Sínodo para a Amazónia
Na manhã desta
quarta-feira (09/10) durante os trabalhos da 5ª Congregação Geral do
Sínodo, a saúde integral da Amazónia foi uma das preocupações expostas
pelos Padres Sinodais
Cidade do Vaticano
A saúde integral da Amazónia, foi uma das preocupações expostas na
congregação da manhã desta quarta-feira (9 de outubro) pelos Padre
Sinodais. O modelo de desenvolvimento que devora a natureza, os
incêndios que estão destruindo a região, a corrupção, a desflorestação e
as plantações ilegais ameaçam tanto a saúde das pessoas quanto a do
território e de todo o planeta.
Tutelar as populações em isolamento voluntário
Foram focalizadas as populações indígenas que vivem em isolamento
voluntário, particularmente vulneráveis ao genocídio. Para manter alta a
atenção sobre esta temática sente-se a exigência de instituir um
observatório eclesial internacional para a tutela dos direitos humanos e
das necessidades destas comunidades.
Mais diálogo: Igreja ao lado das populações locais
Foi citada a lentidão registrada algumas vezes, por parte da
Igreja em satisfazer as exigências da população. De facto, algumas vezes a
Igreja está longe dos povos locais e este vazio é preenchido pela
proposta das igrejas neopentecostais. Continua urgente e irrenunciável o
diálogo ecuménico e inter-religioso: respeitoso e fecundo, dimensão
fundamental para a Igreja em saída na região pan-amazónica,
caracterizada por um contexto multicultural. A interculturalidade é mais
do que um desafio. Não a uma imposição da própria cultura vinda de
cima. Sim ao acolhimento do outro e a uma saudável descentralização no ponto
de vista sinodal. A Igreja, sem esconder as dificuldades, seja
missionária, tenha um rosto indígena e favoreça uma lógica segundo a
qual a periferia seja o centro e o centro seja periferia num rico
movimento de mútua transformação.
Ministérios respondam à necessidade dos povos amazónicos
Numa perspetiva sinodal coloca-se também o apelo de um maior
envolvimento dos leigos com a criação de novos ministérios que respondam
às necessidades dos povos amazónicos: a Igreja deve ser criativa em
propor uma ministerialidade multiforme entre os índios e os povos da
floresta. Desde o Concílio Vaticano II foram pedidos maiores reforços a
favor de uma inculturação da liturgia, com celebrações respeitosas tanto
das tradições e línguas dos povos locais, quando da mensagem integral
do Evangelho. Precisa-se de um cuidadoso discernimento por parte dos
bispos para que não seja excluída à priori nenhuma solução, nem mesmo a
da ordenação dos homens casados. Também foi apresentado o pedido de
muitos seminaristas para uma formação afetiva centralizada na cura das
feridas consequentes da revolução sexual: são muitos os que hoje desejam
redescobrir e conhecer o valor do celibato e da castidade. A Igreja não
deve silenciar sobre este assunto, mas oferecer o seu tesouro: a
doutrina que transforma os corações.
Um ministério laical feminino
Ao mesmo tempo é preciso contrastar a generalizada violência contra
as mulheres. Foi lançada a ideia de instituir um ministério laical
feminino para a evangelização. É preciso promover uma participação mais
ativa da mulher na vida da Igreja numa perspectiva samaritana.
Unidade na diversidade
Deve ser procurada a unidade na diversidade segundo a imagem do
poliedro muitas vezes sugerida pelo Papa. Pede-se para passar, à escola
de Jesus, de uma pastoral da visita a uma pastoral da presença e da
escuta, proclamando a ternura divina e promovendo o cuidado da Casa
Comum não apenas entre amigos, mas também entre os que estão longe e
pensam de outro modo. Sobre Jesus devem ser enraizados os valores da
fraternidade universal, da ecologia integral e dos estilos de vida
inspirados no “bom viver” como resposta às muitas propostas egoístas dos
nossos tempos.
Diante da tragédia climática denunciada em todo o planeta, o Sínodo é
um momento de graça e uma grande oportunidade para a Igreja para que
promova uma conversão ecológica e a educação integral.
Migrações e pastoral urbana
Também foi colocada à atenção dos Padres Sinodais a questão das
migrações cujas principais causas são sociopolíticas, climáticas,
económicas ou de perseguições étnicas: elas requerem uma abordagem
pastoral específica. A importação de um modelo ocidental extrativista
atinge as famílias e obriga os jovens a migrarem para as cidades. A
Igreja deve ser promotora de uma pastoral urbana.
A teologia indígena e as tradições locais
No debate foi enfrentado o valor da teologia indígena, com referência
ao apelo do Papa em formar uma Igreja com o rosto indígena, com
condições de rever os elementos essenciais do universo católico em chave
indígena. Sublinhando também os valores da medicina tradicional, válida
alternativa à medicina ocidental. Proposta a criação de maiores
reservas naturais para custodiar tanto a biodiversidade quanto à
pluralidade das culturas amazónicas.
Na congregação desta manhã (09/10), aberta como sempre com a oração
da Hora Média, fez-se enfim uma oração especial pela difícil situação no
Equador.
VN
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