A quarta
congregação presidida pelo Papa Francisco iniciou-se com a oração de toda a
assembleia pelo cardeal Serafim Fernandes de Araújo, que morreu hoje em
Belo Horizonte.
Vatican News – Cidade do Vaticano
A violação sistemática dos direitos dos povos originários da Amazónia
e a vida em risco de toda a região, ferida no seu habitat, estiveram no
centro da reflexão da quarta congregação do Sínodo dos bispos.
Não à indiferença, sim à responsabilidade
Foi feito um forte apelo para que a Igreja, com a sua voz de peso em
âmbito moral e espiritual, tutele sempre a vida, denunciando as muitas
estruturas de morte que a ameaçam. Não ao individualismo ou à
indiferença que nos faz olhar a realidade como expectadores, como numa
tela. Sim a uma conversão ecológica centralizada na responsabilidade e
numa ecologia integral que coloque no centro, antes de tudo, a dignidade
humana, muitas vezes vezes espezinhada.
Que a comunidade internacional enfrente as violações dos direitos humanos
A situação inaceitável da degradação ambiental na região
pan-amazónica – assim foi denunciado – deve ser enfrentada de modo sério
por toda a comunidade internacional, muitas vezes indiferente diante do
derramamento de sangue inocente. As populações nativas, guardiãs das
reservas naturais, evangelizadas com a cruz de Cristo, devem ser
consideradas como aliadas na luta contra as mudanças climáticas numa
ótica sinodal, isto é, de caminhar “juntos”, em amizade.
No pronunciamento de um delegado fraterno a respeito, foi destacada a
necessidade de unir as forças e colocarem-se em diálogo, porque a amizade
– disse – “respeita, protege e cuida”. Vários foram os convites à
Igreja para se tornar aliada dos movimentos sociais de base, a
colocar-se em escuta humilde e acolhedora em relação a uma cosmovisão
amazónica, a compreender o significado dado pelas culturas locais a
símbolos rituais, diferente em relação à tradição ocidental.
Maior consciencialização dos “pecados ecológicos”
Foi ressaltado um desenvolvimento sustentável que seja socialmente
justo e inclusivo e leve em consideração conhecimentos científicos e
tradicionais, porque o futuro da Amazónia, realidade viva e não de
museu, está nas nossas mãos. Além disso, foi auspiciada uma conversão
ecológica que faça perceber a gravidade do pecado contra o meio ambiente
como um pecado contra Deus, contra o próximo e as futuras gerações.
Daqui, a proposta de aprofundar e divulgar uma carta teológica que
inclua, além dos pecados tradicionalmente conhecidos, os “pecados
ecológicos”.
Promover o diaconato indígena permanente
O apelo a unir as forças na formação dos missionários amazónicos,
leigos e consagrados, enriqueceu a reflexão sobre os ministérios. É
necessário envolver mais os povos indígenas no apostolado, começando
pela promoção do diaconato indígena permanente e pela valorização do
ministério laical, compreendidos como autêntica manifestação do Espírito
Santo. Também foi invocado um maior envolvimento da presença feminina
na Igreja.
Reflexão sobre a vocação sacerdotal
O tema dos critérios de admissão ao ministério ordenado fez parte de
alguns pronunciamentos. Há quem exortou à oração pela vocações, pedindo a
transformação da Amazónia num grande santuário espiritual, do qual
elevar a oração ao “Dono da messe” para que envie novos operários do
Evangelho. A insuficiência numérica dos presbíteros – destacou-se – é um
problema não somente amazónico, mas comum a todo o mundo católico. Eis
então o apelo a um sério exame de consciência sobre como hoje se vive a
vocação sacerdotal. A falta de santidade, de facto, é um obstáculo ao
testemunho evangélico: nem sempre os pastores levam consigo o perfume de
Cristo e acabam por afastar as ovelhas que são chamados a guiar.
O perfume da santidade e os jovens
Foi evidenciado ainda o exemplo luminoso dos mártires da Amazónia,
como o dos dois servos de Deus assassinados no Mato Grosso: o padre
salesiano Rudolf Lunkenbein e o leigo Simão Cristino Koge Kudugodu.
Conversão ecológica é de facto, in primis, conversão à santidade. Esta
tem um enorme poder de atração sobre os jovens, para os quais se pede
uma renovada pastoral, mais dinâmica e mais atenta. Pediu-se que sejam
evidenciados, inclusive através da mídia, os muitos testemunhos de bons
sacerdotes e não somente os escândalos existentes que, infelizmente,
ocupam muitas páginas dos jornais. Além disso, se chagas como violência,
prostituição, desemprego e vazio existencial ameaçam as novas gerações,
deve ser reiterado que não faltam exemplos positivos de inúmeros jovens
católicos.
A recordação do cardeal Serafim Fernandes de Araújo
A atenção esteve voltada também para o tema da migração, que na
Amazónia tem inúmeras facetas, mas que requer sempre uma ação pastoral
coordenada, fundada no acolhimento, na proteção, promoção e integração. A
quarta congregação presidida pelo Papa, abriu com a oração de toda a
assembleia pelo cardeal Serafim Fernandes de Araújo, que morreu hoje em
Belo Horizonte.
VN
Sem comentários:
Enviar um comentário