25 outubro, 2019

Sínodo: na colmferência de imprensa, o papel das "mães sinodais"


Irmã Inês Azucena Zambrano Jara, equatoriana que trabalha na Colômbia,
na conferência de Impresnsa da Santa Sé

A intervenção da religiosa equatoriana, Irmã Zambrano Jara, foi muito aplaudida. A religiosa que trabalha na Colômbia contou, ter presenciado o Papa Francisco fazer-se abençoar por dois indígenas. O bispo de Prelazia de Marajó - PA, dom Spengler, explicou que o pedido do diaconato feminino é bastante forte. Esta sexta-feira, a eleição do Conselho pós-sinodal e a leitura do documento final.

Alessandro Di Bussolo / Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano 

Voltam a reunir-se na Sala do Sínodo, na tarde desta sexta-feira (25/10), os 184 padres sinodais, os 55 auditores, os 25 especialistas e os 12 convidados especiais, protagonistas com o Papa Francisco do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazónica.

Foi o que comunicou aos jornalistas, na conferência diária na Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta sexta-feira (25/10), o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, explicando que na 15ª Congregação os padres sinodais elegeram, entre os bispos e os cardeais presentes, treze membros do Conselho pós-sinodal: 4 do Brasil, 2 da Bolívia, 2 da Colômbia, 2 de Peru, 1 das Antilhas, 1 do Equador e 1 da Venezuela.

O Conselho será depois completado por alguns membros de nomeação pontifícia, mas não serão a maioria. A Congregação prossegue com a leitura do documento final que será votado no sábado à tarde. Está redigido em espanhol como língua oficial, mas com traduções em português, francês, inglês e italiano. 

Irmã Inés: valorizar a mulher indígena e camponesa

A primeira intervenção foi da irmã Inés Azucena Zambrano Jara, das Irmãs Missionárias de Maria Imaculada e de Santa Catarina de Sena, equatoriana que trabalha na Colômbia. “A nossa Congregação – explicou a religiosa – vive há 105 anos ao lado dos indígenas. Queremos valorizar a mulher indígena e camponesa. O nosso carisma é o acompanhamento, a presença ao lado dos indígenas, para valorizar o seu protagonismo, que cresceu nestes anos, em defesa da dignidade e dos seus direitos.”

Na sua aplaudida intervenção inicial, a Irmã Inés ressaltou que o Sínodo está a concluir-se “foi uma escuta atenta de Deus, da voz da Amazónia, dos povos e da dor da Mãe Terra”. Uma escuta ativa num ambiente de testemunho, como o testemunho dado pelo Papa Francisco que, contou a religiosa, “vi baixar a sua cabeça para permitir a dois indígenas abençoá-lo: foi um grande testemunho de evangelização”, ressaltou. 

Igreja com rosto amazónico, sacerdotes e liturgia indígenas

Nós mulheres, prosseguiu a Irmã Inés, que nos autodefinimos “mães sinodais”, “vivemos este Sínodo com paixão, porque aquilo que os povos indígenas estão a viver é uma grande dor”. A esperança é “construir uma Igreja com rosto amazónico, como já em 1984 pedia São João Paulo II, quando dizia que é preciso uma Igreja indígena com sacerdotes próprios e uma liturgia própria. Para realizá-lo devemos aprofundar e viver a teologia indígena, a sua cosmologia, e isto funda-se na aprendizagem das suas línguas”, continuou.“Enquanto isto, devemos continuar a trabalhar pelos direitos dos povos indígenas, junto com as organizações indígenas. E trabalhamos por uma vida consagrada inculturada, itinerante, que vive com os povos indígenas”, concluiu a religiosa. 

Dom Spengler: 40% pede o diaconato feminino

Entre as propostas que serão apresentadas ao Papa Francisco no documento, poderá encontrar-se a do diaconato feminino, explicou por sua vez o bispo da Prelazia de Marajó – PA, na foz do Rio Amazonas, dom Evaristo Pascoal Spengler, O.F.M.

Relator do círculo menor português “B”, dom Spengler explicou aos jornalistas que “40% da assembleia sinodal pediu a instituição de um ministério ordenado para as mulheres no seio da Igreja”.

Na história da Igreja, recordou o prelado, “há profetas, mas também profetisas, que conduziram o povo de Deus. E naturalmente a figura mais importante é Maria. São Paulo, nas suas cartas, fala das diaconisas, e depois há também as Santas: do Séc. XII até hoje temos mais Santas que Santos”.

Na Amazónia, “cerca de 60% das comunidades são guiadas por mulheres. Com a modificação do código canónico querida por Bento XVI, o ministério diaconal para a liturgia, a palavra e a caridade foi separado da figura de Cristo, e isto permite abrir um caminho para se chegar ao diaconato feminino”, concluiu o bispo de Marajó. 

Um futuro rito amazónico pode prever os “viri probati”

Um jornalista perguntou se a instituição de um rito amazónico, como proposto mais vezes durante o Sínodo, poderia permitir chegar-se rapidamente à ordenação sacerdotal de homens casados, os chamados “viri probati”.

O secretário da Comissão para a Informação do Sínodo, Pe. Giacomo Costa, respondeu que sim, “uma vez que se verifica também noutros ritos, mas trata-se apenas de ilações”, porque ainda não conhecemos o documento do Sínodo e muito menos o que o Papa Francisco escreverá.

Ruffini acrescentou que, em todo caso, será impossível definir um novo rito da Igreja num parágrafo de um documento, e que eventualmente será proposto somente “um passo rumo” a esse novo rito.

VN

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