espírito Santo – observou o Pregador da Casa Pontifícia que recordou
expressões e atitudes da vida cristã que ainda revelam um certo sentido
de punição. Exemplo disso é o ‘Kyrie eleison’ que clama piedade a Deus,
quando no sentido bíblico esta piedade debe ser vista talvez desta
forma: “Senhor, cobri-nos com a vossa ternura!” – afirmou o Padre
Raniero.
No final da sua pregação o Padre Cantalamessa referiu ainda que na
relação entre o homem e Deus com a vinda de Jesus “o filho tomou o lugar
do escravo; o amor, o lugar do medo. É assim que se chega
verdadeiramente à reconciliação com Deus” – concluiu o Padre Raniero
Cantalamessa. (RS)
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