Papa Francisco na Missa da Capela de Santa Marta
(Vatican Media)
Na Missa da manhã desta quinta-feira (31) o Papa convida a entender a ternura do amor de Deus em Jesus por cada um de nós: somente assim podemos compreender realmente o amor de Cristo.
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano
Que o Espírito Santo nos faça compreender "o amor de Cristo por nós" e prepare os nossos corações para "nos deixarmos amar" pelo Senhor. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã desta quinta-feira, na Casa Santa Marta, detendo-se na primeira leitura de hoje, tirada da Carta de São Paulo aos Romanos. Na sua homilia, o Pontífice explica como o Apóstolo dos gentios poderia até parecer "um pouco orgulhoso", "demasiado confiante" ao afirmar que nem "a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada" conseguirão separar-nos "do amor de Cristo"
O amor de uma mãe
No entanto, o Papa afirma, lendo São Paulo, "somos mais do que
vencedores" com o amor do Senhor. São Paulo foi um deles porque, explica
Francisco, desde o momento em que "o Senhor o chamou na estrada de
Damasco, começou a compreender o mistério de Cristo": "tinha-se
apaixonado por Cristo", tomado - observa o Papa - de "um amor forte",
"grande", não uma "trama" de "telenovela". Um amor "sincero", ao ponto de
"sentir que o Senhor acompanhava-o sempre, em coisas belas e feias".
“Ele sentia isto com amor. E eu questiono-me: amo o Senhor
assim? Quando chegam os maus momentos, quantas vezes sinto o desejo
de dizer: "O Senhor abandonou-me, já não me ama mais" e gostaria de
deixar o Senhor. Mas Paulo estava certo de que o Senhor nunca abandona.
Compreendera o amor de Cristo na sua própria vida. Este é o caminho que
Paulo nos mostra: o caminho do amor, sempre, no bom e no mau, sempre e seguindo em frente. Esta é a grandeza de Paulo”.
Dar a vida pelo outro
O amor de Cristo, acrescenta o Pontífice, “não se pode descrever”, é algo muito grande.
Foi Ele quem foi enviado pelo Pai para nos salvar e o fez com
amor, deu a vida por mim: não há amor maior do que dar a vida por outra
pessoa. Pensemos numa mãe, o amor de uma mãe, por exemplo, que dá a
vida pelo filho, acompanha-o sempre, a vida toda, nos momentos difíceis,
mas ainda é pouco… É um amor próximo de nós, o amor de Jesus não é um
amor abstrato, é um amor eu-tu, eu-tu, cada um de nós, com nome e
sobrenome.
O pranto de cada um de nós
No Evangelho de Lucas, o Papa nota “algo do amor concreto de Jesus”.
Falando de Jerusalém, Jesus recordou quando tentou recolher ps seus filhos
“como a galinha com os seus pintainhos debaixo das asas”, e lhe foi
impedido. Então “chorou”.
O amor de Cristo leva-o ao pranto, ao pranto por cada um de nós.
Que ternura há nesta expressão. Jesus podia condenar Jerusalém, dizer
coisas negativas… E lamenta-se porque não se deixa amar como os
pintainhos da galinha. A ternura do amor de Deus em Jesus. E Paulo tinha
entendido isto. Se não formos capaes de sentir, de entender a ternura do
amor de Deus em Jesus por cada um de nós, jamais poderemos entender o
que é o amor de Cristo. É um amor assim, espera sempre, paciente, o amor
que joga a última carta com Judas: “Amigo”, livra-o, até ao fim. Também
com os nossos grandes pecadores, até ao fim Ele ama com esta ternura. Não
sei se pensamos em Jesus tão terno, em Jesus que chora, como chorou
diante do túmulo de Lázaro, como chorou aqui, olhando Jerusalém.
Um amor que se faz lágrima
Portanto Francisco exorta a questionar-mo-nos se Jesus chora por nós, ele
que nos deu “tantas coisas” enquanto nós muitas vezes decidimos “tomar
outro caminho”. O amor de Deus “faz-se lágrima, faz-se pranto, pranto de
ternura em Jesus”, reitera. Por isso, conclui o Pontífice, São Paulo
“tinha-se apaixonado por Cristo e nada podia separá-lo d’Ele”.
VN
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