26 outubro, 2019

Sínodo, conferência de imprensa: A Amazónia está no coração da Igreja


Conferência de imprensa

O Documento final do Sínodo sobre a Amazónia foi apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé. Participaram na apresentação o cardeal Michael Czerny, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, dom David Martínez de Aguirre Guinea, Vigário Apostólico de Puerto Maldonado (Peru), Paolo Ruffini, Prefeito do Dicastério para s Comunicação e o padre Giacomo Costa, secretário da Comissão de Informação.
Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano 

A Amazónia está no coração da Igreja. É preciso saber o que está a ocorrer nesta região, atingida por ataques contra a natureza, contra os seus povos. Esta é a mensagem que o Sínodo quer transmitir aos povos da região da pan-amazónica. Foi o que afirmou Dom David Martínez de Aguirre Guinea, Vigário Apostólico de Puerto Maldonado (Peru), respondendo às perguntas dos jornalistas. "Quando eu voltar à Amazónia - disse ele - direi que estamos no coração do Papa, da Igreja. Temos boas razões para continuar a sonhar, a ter esperança. Temos esperança em Jesus para continuar neste caminho. O Sínodo foi um caminho de discernimento: "Ouvimos - disse o Vigário Apostólico de Puerto Maldonado - o grito de dor da terra e dos pobres. "Nenhum católico pode viver a sua fé sem considerar o grito da terra: é preciso ter consciência de que agredir a terra é um pecado ecológico”.

Este grito de asfixia foi ouvido: no Sínodo "o rosto das comunidades dos povos indígenas foi percebido". Povos que vemos asfixiados por interesses económicos". É emblemática – observou Dom David Martínez de Aguirre Guinea - a frase pronunciada por um dos nativos, membro de um povo indígena: "Infelizmente, a extração de ouro está mais próxima das nossas comunidades do que as palavras de Deus”. "Queremos - ressaltou - que os povos indígenas assumam cada vez mais um papel de protagonistas na sua história de evangelização. O documento está repleto de testemunhos, de apelos a serem aliados dos povos indígenas.  Aqui em Roma veio a Amazónia". Na Amazónia, recordou o prelado, há processos já abertos: "Há diáconos permanentes em Puerto Maldonado. Há lugares onde estes processos já estão a acontercer. O Sínodo é um empurrão para avançar. É um convite para continuar a encorajar todos aqueles que querem iniciar novos processos”. 

Conversões e Tradição

"Sem conversão não há caminhos, não há mudança real." O cardeal Michael Czerny, subsecretário da Seção de Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, destacou isto, acrescentando que o planeta não pode mais esperar: "com a Amazónia a queimar, muitas pessoas estão a perceber que as coisas devem mudar". A primeira mudança, a mais importante, é pastoral. "Devemos fazer melhor - disse o cardeal - para levar o Evangelho a todos. As pessoas querem ouvir palavras de esperança, querem ouvir o Evangelho. Outra conversão é cultural. "O que realmente significa neste contexto - explicou o Cardeal Michael Czerny - é respeitar o outro tal como ele é no mundo. As diferenças devem ser acolhidas”. A terceira conversão é ecológica. “Este é um esforço muito importante”, afirmou o purpurado. “A crise ecológica é tão profunda que se não mudarmos, não conseguiremos”. Em algumas regiões do mundo, como na Amazónia, por interesses económicos toma-se “tudo aquilo que tem valor”. E  acaba-se por destruir “não somente a Amazónia, mas todo o planeta”. “Não vamos deixar que as riquezas da Amazónia se transformem numa maldição”. A conversão é sinodal. “É um modo de proceder – explicou o cardeal Michael Czerny – para traduzir a nossa escuta, a nossa oração” num caminho. Para proceder, como recordou o Papa, deve-se voltar à tradição, “que não é um objeto de museu, um armazém para as cinzas”. “A Tradição – disse – é um recurso para o futuro. É aquilo que nós devemos oferecer para ir em frente. Temos um recurso a preservar: a nossa fé, a Palavra de Deus”. 

Sínodo em caminho

O documento é fruto de um caminho que se insere num percurso que continua, disse o padre Giacomo Costa, secretário da Comissão para a informação, acrescentando que no centro da atenção está o diagnóstico do que está a acontecer na Amazónia”. “Deve-se transmitir a alegria do caminhar juntos em todas as igrejas da Amazónia, mas também com outras pessoas de boa vontade que querem cuidar da casa comum”. Os especialistas – disse o padre Costa – também traduziram “as nossas preocupações em esperanças”. “Existem soluções razoáveis. Mas é necessária uma autêntica conversão. “São possíveis soluções para a Amazónia – destacou – só e somente se as árvores não forem cortadas e as águas continuarem a escorrer. Se nós insistirmos em escavar o terreno e cortar as árvores, não haverá futuro”. Respondendo às perguntas dos jornalistas, os relatores por fim, recordaram, que as propostas contidas no documento sobre vários temas não são vinculativas, mas são confiadas ao discernimento do Papa. O Pontífice, concluiu Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, espera publicar, até ao final do ano, a Exortação pós-sinodal.

VN

Sem comentários:

Enviar um comentário